Associação do tempo de residência dos imigrantes em Portugal com o excesso de peso e a ingestão alimentar
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/19002 |
Resumo: | A migração é um fenómeno do mundo globalizado, que coloca em evidência os fenómenos de aculturação alimentar e transição nutricional. Ambos constituem possíveis explicações para o aumento da prevalência do excesso de peso entre os imigrantes, com o tempo de residência no país de acolhimento. O objetivo deste estudo foi avaliar se existe associação entre o tempo de residência dos imigrantes em Portugal e o excesso de peso e a ingestão de alimentos como fruta, hortícolas, doces, sumos ou refrigerantes. Os dados do presente estudo foram obtidos do 4º Inquérito Nacional de Saúde (2005-2006), utilizando os respetivos ponderadores. A associação entre a variável categórica independente (tempo de residência) e as variáveis de interesse, binárias (excesso de peso, ingestão de fruta, de hortícolas e de doces, sumos ou refrigerantes) foi estimada através de um modelo de regressão logística binária. Os resultados foram apresentados sob a forma de OR para um nível de significância de 5%. A população estimada de imigrantes adultos (≥ 20 anos) a viver em Portugal foi de 532 523. A prevalência de excesso de peso foi de 50,9%, dos quais cerca de 40% eram mulheres e 60% homens. Quando comparados com os recém-chegados (<1ano), os imigrantes a residir em Portugal há 15 ou mais anos foram os que apresentaram maior probabilidade de ter excesso de peso (OR=1,8), de ingerir fruta (OR=2,7) e hortícolas (OR=4,0). O aumento do risco de ingestão de alimentos ou bebidas açucaradas com o passar dos anos em Portugal foi verificado apenas para os imigrantes a residir no país há 10-14 anos (OR=1,3), enquanto para os que estão em Portugal há 5-9 anos parece existir menor probabilidade de ingerir este tipo de alimentos (OR=0,6). Todos estes resultados foram estatisticamente significativos. Os resultados do presente estudo confirmam a associação entre tempo de residência e excesso ponderal e ingestão de fruta e hortícolas, após ajustamento para idade, sexo, região de origem e escolaridade. A estimativa de que metade dos imigrantes em Portugal apresenta excesso de peso representa um sério risco para a saúde pública. A investigação dos determinantes do excesso de peso destas populações deve ser uma prioridade das políticas de saúde. No futuro, estudos longitudinais serão necessários para identificar fatores causais de excesso de peso/obesidade. Isso implica a recolha de dados na fase pré-migração, no momento da migração e ao longo do tempo, no país de acolhimento. Essencial será também a comparação dos resultados com os homólogos que ficaram no país de origem e com a população autóctone. Estas medidas exigem uma abordagem mais ampla e uma maior cooperação entre os países. |
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Associação do tempo de residência dos imigrantes em Portugal com o excesso de peso e a ingestão alimentarSaúde públicaObesidadeImigranteTempo de residênciaPortugalAlimentaçãoAculturaçãoDomínio/Área Científica::Ciências MédicasA migração é um fenómeno do mundo globalizado, que coloca em evidência os fenómenos de aculturação alimentar e transição nutricional. Ambos constituem possíveis explicações para o aumento da prevalência do excesso de peso entre os imigrantes, com o tempo de residência no país de acolhimento. O objetivo deste estudo foi avaliar se existe associação entre o tempo de residência dos imigrantes em Portugal e o excesso de peso e a ingestão de alimentos como fruta, hortícolas, doces, sumos ou refrigerantes. Os dados do presente estudo foram obtidos do 4º Inquérito Nacional de Saúde (2005-2006), utilizando os respetivos ponderadores. A associação entre a variável categórica independente (tempo de residência) e as variáveis de interesse, binárias (excesso de peso, ingestão de fruta, de hortícolas e de doces, sumos ou refrigerantes) foi estimada através de um modelo de regressão logística binária. Os resultados foram apresentados sob a forma de OR para um nível de significância de 5%. A população estimada de imigrantes adultos (≥ 20 anos) a viver em Portugal foi de 532 523. A prevalência de excesso de peso foi de 50,9%, dos quais cerca de 40% eram mulheres e 60% homens. Quando comparados com os recém-chegados (<1ano), os imigrantes a residir em Portugal há 15 ou mais anos foram os que apresentaram maior probabilidade de ter excesso de peso (OR=1,8), de ingerir fruta (OR=2,7) e hortícolas (OR=4,0). O aumento do risco de ingestão de alimentos ou bebidas açucaradas com o passar dos anos em Portugal foi verificado apenas para os imigrantes a residir no país há 10-14 anos (OR=1,3), enquanto para os que estão em Portugal há 5-9 anos parece existir menor probabilidade de ingerir este tipo de alimentos (OR=0,6). Todos estes resultados foram estatisticamente significativos. Os resultados do presente estudo confirmam a associação entre tempo de residência e excesso ponderal e ingestão de fruta e hortícolas, após ajustamento para idade, sexo, região de origem e escolaridade. A estimativa de que metade dos imigrantes em Portugal apresenta excesso de peso representa um sério risco para a saúde pública. A investigação dos determinantes do excesso de peso destas populações deve ser uma prioridade das políticas de saúde. No futuro, estudos longitudinais serão necessários para identificar fatores causais de excesso de peso/obesidade. Isso implica a recolha de dados na fase pré-migração, no momento da migração e ao longo do tempo, no país de acolhimento. Essencial será também a comparação dos resultados com os homólogos que ficaram no país de origem e com a população autóctone. Estas medidas exigem uma abordagem mais ampla e uma maior cooperação entre os países.Migration is a phenomenon of the globalized world, that highlights the phenomenon of dietary acculturation and nutritional transition. Both are possible explanations for the increased prevalence of overweight among immigrants, with length of residence in the host country. The objective of this study was to determine whether there is an association between length of residence of immigrants in Portugal and excess weight and food intake as fruit, vegetables, sweets, juices or sodas. The data from this study were obtained from the 4th National Health Survey (2005-2006) using the respective weights. The association between the independent categorical variable (length of residence) and the binary variables of interest, (overweight, fruit, vegetables and sweets / juice / sodas consumption), was estimated through a binary logistic regression model. The results were presented in the form of OR for a significance level of 5%. The estimated population of adult immigrants (≥ 20 years) living in Portugal was 532 523. The prevalence of overweight was 50.9%, of which about 40% were women and 60% men. When compared with the recent immigrants (<1yr), the ones living in Portugal for 15 or more years were those who were more likely to be overweight (OR = 1.8), to eat fruit (OR = 2.7) and vegetables (OR = 4.0). The increased risk of eating sweets or sugar-sweetened drinks over the years in Portugal was found only for immigrants to live in the country for 10-14 years (OR = 1.3), while for those in Portugal for about 5 -9 years there seems to be less likely to consume such foods (OR = 0.6). All these results were statistically significant. The results of this study confirm the association between length of residence and overweight, fruit and vegetable intake, after adjustment for age, sex, region of origin and education. The estimate that half of immigrants in Portugal are overweight is a serious risk to public health. The investigation of the determinants of overweight for these populations should be a priority of health policies. In the future, longitudinal studies are needed to identify causal factors of overweight/ obesity. This involves collecting data on pre-migration phase, at the time of migration and over time, in the host country. It will also be essential make comparisons with the counterparts who stayed in the country of origin and with the indigenous population. These measures require a broader approach and a greater cooperation between the countries.Instituto de Higiene e Medicina TropicalMARTINS, Maria do Rosário OliveiraDIAS, SóniaRUNCOSTA, Liliane Peralta da2016-09-08T11:16:32Z201520152015-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/19002TID:201129337porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T03:58:52Zoai:run.unl.pt:10362/19002Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:25:11.741699Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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