Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Maria da Conceição Tavares Albuquerque Pais de
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/31406
Resumo: A incidência de insuficiência cardíaca e insuficiência renal, quer aguda quer crónica, tem aumentado nas últimas décadas. A co-existência destas duas doenças num mesmo indivíduo apresenta mau prognóstico. Pelo aumento da frequência destes casos surgiu a necessidade de definir e estudar mais aprofundadamente esta entidade patológica – o Síndrome Cardiorenal. Este síndrome pode ser assim definido como um conjunto de alterações fisiopatológicas entre o coração e o rim, em que uma disfunção, aguda ou crónica, de um órgão pode conduzir a um compromisso funcional, agudo ou crónico, do outro. O síndrome cardiorenal pode ser dividido em 5 tipos, consoante o órgão onde a perturbação surge inicialmente: o tipo 1 acontece quando uma degradação aguda da função cardíaca predispõe a uma lesão renal aguda. Quando perturbações crónicas na função cardíaca conduzem à doença renal crónica e progressiva, estaremos perante o tipo 2. Uma lesão aguda no rim, como por exemplo uma glomerulonefrite, pode ter consequências negativas para o coração, como por exemplo levar a uma insuficiência cardíaca ou a arritmias, considerando-se neste caso um tipo 3. Quando a insuficiência renal crónica predispõe o indivíduo para processos ateroscleróticos, retenção hídrica e consequentemente a lesão cardíaca, considera-se estarmos perante o tipo 4. Por último, o tipo 5 está presente quando uma doença cardíaca ou uma doença renal são consequência de condições sistémicas responsáveis por degradar a sua função, como por exemplo a sepsis, a diabetes mellitus ou doenças auto-imunes. A complexidade das interacções entre o rim e o coração e a ausência de uma definição e explicação claras desta entidade dificultam o seu diagnóstico e tratamento. Actualmente, a terapêutica usada ainda é empírica e muito direccionada para cada órgão (rim ou coração) em particular. O uso de diuréticos continua a ser a pedra angular do tratamento, e a chave de todo ele continua a ser a optimização das medidas contra a insuficiência cardíaca. Para além de medidas dietéticas e do estilo de vida, o uso de bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona, bloqueadores β, terapêutica anti-agregante e anti-coagulante e terapêuticas vasodilatadoras são as principais estratégias utilizadas. Outras estratégias terapêuticas emergentes são a ultrafiltração, e os antagonistas dos receptores da vasopressina e da adenosina. Devido à complexa natureza destes doentes, e ao seu reservado prognóstico é de extrema importancia que cardiologistas, nefrologistas e internistas trabalhem todos em conjunto para um objectivo comum, o de um diagnóstico precoce e de uma terapêutica optimizada. Este artigo tentará, de modo sumário, fazer um revisão concisa do conhecimento actual sobre o síndrome cardiorenal e salientar estratégias de prevenção, diagnóstico e terapêutica desta importante entidade patológica.
id RCAP_41ed666a7bade36bdfab007d2508bce9
oai_identifier_str oai:estudogeral.uc.pt:10316/31406
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticasSíndrome cardiorenalTerapiaInsuficiência cardíaca agudaInsuficiência renal agudaInsuficiência cardíaca crónicaInsuficiência renal crónicaA incidência de insuficiência cardíaca e insuficiência renal, quer aguda quer crónica, tem aumentado nas últimas décadas. A co-existência destas duas doenças num mesmo indivíduo apresenta mau prognóstico. Pelo aumento da frequência destes casos surgiu a necessidade de definir e estudar mais aprofundadamente esta entidade patológica – o Síndrome Cardiorenal. Este síndrome pode ser assim definido como um conjunto de alterações fisiopatológicas entre o coração e o rim, em que uma disfunção, aguda ou crónica, de um órgão pode conduzir a um compromisso funcional, agudo ou crónico, do outro. O síndrome cardiorenal pode ser dividido em 5 tipos, consoante o órgão onde a perturbação surge inicialmente: o tipo 1 acontece quando uma degradação aguda da função cardíaca predispõe a uma lesão renal aguda. Quando perturbações crónicas na função cardíaca conduzem à doença renal crónica e progressiva, estaremos perante o tipo 2. Uma lesão aguda no rim, como por exemplo uma glomerulonefrite, pode ter consequências negativas para o coração, como por exemplo levar a uma insuficiência cardíaca ou a arritmias, considerando-se neste caso um tipo 3. Quando a insuficiência renal crónica predispõe o indivíduo para processos ateroscleróticos, retenção hídrica e consequentemente a lesão cardíaca, considera-se estarmos perante o tipo 4. Por último, o tipo 5 está presente quando uma doença cardíaca ou uma doença renal são consequência de condições sistémicas responsáveis por degradar a sua função, como por exemplo a sepsis, a diabetes mellitus ou doenças auto-imunes. A complexidade das interacções entre o rim e o coração e a ausência de uma definição e explicação claras desta entidade dificultam o seu diagnóstico e tratamento. Actualmente, a terapêutica usada ainda é empírica e muito direccionada para cada órgão (rim ou coração) em particular. O uso de diuréticos continua a ser a pedra angular do tratamento, e a chave de todo ele continua a ser a optimização das medidas contra a insuficiência cardíaca. Para além de medidas dietéticas e do estilo de vida, o uso de bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona, bloqueadores β, terapêutica anti-agregante e anti-coagulante e terapêuticas vasodilatadoras são as principais estratégias utilizadas. Outras estratégias terapêuticas emergentes são a ultrafiltração, e os antagonistas dos receptores da vasopressina e da adenosina. Devido à complexa natureza destes doentes, e ao seu reservado prognóstico é de extrema importancia que cardiologistas, nefrologistas e internistas trabalhem todos em conjunto para um objectivo comum, o de um diagnóstico precoce e de uma terapêutica optimizada. Este artigo tentará, de modo sumário, fazer um revisão concisa do conhecimento actual sobre o síndrome cardiorenal e salientar estratégias de prevenção, diagnóstico e terapêutica desta importante entidade patológica.The incidence of cardiac failure and renal failure, either acute or chronic, has increased in recent decades and it has become now clear that the co-existence of these two diseases in one individual has a bad prognosis. The increasing frequency of the number of cases lead clinicians to further explore and define this pathology – the Cardiorenal Syndrome. This syndrome can be defined as a set of pathophysiological disorders between the heart and the kidney, in which an acute or chronic dysfunction, in one organ, can lead to a functional disorder, acute or chronic, on the other. According to a recent classification, the cardiorenal syndrome can be divided into five types, depending on the organ where the disturbance appears first: type 1 occurs when an acute degradation of the cardiac function leads to an acute renal dysfunction. When chronic disorders of the heart prearrange chronic renal disability we have a type 2 syndrome. An acute kidney injury, like a glomerulonephrytis, may have negative consequences for the heart, leading to heart failure or cardiac arrithymias, which we call type 3 syndrome. When chronic renal failure predisposes the patient to a systemic atherosclerotic process, fluid retention and consequently to heart damage, it is considered to be before a type 4 syndrome. Finally, type 5 is present when heart disease or kidney disease are the result of systemic conditions, something that happens when a heart failure or a renal failure are consequences of systemic conditions, like sepsis, diabetes mellitus or auto-imune diseases, which are responsible for the degradation of the heart and kidney functions. The complexity of the interactions between the kidney and heart and the absence of a clear definition and understanding of this pathology hinder its diagnosis and treatment. Nowadays, the guidelines for a correct management are empirical and very focused on each organ in particular. Diuretics still remain the cornerstone of the treatment, and the main goal still is the optimization measures against heart failure. In addition to dietary measures and lifestyle, the use of renin-angiotensin-aldosterone inhibitors, β blockers, anti-thrombotic agents and vasodilators are the main strategies used. Other therapeutic strategies are emerging to ultrafiltration and vasopressin and adenosine receptor antagonists. Due to the complex nature of these patients and to their bad prognosis it is extremely important that cardiologists, nephrologists and internists work together towards a common goal – that of an early diagnosis and an optimal treatment. This article will attempt to make a concise review of the current knowledge on the Cardiorenal syndrome and and to emphasize prevention, diagnosis and management strategies of this emerging pathology.2011-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/31406http://hdl.handle.net/10316/31406porCarvalho, Maria da Conceição Tavares Albuquerque Pais deinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-01-20T17:48:46Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/31406Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:44:53.458091Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticas
title Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticas
spellingShingle Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticas
Carvalho, Maria da Conceição Tavares Albuquerque Pais de
Síndrome cardiorenal
Terapia
Insuficiência cardíaca aguda
Insuficiência renal aguda
Insuficiência cardíaca crónica
Insuficiência renal crónica
title_short Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticas
title_full Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticas
title_fullStr Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticas
title_full_unstemmed Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticas
title_sort Síndrome cardiorenal e novas perspectivas terapêuticas
author Carvalho, Maria da Conceição Tavares Albuquerque Pais de
author_facet Carvalho, Maria da Conceição Tavares Albuquerque Pais de
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Carvalho, Maria da Conceição Tavares Albuquerque Pais de
dc.subject.por.fl_str_mv Síndrome cardiorenal
Terapia
Insuficiência cardíaca aguda
Insuficiência renal aguda
Insuficiência cardíaca crónica
Insuficiência renal crónica
topic Síndrome cardiorenal
Terapia
Insuficiência cardíaca aguda
Insuficiência renal aguda
Insuficiência cardíaca crónica
Insuficiência renal crónica
description A incidência de insuficiência cardíaca e insuficiência renal, quer aguda quer crónica, tem aumentado nas últimas décadas. A co-existência destas duas doenças num mesmo indivíduo apresenta mau prognóstico. Pelo aumento da frequência destes casos surgiu a necessidade de definir e estudar mais aprofundadamente esta entidade patológica – o Síndrome Cardiorenal. Este síndrome pode ser assim definido como um conjunto de alterações fisiopatológicas entre o coração e o rim, em que uma disfunção, aguda ou crónica, de um órgão pode conduzir a um compromisso funcional, agudo ou crónico, do outro. O síndrome cardiorenal pode ser dividido em 5 tipos, consoante o órgão onde a perturbação surge inicialmente: o tipo 1 acontece quando uma degradação aguda da função cardíaca predispõe a uma lesão renal aguda. Quando perturbações crónicas na função cardíaca conduzem à doença renal crónica e progressiva, estaremos perante o tipo 2. Uma lesão aguda no rim, como por exemplo uma glomerulonefrite, pode ter consequências negativas para o coração, como por exemplo levar a uma insuficiência cardíaca ou a arritmias, considerando-se neste caso um tipo 3. Quando a insuficiência renal crónica predispõe o indivíduo para processos ateroscleróticos, retenção hídrica e consequentemente a lesão cardíaca, considera-se estarmos perante o tipo 4. Por último, o tipo 5 está presente quando uma doença cardíaca ou uma doença renal são consequência de condições sistémicas responsáveis por degradar a sua função, como por exemplo a sepsis, a diabetes mellitus ou doenças auto-imunes. A complexidade das interacções entre o rim e o coração e a ausência de uma definição e explicação claras desta entidade dificultam o seu diagnóstico e tratamento. Actualmente, a terapêutica usada ainda é empírica e muito direccionada para cada órgão (rim ou coração) em particular. O uso de diuréticos continua a ser a pedra angular do tratamento, e a chave de todo ele continua a ser a optimização das medidas contra a insuficiência cardíaca. Para além de medidas dietéticas e do estilo de vida, o uso de bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona, bloqueadores β, terapêutica anti-agregante e anti-coagulante e terapêuticas vasodilatadoras são as principais estratégias utilizadas. Outras estratégias terapêuticas emergentes são a ultrafiltração, e os antagonistas dos receptores da vasopressina e da adenosina. Devido à complexa natureza destes doentes, e ao seu reservado prognóstico é de extrema importancia que cardiologistas, nefrologistas e internistas trabalhem todos em conjunto para um objectivo comum, o de um diagnóstico precoce e de uma terapêutica optimizada. Este artigo tentará, de modo sumário, fazer um revisão concisa do conhecimento actual sobre o síndrome cardiorenal e salientar estratégias de prevenção, diagnóstico e terapêutica desta importante entidade patológica.
publishDate 2011
dc.date.none.fl_str_mv 2011-03
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10316/31406
http://hdl.handle.net/10316/31406
url http://hdl.handle.net/10316/31406
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799133723155759104