A responsabilidade civil do Estado pela mora na prestação jurisdicional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Valverde, Daniel Marques de Miranda
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/32180
Resumo: O presente trabalho examinará o instituto da responsabilidade civil extracontratual do Estado pela demora na prestação jurisdicional, sob a óptica do Direito Comparado, entre os ordenamentos jurídicos português e brasileiro. A compreensão do conceito de razoabilidade é de extremo relevo para que se possa imputar ao Estado a responsabilização pela demora no processo. Tal conceito, em ambos os países, tem sido norteado por pressupostos consagrados pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH). Por meio deles, são assegurados parâmetros para a verificação de se há ou não razoabilidade no tempo decorrido no julgamento de uma demanda. A responsabilização extracontratual do Estado recebe tratamento diferenciado no ordenamento jurídico português e brasileiro. No país europeu, a questão encontra-se melhor solidificada, não apenas pela existência de uma lei específica a tutelar a questão – Lei 67/2007, de 31 de Dezembro, mas também pela influência da jurisprudência do TEDH nas decisões proferidas pelo ordenamento jurídico interno. Já no Brasil, a responsabilidade civil extracontratual do Estado é resguardada apenas pela Constituição e pelo Código Civil, não existindo um diploma único e que trate de maneira mais abrangente o instituto. Os tribunais brasileiros ainda demonstram timidez ao acolher e apreciar a tese de indemnização daqueles que julgam ter sofrido prejuízo pela demora na condução e julgamento do seu processo. Atribui-se, especialmente, tal resistência à ausência de regulamentação específica, à pouquíssima influência da Corte Interamericana de Direitos Humanos no ordenamento jurídico brasileiro, bem como a um certo corporativismo que ainda impera no judiciário brasileiro. A crise da justiça, que não pode ser analisada de maneira indissociável da crise do Estado social e sua passagem para o Estado pós-social, reflete-se na morosidade processual. Ambos os países têm se empenhado em oferecer uma prestação jurisdicional efetiva, mas ainda sofrem com sistemas que não garantem ao jurisdicionado a celeridade aos processos.
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No país europeu, a questão encontra-se melhor solidificada, não apenas pela existência de uma lei específica a tutelar a questão – Lei 67/2007, de 31 de Dezembro, mas também pela influência da jurisprudência do TEDH nas decisões proferidas pelo ordenamento jurídico interno. Já no Brasil, a responsabilidade civil extracontratual do Estado é resguardada apenas pela Constituição e pelo Código Civil, não existindo um diploma único e que trate de maneira mais abrangente o instituto. Os tribunais brasileiros ainda demonstram timidez ao acolher e apreciar a tese de indemnização daqueles que julgam ter sofrido prejuízo pela demora na condução e julgamento do seu processo. Atribui-se, especialmente, tal resistência à ausência de regulamentação específica, à pouquíssima influência da Corte Interamericana de Direitos Humanos no ordenamento jurídico brasileiro, bem como a um certo corporativismo que ainda impera no judiciário brasileiro. A crise da justiça, que não pode ser analisada de maneira indissociável da crise do Estado social e sua passagem para o Estado pós-social, reflete-se na morosidade processual. Ambos os países têm se empenhado em oferecer uma prestação jurisdicional efetiva, mas ainda sofrem com sistemas que não garantem ao jurisdicionado a celeridade aos processos.This study analyses the non-contractual civil liability of the State due to delay in judicial proceedings in the Brazilian and Portuguese legal systems, from the perspective of Comparative Law. Understanding the concept of reasonableness is of utter importance in order to be able to attribute civil liability to the State for delays in adjudication. In both countries, the concept is guided by premises established by the European Court of Human Rights (ECHR), through which parameters are ensured to verify whether or not the duration of the judgment of a claim is reasonable. The non-contractual civil liability of the State is approached differently in the Portuguese and Brazilian legal orders. In the European country, the matter is more consolidated, not only due to the existence of a specific law that rules the issue – Law 67/2007 of December 31st, but also because of the influence of the ECHR’s jurisprudence on decisions rendered by the national legal order. In Brazil, however, only the Constitution and the Civil Code safeguard the non-contractual civil liability of the State, hence no particular law addresses the matter in more detail. The Brazilian courts are still reluctant to accept and appraise the thesis of compensation for those who believe to have been injured by the delay in the management and judgment of their lawsuits. Such resistance is attributed, especially, to the absence of specific regulation, to the feeble influence of the Inter-American Court of Human Rights on the Brazilian legal system, as well as to a certain corporatism that still prevails in the Brazilian judiciary. The crisis of justice, which cannot be analysed inseparably from the crisis of the welfare State and the transition to a post-welfare State, is reflected on the delay in legal proceedings. Both countries are committed to providing effective judicial services, but still suffer with systems that do not guarantee the claimants celerity in the proceedings.Silva, Vasco Pereira daRepositório da Universidade de LisboaValverde, Daniel Marques de Miranda2018-03-06T19:43:50Z2017-01-122017-01-12T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/32180porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:26:15Zoai:repositorio.ul.pt:10451/32180Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:47:29.703621Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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