Criopreservação embrionária e neuro desenvolvimento infantil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Neves, Célia Francisca Iglésias Batista
Data de Publicação: 2015
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.14/24099
Resumo: INTRODUÇÃO - O extraordinário avanço da procriação medicamente assistida (PMA) criou um “Admirável mundo novo” 1 em que se concretizam muitos sonhos de parentalidade mas onde emergem importantes questões éticas e socio jurídicas. No universo da fertilização in vitro (FIV) só uma minoria dos muitos embriões criados consegue sobreviver aos riscos biológicos e, se houver criopreservação os nascimentos serão reduzidos em cerca de 10%2. De cada 100 embriões que chegam a ser transferidos nascem em média 15 crianças e 4 são prematuras ou têm problemas perinatais; das 11 restantes, 2 terão alterações do desenvolvimento (Hansen, M., Kurinczuk, J., et al. – 2013). Por lei3, a criopreservação de embriões excedentários está limitada a três anos (excecionalmente seis) período após o qual são destruídos ou utilizados em investigação científica mesmo que se pudessem manter viáveis por períodos maiores (Daniel Serrão – 2003) e que tenderiam a aumentar (Papis K., Lewandowski P., et al. -2013). Face a esta realidade cresce a necessidade duma reflexão multidisciplinar alargada tanto mais que 3,5% das gestações em alguns países e 2,1% dos nascimentos em Portugal4, já são resultado da PMA. Sendo estas técnicas recentes 5 também não se conhecem os seus efeitos a prazo, nem a nível genético ou epigenético (Wennerholm UB, Söderström-Anttila V, Bergh C.et al. -2009). Mesmo subestimando os aspectos morais ou éticos, e privilegiando os recursos pragmáticos que viabilizam vidas humanas, evidenciam-se riscos para o ecossistema em que vivemos e a necessidade de compatibilizar o progresso científico com a salvaguarda dos direitos fundamentais (ONU/1975) 6. No estudo que realizámos sobre neurodesenvolvimento de crianças cujos embriões estiveram criopreservados, avaliámos uma amostra populacional nascida sem problemas neonatais e preenchida pelos «melhores casos» o que nos levou a omitir dos resultados, a dimensão dos riscos da FIV tais como a prematuridade e as suas consequências. Com outra metodologia porém, a comparação das inevitáveis variáveis teria sido impossível num universo tão escasso. Esta investigação situada no âmbito da Bioética e apoiada pela nossa experiência profissional, procurou contribuir para uma demanda científica que é tão fascinante quanto arriscada e que nem sempre respeita o «Primado do embrião humano criado in vivo»7 OBJECTIVO – comparar instrumentalmente o neurodesenvolvimento de crianças cujos embriões foram submetidos a criopreservação com outras social e demograficamente idênticas mas sem esse antecedente, no intuito de promover a reflexão ética e o conhecimento nesta área. MATERIAL E MÉTODOS – Após a seleção da população baseada no modelo das histórias clínicas, definímos os critérios de amostragem e fizemos um estudo de coorte analítico e não-experimental, cujo modelo foi comparativo, correlacional e descritivo. Selecionámos 60 crianças entre os 20 e os 96 meses, com 36 ou mais semanas de idade gestacional (IG) e ausência de patologia perinatal relevante, as quais foram distribuídas por 3 grupos, de acordo com os antecedentes concepcionais: A amostra índex de conveniência, designada Grupo A integrou 19 crianças com criopreservação embrionária nascidas entre janeiro de 2007 e agosto de 2010. Pertencem a um escasso universo de 350 elementos que integra 80 novos casos anuais e onde apenas 260 possuem os critérios de amostragem. O recrutamento foi difícil e exigiu uma vasta rede de contactos incluindo as novas redes digitais. A idade média do Grupo A é 51 meses (L 21- 96). As restantes 41 crianças formaram 2 grupos controle, obtidos de forma tão aleatória quanto possível, num universo mais vasto. O Grupo B tem 22 crianças nascidas entre janeiro de 2006 e outubro de 2012 após FIV com transferência a fresco e com idade média de 56 meses (L 33-85). O Grupo C integrou 19 crianças de concepção natural, nascidas entre maio de 2007 e março de 2012 e idade média de 48 meses (L 20-85). A FIV dos grupos A e B ocorreu em centros portugueses com tecnologia equiparável. Na avaliação neuro cognitiva usámos a metodologia de Ruth Griffiths (EDMG) e o Questionário de Capacidades e de Dificuldades (SDQ-Por) que avalia o comportamento e a socialização8. Os dados das avaliações foram protegidos, informatizados em Excel® e exportados para SPSS 17.0 tendo a sua análise incluído testes paramétricos e não-paramétricos de comparação de grupos e correlações bi-variadas. Só ocasionalmente foi possível uma análise multivariada. Nas variáveis qualitativas utilizou-se o Qui quadrado e na presença de frequências baixas (< 5) utilizou-se o teste exato de Fischer para tabelas de dois por dois, maximizando resultados, sem aumentar descriminações. Um valor de P <0,05 foi indicativo de significado estatístico. Houve crianças com características singulares nos 3 grupos e que não completaram as EDMG aplicadas em condições idênticas pela mesma profissional independente.
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Por lei3, a criopreservação de embriões excedentários está limitada a três anos (excecionalmente seis) período após o qual são destruídos ou utilizados em investigação científica mesmo que se pudessem manter viáveis por períodos maiores (Daniel Serrão – 2003) e que tenderiam a aumentar (Papis K., Lewandowski P., et al. -2013). Face a esta realidade cresce a necessidade duma reflexão multidisciplinar alargada tanto mais que 3,5% das gestações em alguns países e 2,1% dos nascimentos em Portugal4, já são resultado da PMA. Sendo estas técnicas recentes 5 também não se conhecem os seus efeitos a prazo, nem a nível genético ou epigenético (Wennerholm UB, Söderström-Anttila V, Bergh C.et al. -2009). Mesmo subestimando os aspectos morais ou éticos, e privilegiando os recursos pragmáticos que viabilizam vidas humanas, evidenciam-se riscos para o ecossistema em que vivemos e a necessidade de compatibilizar o progresso científico com a salvaguarda dos direitos fundamentais (ONU/1975) 6. No estudo que realizámos sobre neurodesenvolvimento de crianças cujos embriões estiveram criopreservados, avaliámos uma amostra populacional nascida sem problemas neonatais e preenchida pelos «melhores casos» o que nos levou a omitir dos resultados, a dimensão dos riscos da FIV tais como a prematuridade e as suas consequências. Com outra metodologia porém, a comparação das inevitáveis variáveis teria sido impossível num universo tão escasso. Esta investigação situada no âmbito da Bioética e apoiada pela nossa experiência profissional, procurou contribuir para uma demanda científica que é tão fascinante quanto arriscada e que nem sempre respeita o «Primado do embrião humano criado in vivo»7 OBJECTIVO – comparar instrumentalmente o neurodesenvolvimento de crianças cujos embriões foram submetidos a criopreservação com outras social e demograficamente idênticas mas sem esse antecedente, no intuito de promover a reflexão ética e o conhecimento nesta área. MATERIAL E MÉTODOS – Após a seleção da população baseada no modelo das histórias clínicas, definímos os critérios de amostragem e fizemos um estudo de coorte analítico e não-experimental, cujo modelo foi comparativo, correlacional e descritivo. Selecionámos 60 crianças entre os 20 e os 96 meses, com 36 ou mais semanas de idade gestacional (IG) e ausência de patologia perinatal relevante, as quais foram distribuídas por 3 grupos, de acordo com os antecedentes concepcionais: A amostra índex de conveniência, designada Grupo A integrou 19 crianças com criopreservação embrionária nascidas entre janeiro de 2007 e agosto de 2010. Pertencem a um escasso universo de 350 elementos que integra 80 novos casos anuais e onde apenas 260 possuem os critérios de amostragem. O recrutamento foi difícil e exigiu uma vasta rede de contactos incluindo as novas redes digitais. A idade média do Grupo A é 51 meses (L 21- 96). As restantes 41 crianças formaram 2 grupos controle, obtidos de forma tão aleatória quanto possível, num universo mais vasto. O Grupo B tem 22 crianças nascidas entre janeiro de 2006 e outubro de 2012 após FIV com transferência a fresco e com idade média de 56 meses (L 33-85). O Grupo C integrou 19 crianças de concepção natural, nascidas entre maio de 2007 e março de 2012 e idade média de 48 meses (L 20-85). A FIV dos grupos A e B ocorreu em centros portugueses com tecnologia equiparável. Na avaliação neuro cognitiva usámos a metodologia de Ruth Griffiths (EDMG) e o Questionário de Capacidades e de Dificuldades (SDQ-Por) que avalia o comportamento e a socialização8. Os dados das avaliações foram protegidos, informatizados em Excel® e exportados para SPSS 17.0 tendo a sua análise incluído testes paramétricos e não-paramétricos de comparação de grupos e correlações bi-variadas. Só ocasionalmente foi possível uma análise multivariada. Nas variáveis qualitativas utilizou-se o Qui quadrado e na presença de frequências baixas (< 5) utilizou-se o teste exato de Fischer para tabelas de dois por dois, maximizando resultados, sem aumentar descriminações. Um valor de P <0,05 foi indicativo de significado estatístico. Houve crianças com características singulares nos 3 grupos e que não completaram as EDMG aplicadas em condições idênticas pela mesma profissional independente.Introduction - The extraordinary technological innovation on assisted reproductive technologies (referred here as ART) has created a “Brave New World(s)”11 where many infertile couples reached their dream of parenthood. Many ethical, social and juridical challenges have emerged as well. In the world of the in vitro fertilization (IVF) only a small minority survives all the biological risks which can be even worsened by embryonic cryopreservation. Only 15 from 100 embryos that reach to be transferred will born and 4 from these will born premature or shall have neonatal problems. 2 children among the 11 born at term also will have development problems in broad sense (Hansen, M., Kurinczuk, J., et al. – 2013). According to Portuguese law12, human embryo cryopreservation is limited to a period of three years (exceptionally six ) after which all supernumerary embryos should be destroyed or used in scientific investigation no matter how many of them could be still viable (Daniel Serrão – 2003) and probably for an increasing period of time (Papis K., Lewandowski P., et al. - 2013). As far as 3, 5% of all pregnancies in many countries and 2, 1% of all births in Portugal are depending today on IVF and this reality is leading to the increasing perception that a serious and deep discussion is missing. The long-term effects as well as genetic and epigenetic consequences of the various procedures of ART, mainly of cryopreservation, over infantile neurodevelopment are unknown (Wennerholm UB, Söderström-Anttila V, Bergh C.et al. - 2009). Even underestimating the ethical or the moral issues and giving an advantage to the pragmatic resources which allow generating human beings in the laboratory, the risks imposed to our ecosystem cannot be ignored. It should be done an effort to keep scientific progress compatible with the primacy of human beings and their rights (UN/1975)13. The population of our study has been limited to children born without neonatal problems. This option for selecting and comparing only the «best cases» caused the loss of the analysis of some risks such as the prematurity consequences associated to ART. However, if we have chosen a different methodology, the comparison between groups could not be valid because the population is scarce in the universe of cryopreservation. This investigation work belonging to the field of Bioethics is supported by our professional experience. The empiric study was made to give a contribution to a fabulous scientific seeking but whose practice may be unsafe and disrespecting the «Primacy of human embryo created in vivo»14 OBJECTIVE – this study was made to compare the neurodevelopment of a cohort of children who have undergone embryonic cryopreservation with other social and demographically identical but lacking this antecedent. The main objective was to promote knowledge on this field as well as the related ethic reflection. METHODOLOGY - After having written the theoretic foundations of this thesis, we tried to contribute with a personal empiric study based on the neurodevelopment of groups of identical children whose sole differences were their conceptive antecedents. This has been an analytic and not experimental study that used descriptive, comparative and correlative models. The method used in socio demographic selection was the same as used in clinical anamnesis. For screening neurocognitive development we used the Griffiths Mental Development Scales15 (GMDS). For behavior and socialization screening we have chosen the SDQ- pro (Strengths and Difficulties Questionnaires)16. We selected 60 children between 20 and 96 months old, born with 36 weeks gestational age or older, and absence of significant neonatal problems. These children were divided into 3 groups according to their conceptive antecedents. The index group named Group A was obtained by its convenience. All 19 children from group A have undergone embryonic cryopreservation and were born between January 2007 and August 2010. They belong to a small universe of only 350 individuals where 260 have the conditions for recruitment and no more than 80 new cases are summed each year. The difficult recruitment of samples has imposed the need of a wide net of personal and digital contacts. The mean age group A is 51 months old (L 21 – 96). The other two studied groups (B and C) include 41 children without cryopreservation. The named group B has 22 children submitted to IVF with fresh transference and born between January of 2006 and October 2012. The mean age in group B was 56 months (L 33-85). The named group C has 19 children from natural conception and born between May of 2006 and March 2012. The mean age in group C was 48 months (L 20-85). The children of groups A and B came from Portuguese medical assisted reproductive centers whose technology is similar. The results obtained from anamnesis and through instruments, have been protected and collected in an Excel® sheet and exported to the SPSS 17.0. The analysis of results included parametric and non parametric tests and a bivariate correlation. A multivariate analysis was possible only in few occasions. The Qui square test was used to qualitative variables. Whenever the frequencies were low (<5) the Fischer exact test for tables 2 for 2 was used because it allows maximizing results without increasing discrimination. A value of P < 0,05 was considered statistically significant. There were a few children with particular features equally distributed by the 3 groups. Some were not able to finish the Griffiths scales which have been presented always in the same environmental conditions and applied by the same independent professional.Osswald, Walter Friedrich AlfredSerrão, DanielJacomo, AntónioVeritati - Repositório Institucional da Universidade Católica PortuguesaNeves, Célia Francisca Iglésias Batista2018-02-26T11:27:34Z2016-10-1420152016-10-14T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.14/24099TID:101408870porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-09-06T12:21:43Zoai:repositorio.ucp.pt:10400.14/24099Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-09-06T12:21:43Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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