O insucesso escolar em matemática no 3º ciclo do ensino básico: factores concorrenciais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ruivo, Idílio Machado
Data de Publicação: 1999
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/13432
Resumo: Introdução - O problema do Insucesso Escolar em geral e na disciplina de Matemática em particular, tem constituído uma preocupação constante para educadores e investigadores no campo das Ciências da Educação, o que se verifica desde há longos anos. Muitos destes investigadores, fundamentalmente ligados às instituições onde se estudam e experimentam as diversas Ciências da Educação, dedicam sobretudo nas últimas décadas uma grande parte da sua actividade em pesquisas relacionadas com este problema. Todos eles trabalham na tentativa de encontrar algumas das causas fundamentais do "insucesso escolar na disciplina de Matemática". E assim vão, ao mesmo tempo, procurando criar estratégias que desenvolvam nos nossos alunos diversas capacidades de raciocínio matemático. E por comungarmos desta mesma preocupação, relativamente ao (in)sucesso escolar, que vamos constituir a base do nosso trabalho, analisando a área do desenvolvimento de capacidades cognitivas, especialmente para desenvolver a capacidade de raciocinar e melhorar as capacidades de resolver problemas, que envolvam raciocínios de natureza matemática, vamos tentar deste modo reduzir o mais possível os níveis de insucesso escolar nesta disciplina. Não deixamos de reconhecer, que o insucesso escolar é um fenómeno complexo, por detrás do qual se esconde um enorme conjunto de condições e situações, que contribuem de diversas formas para um maior crescimento do insucesso social. Mas "o insucesso social é uma realidade dos nossos dias", de tal modo que é vulgar ouvirmos dizer, até mesmo entre as pessoas menos letradas, que para se ter "sucesso na vida., é preciso ter-se sucesso na Escola". Esta afirmação é o fruto do conhecimento empírico, de que o "Insucesso Escolar reproduz Insucesso Social". Também sobre este assunto, P.Bourdieu e J.C.Passeron em "A Reprodução", pág.31, nos falam de como as diferentes acções pedagógicas que se exercem numa formação escolar, podem colaborar harmoniosamente na "reprodução dum capital cultural concebido como uma propriedade indivisa de toda a sociedade", e tendem sempre a "reproduzir a estrutura do capital cultural entre grupos ou classes, contribuindo ao mesmo tempo para a reprodução da estrutura social". Numa breve referência histórica podemos constatar, que ao longo dos séculos a História não nos fala de insucesso escolar em geral ou de insucesso matemático em particular, relativamente ao binómio escola/educação muito em moda nos nossos dias. E a razão é bem evidente. A instituição Escola, como se pode observar ao longo dos tempos, apenas servia uma minoria elitista, dai que nunca poderia apontar insucesso nas classes que detinham os monopólios do conhecimento. Quanto às classes dominadas, que durante muito tempo foram escravizadas, sem terem acesso ao mundo da cultura, se sucessos não apresentavam, insucesso também não lhes era atribuído. Isto é, as classes populares não eram quantificadas nos balanços culturais. Dai, que o termo insucesso, que hoje tanto nos preocupa não constava no seu imaginário, nem fazia parte das preocupações das classes dominantes. Tem-se conhecimento de que a Escola, enquanto instituição, fonte de saber e formação de espíritos iluminados, remonta a vários séculos antes da era cristã. Já nas antigas civilizações gregas e romana, os grandes senhores se preocupavam com a educação e formação dos seus filhos, chamando a si grandes mestres, tal como nos referem Platão em A República conforme págs.168, 324, 352 e 413; ou Aristóteles em Tratado da Política, e págs. 50/78. Essas escolas apenas formavam elites e, durante séculos, funcionaram exclusivamente para minorias privilegiadas. A concepção de Escola que hoje nos aparece é uma realidade recente e bem diferente, porque surge como sendo uma consequência da complexidade, desenvolvimento e democratização das novas sociedades.
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