Emoções: O Medo e os Mecanismos de Resolução de Problemas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Carlos Manuel de Melo
Data de Publicação: 2002
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://repositorio.esenfc.pt/?url=G9n0FTPb
Resumo: Especialmente nesta última década, assistiu-se a um grande surto de estudos científicos relacionados com a emoção. Neste panorama colaboram ainda, as, particularmente espetaculares imagens do cérebro a funcionar, tornadas possíveis pelos novos métodos e técnicas, como as recentes tecnologias de visualização do cérebro. Estes processos vieram tornar visível, pela primeira vez na história da humanidade, aquilo que sempre tinha sido uma fonte de profundo mistério: exatamente como funciona o cérebro enquanto pensamos e sentimos, imaginamos e sonhamos. Esta nova vaga de dados neurobiológicos permite-nos compreender mais claramente que nunca como é que os centros de emoção do cérebro nos levam à raiva ou às lágrimas e como partes mais antigas desse mesmo cérebro, que tanto nos incitam à guerra como ao amor, podem ser canalizadas para o melhor e para o pior. Estas novas descobertas chegam tão tarde porque o lugar do sentimento na vida mental sempre foi surpreendentemente descurado pela investigação ao longo dos anos, isto é, as emoções foram durante muito tempo um continente largamente inexplorado pelas Ciências Humanas. Este vazio foi ocupado por uma quantidade enorme de livros do género «autoajuda», cheios de conselhos bem-intencionados baseados, na melhor das hipóteses, em opiniões clínicas, mas a que faltavam quase totalmente as bases científicas. Hoje a ciência está finalmente em condições de falar com autoridade sobre estas questões da "psique" nos seus aspetos mais "irracionais" e de cartografar com alguma precisão o "coração" humano. Para lá desta possibilidade ergue-se um premente imperativo moral. Vivemos tempos em que a sociedade parece autodestruir-se a uma velocidade cada vez maior, em que o egoísmo, a violência e a mesquinhez de espírito parecem querer desalojar o bem das nossas vidas em comunidade. Há cada vez mais provas de que as posições éticas fundamentais que tomamos na vida decorrem de capacidades emocionais subjacentes. Para começar, o impulso é o meio através do qual a emoção se exprime; a semente de todo o impulso é um sentimento que quer traduzir-se em ação. Aqueles que estão à mercê do impulso - aos quais falta o autocontrolo - sofrem de uma deficiência moral: a capacidade de controlar o impulso é a base da vontade e do carácter. Do mesmo modo, a raiz altruísmo reside na empatia, na capacidade de ler as emoções dos outros; quem é incapaz de sentir as necessidades ou o desespero de outra pessoa, não pode amar. E se há duas atitudes morais que os tempos modernos exigem, são precisamente estas, o autodomínio e a compaixão. Este modelo de comportamento daquilo que significa ser «inteligente» coloca assim as emoções no centro das aptidões para viver. A nossa herança genética dotou cada um de nós com um conjunto de estruturas emocionais que determinam o nosso carácter. Mas os circuitos do cérebro envolvidos são extraordinariamente maleáveis, pelo que o temperamento, não será por si só uma fatalidade. As nossas emoções guiam-nos quando temos de enfrentar situações e tarefas demasiado importantes para serem deixadas apenas a cargo do intelecto - perigo, grandes desgostos, persistir na prossecução de um objetivo malgrado todas as frustrações, ligarmo-nos a um companheiro ou companheira ou fundar uma família. Cada emoção representa uma diferente predisposição para a ação, e cada uma delas aponta-nos numa direção que já noutras ocasiões resultou bem para enfrentar o mesmo tipo de problemas. O trilho, deixando de lado a alusão ao fantástico subtil, é essencialmente, satisfazer a sede da curiosidade do autor e de muitos outros personagens, direta e indiretamente ligados a este estudo, e tornar público e acessível, mais uma vez, o panorama da emoção do MEDO em nós e no nosso quotidiano, e contrapô-lo com a sua possível relação com as atitudes, mecanismos e métodos de resolução de problemas, que mantêm a nossa equilibração única de seres humanos.
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