Evolução da Empatia em Estudantes de Medicina da Universidade da Beira Interior

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Ana Teresa Figueiral
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/8915
Resumo: Introdução: A empatia é um elemento essencial na comunicação e na prática clínica. O desenvolvimento da pesquisa sobre empatia na medicina tem sido condicionado pelas limitações na definição e operacionalização deste conceito. No início deste século, Hojat e colaboradores definiram empatia em contexto de prestação de cuidados de saúde e desenvolveram um novo instrumento de medida, a Escala Jefferson de Empatia Médica (JSPE), que tem uma versão específica para estudantes de medicina já validada para português (JSPE-spv). Assim, foi possível dar mais um passo em frente no estudo deste tema. A escala já foi aplicada em vários países, com resultados inconsistentes. Há então necessidade de mais investigação. O objetivo geral deste estudo é avaliar a evolução da empatia nos estudantes do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI). Materiais e Métodos: Para este estudo longitudinal, alunos que frequentaram o 1º ano em 2012/2013 responderam à JSPE-spv, associada a um questionário com dados sociodemográficos; a JSPE-spv foi novamente respondida no 6º ano, em 2017/2018. Foram incluídos nesta investigação alunos que responderam pelo menos uma vez à JSPE-spv. Para o tratamento dos dados recorreu-se, em primeiro lugar, a alguns conceitos da estatística descritiva, por forma a descrever os dados em análise. Também foram aplicados alguns testes de hipótese paramétrios e não paramétricos (teste t para amostras emparelhadas, teste de Wilcoxon, teste t para amostras independentes, teste de Mann-Whitney U, teste de Friedman e teste de Wilcoxon com correção de Bonferroni) para comparar os resultados obtidos na JSPE-spv nos 1º e 6º anos. Calculou-se ainda o coeficiente alfa de Cronbach. Foi considerada uma significância estatística de 5%. Resultados: Os 166 participantes apresentam uma idade média no 1º ano de aproximadamente 20 anos (19,57 ± 3,03), 78,2% são do género feminino e 21,8% do género masculino. A média dos resultados de empatia neste estudo foi 108,54 ± 13,99 no 1º ano e 117,21 ± 9,51 no 6º ano (p<0,001). Estes resultados são superiores aos reportados em estudos realizados com estudantes de medicina. Os resultados da medida de empatia no 6º ano foram superiores aos do 1º ano, contrariamente à maioria dos estudos publicados. Comparando os fatores da escala, “Tomada de Perspetiva” teve a pontuação mais elevada e “Capacidade de se Colocar no Lugar do Paciente” a mais baixa. No 6º ano os alunos que já tinham frequentado outro curso têm valores de empatia superiores aos restantes. Observa-se uma tendência para alunos mais velhos terem resultados superiores na medida de empatia. Não se observam diferenças significativas entre géneros, nem nas restantes variáveis sociodemográficas consideradas. Conclusão: Neste estudo os resultados da medida de empatia aumentam ao longo do curso. Os valores médios observados são elevados quando comparados com outros estudos realizados com estudantes de medicina. As diferenças presentes entre as várias escolas médicas, inclusive no mesmo país, levam a pensar que além dos fatores culturais e diferenças na seleção dos estudantes de medicina, os métodos pedagógicos e os contextos de aprendizagem terão também um papel muito relevante no desenvolvimento da empatia. A FCS-UBI parece ter um método pedagógico adequado à formação de médicos empáticos.
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spelling Evolução da Empatia em Estudantes de Medicina da Universidade da Beira InteriorEstudo LongitudinalComunicação ClínicaEducação MédicaEmpatiaEstudantes de MedicinaJspe-SpvDomínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::MedicinaIntrodução: A empatia é um elemento essencial na comunicação e na prática clínica. O desenvolvimento da pesquisa sobre empatia na medicina tem sido condicionado pelas limitações na definição e operacionalização deste conceito. No início deste século, Hojat e colaboradores definiram empatia em contexto de prestação de cuidados de saúde e desenvolveram um novo instrumento de medida, a Escala Jefferson de Empatia Médica (JSPE), que tem uma versão específica para estudantes de medicina já validada para português (JSPE-spv). Assim, foi possível dar mais um passo em frente no estudo deste tema. A escala já foi aplicada em vários países, com resultados inconsistentes. Há então necessidade de mais investigação. O objetivo geral deste estudo é avaliar a evolução da empatia nos estudantes do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI). Materiais e Métodos: Para este estudo longitudinal, alunos que frequentaram o 1º ano em 2012/2013 responderam à JSPE-spv, associada a um questionário com dados sociodemográficos; a JSPE-spv foi novamente respondida no 6º ano, em 2017/2018. Foram incluídos nesta investigação alunos que responderam pelo menos uma vez à JSPE-spv. Para o tratamento dos dados recorreu-se, em primeiro lugar, a alguns conceitos da estatística descritiva, por forma a descrever os dados em análise. Também foram aplicados alguns testes de hipótese paramétrios e não paramétricos (teste t para amostras emparelhadas, teste de Wilcoxon, teste t para amostras independentes, teste de Mann-Whitney U, teste de Friedman e teste de Wilcoxon com correção de Bonferroni) para comparar os resultados obtidos na JSPE-spv nos 1º e 6º anos. Calculou-se ainda o coeficiente alfa de Cronbach. Foi considerada uma significância estatística de 5%. Resultados: Os 166 participantes apresentam uma idade média no 1º ano de aproximadamente 20 anos (19,57 ± 3,03), 78,2% são do género feminino e 21,8% do género masculino. A média dos resultados de empatia neste estudo foi 108,54 ± 13,99 no 1º ano e 117,21 ± 9,51 no 6º ano (p<0,001). Estes resultados são superiores aos reportados em estudos realizados com estudantes de medicina. Os resultados da medida de empatia no 6º ano foram superiores aos do 1º ano, contrariamente à maioria dos estudos publicados. Comparando os fatores da escala, “Tomada de Perspetiva” teve a pontuação mais elevada e “Capacidade de se Colocar no Lugar do Paciente” a mais baixa. No 6º ano os alunos que já tinham frequentado outro curso têm valores de empatia superiores aos restantes. Observa-se uma tendência para alunos mais velhos terem resultados superiores na medida de empatia. Não se observam diferenças significativas entre géneros, nem nas restantes variáveis sociodemográficas consideradas. Conclusão: Neste estudo os resultados da medida de empatia aumentam ao longo do curso. Os valores médios observados são elevados quando comparados com outros estudos realizados com estudantes de medicina. As diferenças presentes entre as várias escolas médicas, inclusive no mesmo país, levam a pensar que além dos fatores culturais e diferenças na seleção dos estudantes de medicina, os métodos pedagógicos e os contextos de aprendizagem terão também um papel muito relevante no desenvolvimento da empatia. A FCS-UBI parece ter um método pedagógico adequado à formação de médicos empáticos.Introduction: Empathy is an essential element in communication and in clinical practice. Research development on empathy in medicine has been conditioned by the limitations of the definition and operationalization of this concept. In the beginning of the century, Hojat and colleagues defined empathy in the context of health care delivery and developed a new measuring instrument, the Jefferson Scale of Medical Empathy (JSPE), which has a specific version for medical students, already validated in Portuguese (JSPE-spv). Thus, it was possible to take another step forward in the study of this theme. The scale has already been applied in several countries, with inconsistent results. Therefore, there is a need for more research. The general objective of this study is to evaluate the evolution of the empathic attitude in students from the Integrated Master's Degree in Medicine of the University of Beira Interior. Materials and Methods: For this longitudinal study, students who attended the 1st year in 2012/2013 answered the JSPE-spv, associated with a questionnaire with socio-demographic data; the JSPE-spv was again answered in the 6th year, in 2017/2018. The students included answered at least once to the JSPE-spv. For data treatment some descriptive statistics concepts were used firstly, in order to describe the data under analysis. Some parametric and non-parametric hypothesis tests (t-test for paired samples, Wilcoxon test, t-test for independent samples, Mann-Whitney U test, Friedman test and Wilcoxon test with Bonferroni correction) were also applied in order to compare the results obtained in the JSPE-spv in the 1st and 6th years. The Cronbach's alpha coefficient was calculated as well. A statistical significance of 5% was considered. Results: The 166 participants present a mean age in the first year of approximately 20 years (19.57 ± 3.03), 78.2% are female and 21.8% are male. The mean of empathy results in this study was 108,54 ± 13,99 in the 1st year and 117,21 ± 9,51 in the 6th year (p<0,001). These results are higher than the reported in studies conducted with medical students. The empathy measure results in the 6th year are higher than those in the 1st year, contrary to most published studies. Comparing the factors of the scale, “Perspective taking” scores higher and “Ability to Stand in Patients’ Shoes” lower. In the 6th year students who had already attended another degree course have higher empathy values than those who didn’t. There is a tendency for older students to have superior results in the empathy measure. There is no significant differences between genders, nor in the other sociodemographic variables considered. Conclusion: In this study the results of the empathy measure increase throughout the course. The mean values observed are high when compared with other studies conducted with medical students. The differences between the various medical schools, even in the same country, lead to think that in addition to the cultural factors and differences in the selection of medical students, pedagogical methods and learning contexts will also play a very important role in the development of empathy. FCS-UBI seems to have a pedagogical method suitable for the training of empathic physicians.Vitória, Paulo dos Santos DuarteNeto, Isabel Maria FernandesNunes, Célia Maria PintouBibliorumFerreira, Ana Teresa Figueiral2020-01-29T16:34:31Z2019-06-192019-05-082019-06-19T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/8915TID:202373029porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:49:19Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/8915Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:49:11.184641Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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