O Ciberespaço Como Denúncia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lamartine, Camila
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: Da Silva, Marisa Torres
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/142426
Resumo: O estereótipo da mulher latina é comummente associado à sexualidade. Dentre elas, as mulheres brasileiras parecem carregar ainda mais este estigma mundo fora. Enquanto imigrantes, interseccionadas por outras matrizes de opressão além de género e raça, por exemplo, estas mulheres veem-se sujeitas a diversas marcas ainda remanescentes da colonialidade eurocêntrica que as inferioriza e silencia (Mignolo, 2000/2003), o que é agravado quando o país de emigração é o seu colonizador. Este artigo explora a utilização do ciberespaço como campo de denúncia e ativismo feminista através do estudo de caso do perfil @brasileirasnaosecalam, a partir da análise de conteúdo. O projeto surge na rede social digital Instagram com o intuito de denunciar, de maneira anónima, assédios, discriminações e preconceitos que mulheres imigrantes brasileiras sofrem em Portugal, especificamente por carregarem consigo a sua própria nacionalidade. Assim, através do ciberativismo, também feminista, as mulheres dispõem de um novo ciclo político de oportunidades impulsionadas pela construção e consolidação de laços entre elas ao redor do globo, rompendo binarismos, também entre primeiro e terceiro mundo, num apelo à articulação entre fronteiras (Timeto, 2019). Constata-se a relevância de empreender uma visão ontológica que se apoie numa perspetiva feminista decolonial e interseccional que utiliza o ciberfeminismo como aliado de interconexão entre o espaço digital e o real. The stereotype of the Latin woman is commonly associated with sexuality. Brazilians seem to be particularly burdened by this stigma among Latin women worldwide. As immigrants, intersected by other matrices of oppression in addition to those of gender and race, for example, these women bear various marks remaining from Eurocentric coloniality that belittles and silences them (Mignolo, 2000/2003), a circumstance that is aggravated when the country of emigration is their coloniser. This article explores resorting to cyberspace as a forum for denunciation and feminist activism through a case study of the profile @brasileirasnaosecalam based on content analysis. The project appeared on the digital social network Instagram to anonymously report the harassment, discrimination and prejudice that Brazilian immigrant women suffer in Portugal, specifically for carrying their own nationality. Thus, through cyberactivism, which is also feminist activism, women are now experiencing a new cycle of political opportunities driven by the building and consolidation of ties among them around the globe, breaking down binarisms, including those between the first and the third world, in an appeal to cross-border articulation (Timeto, 2019). That shows the relevance of pursuing an ontological vision underpinned by a decolonial and intersectional feminist perspective that uses cyberfeminism as an ally to interconnect the digital and the real space.
id RCAP_3ab1a067c451f79f92f914e15105d46a
oai_identifier_str oai:run.unl.pt:10362/142426
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling O Ciberespaço Como DenúnciaCyberspace as DenunciationHarassment and Discrimination Linked to Coloniality in the Project Brasileiras Não Se CalamAssédio e Discriminação Vinculados à Colonialidade no Projeto Brasileiras Não Se CalamCyberactivismImmigrationXenophobiaBrasileiras Não Se CalamCyberfeminismCiberativismoImigraçãoXenofobiaCiberfeminismoSDG 10 - Reduced InequalitiesO estereótipo da mulher latina é comummente associado à sexualidade. Dentre elas, as mulheres brasileiras parecem carregar ainda mais este estigma mundo fora. Enquanto imigrantes, interseccionadas por outras matrizes de opressão além de género e raça, por exemplo, estas mulheres veem-se sujeitas a diversas marcas ainda remanescentes da colonialidade eurocêntrica que as inferioriza e silencia (Mignolo, 2000/2003), o que é agravado quando o país de emigração é o seu colonizador. Este artigo explora a utilização do ciberespaço como campo de denúncia e ativismo feminista através do estudo de caso do perfil @brasileirasnaosecalam, a partir da análise de conteúdo. O projeto surge na rede social digital Instagram com o intuito de denunciar, de maneira anónima, assédios, discriminações e preconceitos que mulheres imigrantes brasileiras sofrem em Portugal, especificamente por carregarem consigo a sua própria nacionalidade. Assim, através do ciberativismo, também feminista, as mulheres dispõem de um novo ciclo político de oportunidades impulsionadas pela construção e consolidação de laços entre elas ao redor do globo, rompendo binarismos, também entre primeiro e terceiro mundo, num apelo à articulação entre fronteiras (Timeto, 2019). Constata-se a relevância de empreender uma visão ontológica que se apoie numa perspetiva feminista decolonial e interseccional que utiliza o ciberfeminismo como aliado de interconexão entre o espaço digital e o real. The stereotype of the Latin woman is commonly associated with sexuality. Brazilians seem to be particularly burdened by this stigma among Latin women worldwide. As immigrants, intersected by other matrices of oppression in addition to those of gender and race, for example, these women bear various marks remaining from Eurocentric coloniality that belittles and silences them (Mignolo, 2000/2003), a circumstance that is aggravated when the country of emigration is their coloniser. This article explores resorting to cyberspace as a forum for denunciation and feminist activism through a case study of the profile @brasileirasnaosecalam based on content analysis. The project appeared on the digital social network Instagram to anonymously report the harassment, discrimination and prejudice that Brazilian immigrant women suffer in Portugal, specifically for carrying their own nationality. Thus, through cyberactivism, which is also feminist activism, women are now experiencing a new cycle of political opportunities driven by the building and consolidation of ties among them around the globe, breaking down binarisms, including those between the first and the third world, in an appeal to cross-border articulation (Timeto, 2019). That shows the relevance of pursuing an ontological vision underpinned by a decolonial and intersectional feminist perspective that uses cyberfeminism as an ally to interconnect the digital and the real space.Instituto de Comunicação da NOVA (ICNOVA)Departamento de Ciências da Comunicação (DCC)RUNLamartine, CamilaDa Silva, Marisa Torres2022-07-26T22:24:59Z20222022-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/article20application/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/142426por2183-3575PURE: 45135916https://doi.org/10.17231/comsoc.41(2022).3697info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T05:20:03Zoai:run.unl.pt:10362/142426Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:50:17.988337Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv O Ciberespaço Como Denúncia
Cyberspace as DenunciationHarassment and Discrimination Linked to Coloniality in the Project Brasileiras Não Se Calam
Assédio e Discriminação Vinculados à Colonialidade no Projeto Brasileiras Não Se Calam
title O Ciberespaço Como Denúncia
spellingShingle O Ciberespaço Como Denúncia
Lamartine, Camila
Cyberactivism
Immigration
Xenophobia
Brasileiras Não Se Calam
Cyberfeminism
Ciberativismo
Imigração
Xenofobia
Ciberfeminismo
SDG 10 - Reduced Inequalities
title_short O Ciberespaço Como Denúncia
title_full O Ciberespaço Como Denúncia
title_fullStr O Ciberespaço Como Denúncia
title_full_unstemmed O Ciberespaço Como Denúncia
title_sort O Ciberespaço Como Denúncia
author Lamartine, Camila
author_facet Lamartine, Camila
Da Silva, Marisa Torres
author_role author
author2 Da Silva, Marisa Torres
author2_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Instituto de Comunicação da NOVA (ICNOVA)
Departamento de Ciências da Comunicação (DCC)
RUN
dc.contributor.author.fl_str_mv Lamartine, Camila
Da Silva, Marisa Torres
dc.subject.por.fl_str_mv Cyberactivism
Immigration
Xenophobia
Brasileiras Não Se Calam
Cyberfeminism
Ciberativismo
Imigração
Xenofobia
Ciberfeminismo
SDG 10 - Reduced Inequalities
topic Cyberactivism
Immigration
Xenophobia
Brasileiras Não Se Calam
Cyberfeminism
Ciberativismo
Imigração
Xenofobia
Ciberfeminismo
SDG 10 - Reduced Inequalities
description O estereótipo da mulher latina é comummente associado à sexualidade. Dentre elas, as mulheres brasileiras parecem carregar ainda mais este estigma mundo fora. Enquanto imigrantes, interseccionadas por outras matrizes de opressão além de género e raça, por exemplo, estas mulheres veem-se sujeitas a diversas marcas ainda remanescentes da colonialidade eurocêntrica que as inferioriza e silencia (Mignolo, 2000/2003), o que é agravado quando o país de emigração é o seu colonizador. Este artigo explora a utilização do ciberespaço como campo de denúncia e ativismo feminista através do estudo de caso do perfil @brasileirasnaosecalam, a partir da análise de conteúdo. O projeto surge na rede social digital Instagram com o intuito de denunciar, de maneira anónima, assédios, discriminações e preconceitos que mulheres imigrantes brasileiras sofrem em Portugal, especificamente por carregarem consigo a sua própria nacionalidade. Assim, através do ciberativismo, também feminista, as mulheres dispõem de um novo ciclo político de oportunidades impulsionadas pela construção e consolidação de laços entre elas ao redor do globo, rompendo binarismos, também entre primeiro e terceiro mundo, num apelo à articulação entre fronteiras (Timeto, 2019). Constata-se a relevância de empreender uma visão ontológica que se apoie numa perspetiva feminista decolonial e interseccional que utiliza o ciberfeminismo como aliado de interconexão entre o espaço digital e o real. The stereotype of the Latin woman is commonly associated with sexuality. Brazilians seem to be particularly burdened by this stigma among Latin women worldwide. As immigrants, intersected by other matrices of oppression in addition to those of gender and race, for example, these women bear various marks remaining from Eurocentric coloniality that belittles and silences them (Mignolo, 2000/2003), a circumstance that is aggravated when the country of emigration is their coloniser. This article explores resorting to cyberspace as a forum for denunciation and feminist activism through a case study of the profile @brasileirasnaosecalam based on content analysis. The project appeared on the digital social network Instagram to anonymously report the harassment, discrimination and prejudice that Brazilian immigrant women suffer in Portugal, specifically for carrying their own nationality. Thus, through cyberactivism, which is also feminist activism, women are now experiencing a new cycle of political opportunities driven by the building and consolidation of ties among them around the globe, breaking down binarisms, including those between the first and the third world, in an appeal to cross-border articulation (Timeto, 2019). That shows the relevance of pursuing an ontological vision underpinned by a decolonial and intersectional feminist perspective that uses cyberfeminism as an ally to interconnect the digital and the real space.
publishDate 2022
dc.date.none.fl_str_mv 2022-07-26T22:24:59Z
2022
2022-01-01T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10362/142426
url http://hdl.handle.net/10362/142426
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 2183-3575
PURE: 45135916
https://doi.org/10.17231/comsoc.41(2022).3697
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv 20
application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799138100091289600