Evidencialidade/mediatividade, modalidade epistémica e (inter)subjetividade
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://ojs.letras.up.pt/index.php/EL/article/view/12800 |
Resumo: | A evidencialidade ou, seguindo a tradição francesa, mediatividade é uma categoria complexa, controversa e ainda não estabelecida na terminologia linguística do português, com uma literatura já extensa para outras línguas e alguns estudos para o português. Como categoria conceptual, independente das suas formas de expressão linguística, de algum modo presente nas línguas desprovidas de um sistema gramatical específico para a codificar, como o português, coloca ainda hoje duas questões principais: (i) a questão da definição do seu estatuto como categoria gramatical, semântica ou discursiva e do seu conceito tradicionalmente caracterizado como designado a origem da informação do conteúdo proposicional de um enunciado e (ii) a questão da sua demarcação relativamente à categoria conceptual da modalidade epistémica. Procuraremos responder a estas duas questões numa perspetiva cognitivo-funcional e centrada no uso da língua e com base em duas expressões evidenciais/mediativas gramaticalizadas do português: o futuro composto (ou futuro perfeito) e o verbo parecer seguido de oração finita ou infinitiva. Argumentaremos que a evidencialidade indica a origem e a fiabilidade da informação e que a fiabilidade da informação não envolve necessariamente graus de compromisso epistémico do locutor ou graus de (in)certeza. Os usos mediativos reportativos do futuro composto do português europeu contemporâneo, típico do discurso jornalístico noticioso, e de parecer comprovam esta independência da evidencialidade em relação à modalidade epistémica. Os usos mediativos inferenciais do futuro composto e de parecer mostram a relação estreita e mesmo a sobreposição parcial de evidencialidade e modalidade epistémica. Ambos os usos reportativo e inferencial destes dois marcadores evidenciais contribuem para o controlo epistémico do locutor no discurso e para o alinhamento intersubjetivo dos participantes do ato de comunicação. Os usos inferenciais do futuro composto e de parecer resultaram de processos diacrónicos cognitivos e pragmático-discursivos de subjetificação, ao passo que os seus usos reportativos emergiram de idênticos processos de intersubjetificação. |
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