Medicina e cirurgia em animais de produção e equídeos

• Autor(a) principal: Almeida, Gonçalo Sereno e Melo de
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/10739
• topic: hérnia umbilical simples; prolapso uterino

O presente relatório de estágio descreve e analisa quatro casos clínicos nas áreas de medicina e cirurgia de animais de produção e equídeos, incluídos na casuística do estágio curricular. O primeiro caso, observado na Ilha Terceira, Açores, tratou-se de uma hérnia umbilical simples, com provável origem congénita, numa vitela, Holstein Frísia x Jersey, 2 meses de idade. No exame físico, observava-se uma tumefação na região umbilical, com ligação à cavidade abdominal, sem estruturas remanescentes, sendo possível redução manual. Como tratamento, realizou-se herniorrafia aberta com pontos interrompidos de jaquetão, com fio de sutura não absorvível. Houve cura clínica do animal. O segundo caso, visto na mesma localização, tratou-se de um prolapso uterino, numa vaca Holstein Frísia, multípara, 4 anos de idade. Ocorreu nas primeiras 24 horas após parição. Havia sinais típicos de hipocalcemia. O prolapso provavelmente teve origem numa inércia uterina secundária a desproporção fetomaternal. Como tratamento, administrou-se cálcio e oxitocina, previamente à colocação em “posição rã”. Foi feita reintrodução manual. Efetuouse uma sutura de Bühner e nova administração de cálcio e oxitocina. Não houve complicações. O terceiro caso, observado em Carmarthenshire, País de Gales, tratou-se de uma pneumonia por aspiração, numa égua Pónei Galês, 6 anos de idade. Dois dias antes, engasgou-se após ingerir rapidamente ração. Recuperou passados 10 minutos, havendo presença de corrimento nasal com alimento e saliva e tosse não produtiva ocasional. No exame físico, apresentava taquicardia, taquipneia, dispneia e sons respiratórios fracos nas áreas pulmonares ventrais. O septo nasal defeituoso causava má oclusão maxilomandibular. Apresentava linha endotóxica periodontal. Na entubação nasogástrica, não houve sinal de obstrução esofágica. Demonstrava neutropenia e linfopenia e proteína amilóide A sérica elevadas. As imagens ecográficas eram compatíveis com pleuropneumonia. Na endoscopia, constatou-se um desvio do eixo axial da epiglote para a esquerda e material mucopurulento na traqueia e bifurcação brônquica. No antibiograma do aspirado da lavagem traqueobrônquica foi isolado Streptococcus equi zooepidemicus. A pneumonia por aspiração, provavelmente, teve origem numa obstrução esofágica primária por ingestão rápida de ração e má oclusão maxilomandibular, consequente do defeito no septo nasal. Nos 10 dias de internamento, realizou-se fluidoterapia e administrou-se gentamicina, penicilina, metronidazol, clenbuterol, dembrexina e flunixina meglumina. Houve cura clínica. O último caso, observado também em Carmarthenshire, tratou-se de dilatação cervical incompleta, numa ovelha Texel, multípara, 6 anos de idade. O saco corioalantóide estava visível na vulva havia 4 horas. Cinco dias antes, sofreu prolapso vaginal, resolvido por manipulação manual. Foi administrado cálcio. No exame ginecológico, os anéis cervicais apresentavam dilatação de 1,5-5 cm de diâmetro. A pressão digital na cérvix não surtiu qualquer efeito. Não foi detetada qualquer parte do feto. A condição terá surgido como uma complicação do prolapso vaginal. Como tratamento, realizou-se cesariana por laparotomia lateral esquerda. Extraíram-se dois borregos vivos. O peritoneu e todas as camadas musculares foram encerradas em conjunto com uma sutura contínua simples. Não houve complicações.