Desenvolvimento de um Currículo de Ciências Físicas do Ensino Básico Centrado em Situações Formativas e Estudo de Aspectos Relativos à Linguagem Gráfica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Saraiva, Elisa Maria da Silva Cardoso
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/166
Resumo: O desenvolvimento de competências exige o envolvimento dos alunos e realiza-se através da vivência de experiências diferenciadas e contextualizadas, que vão ao encontro dos seus interesses e motivações. Para tal, torna-se necessária uma intervenção intencional e planeada, por parte dos professores, que garanta uma equilibrada educação em ciências, responda aos desafios do mundo actual e possibilite o desenvolvimento de conhecimentos, competências e atitudes, no contexto de uma verdadeira literacia científica. Não é possível, nos dias de hoje, continuar a conceber o currículo de uma forma estática, definida nos seus conteúdos, organização e modelos de trabalho, a partir de um único padrão, centralmente definido. A flexibilidade curricular é necessária para a prática do construtivismo em sala de aula, enfatizando as interacções sociais na construção do conhecimento e proporcionando ao aluno um ambiente que lhe permita participar activamente e cooperar na construção das suas aprendizagens. Para tal, é fundamental que a organização curricular tenha em conta as ideias prévias dos alunos e os seus saberes disponíveis. O conceito de situação formativa (Lopes, 2004) permite desenvolver um currículo promotor de aprendizagens de qualidade, mobilizador dos saberes disponíveis dos alunos e que lhes proporciona efectivas oportunidades para tomarem a iniciativa, num ambiente que lhes permite aprender de forma progressiva e sustentada. Além de desenvolver um currículo de Física baseado no conceito de situação formativa, fundamentado nas experiências didácticas publicadas na literatura, relativamente à necessidade de adequar o ensino aos alunos, mobilizando os seus saberes disponíveis, tivemos também o objectivo de estudar a relação existente entre o uso da representação gráfica e o desenvolvimento de competências, conhecimentos e atitudes, nomeadamente, em termos do envolvimento dos alunos na sua aprendizagem. A linguagem e os demais mecanismos semióticos desempenham um papel fundamental nos processos de aprendizagem, uma vez que é através da fala, das imagens e das representações que as ideias podem ser pensadas, trabalhadas e comunicadas. A Física utiliza os códigos simbólicos de três tipos linguagem (natural, gráfica e matemática) e, segundo Lopes (2004), há todo um trabalho de articulação entre elas que está por fazer. Além disso, na maioria das aulas de Física, são utilizados, como suporte da aprendizagem, uma variedade de documentos escritos-visuais (Astolfi et al., 2000), onde estão presentes uma série de mensagens icónicas acerca das quais, a maior parte das vezes, os alunos não conseguem alcançar o verdadeiro significado, uma vez que não dominam os códigos característicos desse tipo de linguagem. Importa, pois, explicitar os saberes que a compreensão de mensagens icónicas mobiliza, uma vez que os esquemas, os diagramas e outros formatos da linguagem gráfica possibilitam uma melhor compreensão dos fenómenos e facilitam a aprendizagem conceptual. No sentido de encontrar resposta às questões de investigação relativas ao uso da representação gráfica e ao papel do currículo implementado na qualidade das aprendizagens realizadas pelos alunos, foi desenhado o presente estudo de carácter qualitativo, cuja investigação resulta de uma intervenção didáctica, levada a cabo na unidade temática “Sistemas Eléctricos e Electrónicos” do 9º ano de escolaridade, e para a qual houve o desenvolvimento de um currículo baseado em situações formativas e o estudo de aspectos relativos à linguagem gráfica. Neste contexto, durante a implementação curricular desenvolvida neste estudo, os alunos foram confrontados, ao longo das várias situações formativas, com tarefas que lhes possibilitaram aprender a dominar os códigos simbólicos da linguagem gráfica, desenvolvendo competências em termos da sua leitura e produção. Participaram neste estudo cinco turmas do 9º ano de escolaridade, de três escolas públicas portuguesas. Em duas delas a professora acumulou também o papel de investigadora sobre a sua própria prática, sendo as restantes turmas leccionadas por duas docentes colaboradoras. A docente que leccionou duas outras turmas colaborou activamente com a investigadora no desenvolvimento de um currículo semelhante, baseado em situações formativas e com a mesma preocupação em estudar aspectos relativos à representação gráfica, realizando tarefas que possibilitassem o desenvolvimento de competências neste domínio. A quinta turma foi leccionada sem que o currículo desenvolvido se baseasse em situações formativas e sem qualquer preocupação, por parte da docente, com aspectos relativos à linguagem gráfica. De um modo geral, face aos resultados obtidos, podemos concluir que estes são francamente positivos e se traduziram numa melhoria ao nível da qualidade das aprendizagens realizadas, nomeadamente em termos de desenvolvimento de competências, conhecimentos e envolvimento dos alunos. O desenvolvimento curricular baseado em situações formativas, permitiu organizar o ensino de acordo com os saberes disponíveis dos alunos e possibilitou o envolvimento destes na sua aprendizagem, através das actividades desenvolvidas, em resultado das tarefas propostas e da autonomia concedida para a sua realização. Um outro aspecto fundamental, presente ao longo de todo o trabalho de gestão curricular, foi a preocupação em proporcionar aos alunos um ambiente de aprendizagem facilitador das interacções sociais entre professor e alunos, onde a mediação realizada foi determinante. A realização de tarefas no âmbito da linguagem gráfica possibilitou aos alunos o desenvolvimento de competências neste domínio, nomeadamente em termos de leitura e produção de representações, auxiliando-os no seu percurso de evolução conceptual e, simultaneamente, permitindo o desenvolvimento de uma verdadeira literacia visual, tão importante para o futuro como cidadãos, num mundo onde a comunicação assenta cada vez mais no poder da imagem.
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spelling Desenvolvimento de um Currículo de Ciências Físicas do Ensino Básico Centrado em Situações Formativas e Estudo de Aspectos Relativos à Linguagem GráficaEnsino da físicaEnsino básicoCurrículos centrados nos alunosDesenvolvimento dos currículosO desenvolvimento de competências exige o envolvimento dos alunos e realiza-se através da vivência de experiências diferenciadas e contextualizadas, que vão ao encontro dos seus interesses e motivações. Para tal, torna-se necessária uma intervenção intencional e planeada, por parte dos professores, que garanta uma equilibrada educação em ciências, responda aos desafios do mundo actual e possibilite o desenvolvimento de conhecimentos, competências e atitudes, no contexto de uma verdadeira literacia científica. Não é possível, nos dias de hoje, continuar a conceber o currículo de uma forma estática, definida nos seus conteúdos, organização e modelos de trabalho, a partir de um único padrão, centralmente definido. A flexibilidade curricular é necessária para a prática do construtivismo em sala de aula, enfatizando as interacções sociais na construção do conhecimento e proporcionando ao aluno um ambiente que lhe permita participar activamente e cooperar na construção das suas aprendizagens. Para tal, é fundamental que a organização curricular tenha em conta as ideias prévias dos alunos e os seus saberes disponíveis. O conceito de situação formativa (Lopes, 2004) permite desenvolver um currículo promotor de aprendizagens de qualidade, mobilizador dos saberes disponíveis dos alunos e que lhes proporciona efectivas oportunidades para tomarem a iniciativa, num ambiente que lhes permite aprender de forma progressiva e sustentada. Além de desenvolver um currículo de Física baseado no conceito de situação formativa, fundamentado nas experiências didácticas publicadas na literatura, relativamente à necessidade de adequar o ensino aos alunos, mobilizando os seus saberes disponíveis, tivemos também o objectivo de estudar a relação existente entre o uso da representação gráfica e o desenvolvimento de competências, conhecimentos e atitudes, nomeadamente, em termos do envolvimento dos alunos na sua aprendizagem. A linguagem e os demais mecanismos semióticos desempenham um papel fundamental nos processos de aprendizagem, uma vez que é através da fala, das imagens e das representações que as ideias podem ser pensadas, trabalhadas e comunicadas. A Física utiliza os códigos simbólicos de três tipos linguagem (natural, gráfica e matemática) e, segundo Lopes (2004), há todo um trabalho de articulação entre elas que está por fazer. Além disso, na maioria das aulas de Física, são utilizados, como suporte da aprendizagem, uma variedade de documentos escritos-visuais (Astolfi et al., 2000), onde estão presentes uma série de mensagens icónicas acerca das quais, a maior parte das vezes, os alunos não conseguem alcançar o verdadeiro significado, uma vez que não dominam os códigos característicos desse tipo de linguagem. Importa, pois, explicitar os saberes que a compreensão de mensagens icónicas mobiliza, uma vez que os esquemas, os diagramas e outros formatos da linguagem gráfica possibilitam uma melhor compreensão dos fenómenos e facilitam a aprendizagem conceptual. No sentido de encontrar resposta às questões de investigação relativas ao uso da representação gráfica e ao papel do currículo implementado na qualidade das aprendizagens realizadas pelos alunos, foi desenhado o presente estudo de carácter qualitativo, cuja investigação resulta de uma intervenção didáctica, levada a cabo na unidade temática “Sistemas Eléctricos e Electrónicos” do 9º ano de escolaridade, e para a qual houve o desenvolvimento de um currículo baseado em situações formativas e o estudo de aspectos relativos à linguagem gráfica. Neste contexto, durante a implementação curricular desenvolvida neste estudo, os alunos foram confrontados, ao longo das várias situações formativas, com tarefas que lhes possibilitaram aprender a dominar os códigos simbólicos da linguagem gráfica, desenvolvendo competências em termos da sua leitura e produção. Participaram neste estudo cinco turmas do 9º ano de escolaridade, de três escolas públicas portuguesas. Em duas delas a professora acumulou também o papel de investigadora sobre a sua própria prática, sendo as restantes turmas leccionadas por duas docentes colaboradoras. A docente que leccionou duas outras turmas colaborou activamente com a investigadora no desenvolvimento de um currículo semelhante, baseado em situações formativas e com a mesma preocupação em estudar aspectos relativos à representação gráfica, realizando tarefas que possibilitassem o desenvolvimento de competências neste domínio. A quinta turma foi leccionada sem que o currículo desenvolvido se baseasse em situações formativas e sem qualquer preocupação, por parte da docente, com aspectos relativos à linguagem gráfica. De um modo geral, face aos resultados obtidos, podemos concluir que estes são francamente positivos e se traduziram numa melhoria ao nível da qualidade das aprendizagens realizadas, nomeadamente em termos de desenvolvimento de competências, conhecimentos e envolvimento dos alunos. O desenvolvimento curricular baseado em situações formativas, permitiu organizar o ensino de acordo com os saberes disponíveis dos alunos e possibilitou o envolvimento destes na sua aprendizagem, através das actividades desenvolvidas, em resultado das tarefas propostas e da autonomia concedida para a sua realização. Um outro aspecto fundamental, presente ao longo de todo o trabalho de gestão curricular, foi a preocupação em proporcionar aos alunos um ambiente de aprendizagem facilitador das interacções sociais entre professor e alunos, onde a mediação realizada foi determinante. A realização de tarefas no âmbito da linguagem gráfica possibilitou aos alunos o desenvolvimento de competências neste domínio, nomeadamente em termos de leitura e produção de representações, auxiliando-os no seu percurso de evolução conceptual e, simultaneamente, permitindo o desenvolvimento de uma verdadeira literacia visual, tão importante para o futuro como cidadãos, num mundo onde a comunicação assenta cada vez mais no poder da imagem.The development of competences demands student involvement and it is achieved through differentiated and specific experiences that meet their interests and motivations. For such, a planed intervention becomes necessary, by the professors, which guarantees a balanced education in science, and answers to the challenges of the current world, making the development of knowledge, competences and attitudes possible, in the context of a true scientific literacy. It is not possible, nowadays, to continue to conceive the curriculum in a static, defined content, with an organization and models of work, from an only standard, centrally defined. Curricular flexibility is necessary to practice classroom constructivism, emphasizing the social interaction in the construction of knowledge and providing the student an environment that allows him to actively participate and cooperate in the construction of its learning’s. For such, it is fundamental that the curricular organization has in account the previous ideas of the students and its available knowledge. The concept of formative situation (Lopes, 2004) allows the developing of a promotional curriculum of quality learning, which mobilizes the available knowledge of students providing effective opportunities to take the initiative, in an environment that allows them to learn in a gradual and supported way. In addition to a developing curriculum in Physics, based on the concept of formative condition, supported on the published didactic experiences in literature, relatively to the necessity to adjust education to the students, mobilizing their available knowledge, we had also the objective to study the existing relationship between the use of the graphical representation and the development of competences, knowledge and attitudes, specifically, in terms of the involvement of students in their learning. The language and other semiotic mechanisms play a main role in the learning processes; once that is through speech, images and representations that the ideas can be communicated. The Physics uses the symbolic codes of three types of language (natural, graphical and mathematical) and, according to Lopes (2004), there’s an amount of articulate work between them that it is yet to be done. Moreover, in the majority of Physics’ lessons, a variety of “visual-written” documents (Astolfi et al., 2000), are used as a learning support, where a series of iconic ix messages are encrypted on, which, most of the times, students can’t reach its true meaning, because they don’t dominate the characteristic codes of this type of language. It matters, therefore, to explain the knowledge that the understanding of iconic messages mobilizes, because the schemes, the diagrams and other graphical language formats, allow a better understanding of the phenomena and make the conceptual learning easy. With the objective to find reply to investigation questions about the use of a graphical representation and the part of the implemented curriculum in the quality of student learning, it was drawn the present case study research, whose investigation is a result of a didactic intervention, that took place in the thematic unit "Electric and Electronic Systems" in the 9th grade, to which it was developed a curriculum, based on formative situations and the study of aspects related to graphical language. In this context, during the curricular implementation developed in this study, the students were faced, throughout several formative situations, with tasks that allowed them to learn to dominate the symbolic codes of graphical language, developing reading and production competences towards them. Five classes of 9th grade students participated in this study, from three Portuguese public schools. In four of them the two teachers also accumulated the role of investigators in their own practices, and work together in the development of a similar curriculum, based in formative situations and with the same concern in studying aspects related to graphical representation, carrying out tasks that made possible the development of competences in this domain. The fifth class was lectured by one collaborating teacher, without the developed curriculum, basing itself on formative situations and without any concern, on the part of the teacher, with aspects related with the graphical language. In a general way, face the results obtained, we can conclude that these are frankly positive and they translated themselves in an improvement to the level of quality of the learning carried through, in terms of the development of competences, knowledge and students involvement. The curricular development based in formative situations, allowed to organize education in accordance with the available knowledge of students and made possible their involvement in its learning process, through the developed activities, as a result of the demanded tasks and the granted autonomy for its accomplishment. Another basic aspect, present throughout all the work of curricular management, was the concern in providing x students a propitious learning environment to social interactions between professor and students, where the mediation carried through was determinative. The accomplishment of tasks, in the scope of graphical language made possible to students the development of competences in this domain, namely in terms of reading and representations production, assisting them in their path of conceptual evolution and, simultaneously, allowing the development of a true visual literacy, so important for their future as citizens, in a world where the communication relies more and more in the power of image.2010-08-17T15:25:41Z2007-01-01T00:00:00Z2007info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/166pormetadata only accessinfo:eu-repo/semantics/openAccessSaraiva, Elisa Maria da Silva Cardosoreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:27:53Zoai:repositorio.utad.pt:10348/166Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:00:10.314034Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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A flexibilidade curricular é necessária para a prática do construtivismo em sala de aula, enfatizando as interacções sociais na construção do conhecimento e proporcionando ao aluno um ambiente que lhe permita participar activamente e cooperar na construção das suas aprendizagens. Para tal, é fundamental que a organização curricular tenha em conta as ideias prévias dos alunos e os seus saberes disponíveis. O conceito de situação formativa (Lopes, 2004) permite desenvolver um currículo promotor de aprendizagens de qualidade, mobilizador dos saberes disponíveis dos alunos e que lhes proporciona efectivas oportunidades para tomarem a iniciativa, num ambiente que lhes permite aprender de forma progressiva e sustentada. Além de desenvolver um currículo de Física baseado no conceito de situação formativa, fundamentado nas experiências didácticas publicadas na literatura, relativamente à necessidade de adequar o ensino aos alunos, mobilizando os seus saberes disponíveis, tivemos também o objectivo de estudar a relação existente entre o uso da representação gráfica e o desenvolvimento de competências, conhecimentos e atitudes, nomeadamente, em termos do envolvimento dos alunos na sua aprendizagem. A linguagem e os demais mecanismos semióticos desempenham um papel fundamental nos processos de aprendizagem, uma vez que é através da fala, das imagens e das representações que as ideias podem ser pensadas, trabalhadas e comunicadas. A Física utiliza os códigos simbólicos de três tipos linguagem (natural, gráfica e matemática) e, segundo Lopes (2004), há todo um trabalho de articulação entre elas que está por fazer. Além disso, na maioria das aulas de Física, são utilizados, como suporte da aprendizagem, uma variedade de documentos escritos-visuais (Astolfi et al., 2000), onde estão presentes uma série de mensagens icónicas acerca das quais, a maior parte das vezes, os alunos não conseguem alcançar o verdadeiro significado, uma vez que não dominam os códigos característicos desse tipo de linguagem. Importa, pois, explicitar os saberes que a compreensão de mensagens icónicas mobiliza, uma vez que os esquemas, os diagramas e outros formatos da linguagem gráfica possibilitam uma melhor compreensão dos fenómenos e facilitam a aprendizagem conceptual. No sentido de encontrar resposta às questões de investigação relativas ao uso da representação gráfica e ao papel do currículo implementado na qualidade das aprendizagens realizadas pelos alunos, foi desenhado o presente estudo de carácter qualitativo, cuja investigação resulta de uma intervenção didáctica, levada a cabo na unidade temática “Sistemas Eléctricos e Electrónicos” do 9º ano de escolaridade, e para a qual houve o desenvolvimento de um currículo baseado em situações formativas e o estudo de aspectos relativos à linguagem gráfica. Neste contexto, durante a implementação curricular desenvolvida neste estudo, os alunos foram confrontados, ao longo das várias situações formativas, com tarefas que lhes possibilitaram aprender a dominar os códigos simbólicos da linguagem gráfica, desenvolvendo competências em termos da sua leitura e produção. Participaram neste estudo cinco turmas do 9º ano de escolaridade, de três escolas públicas portuguesas. Em duas delas a professora acumulou também o papel de investigadora sobre a sua própria prática, sendo as restantes turmas leccionadas por duas docentes colaboradoras. A docente que leccionou duas outras turmas colaborou activamente com a investigadora no desenvolvimento de um currículo semelhante, baseado em situações formativas e com a mesma preocupação em estudar aspectos relativos à representação gráfica, realizando tarefas que possibilitassem o desenvolvimento de competências neste domínio. A quinta turma foi leccionada sem que o currículo desenvolvido se baseasse em situações formativas e sem qualquer preocupação, por parte da docente, com aspectos relativos à linguagem gráfica. De um modo geral, face aos resultados obtidos, podemos concluir que estes são francamente positivos e se traduziram numa melhoria ao nível da qualidade das aprendizagens realizadas, nomeadamente em termos de desenvolvimento de competências, conhecimentos e envolvimento dos alunos. O desenvolvimento curricular baseado em situações formativas, permitiu organizar o ensino de acordo com os saberes disponíveis dos alunos e possibilitou o envolvimento destes na sua aprendizagem, através das actividades desenvolvidas, em resultado das tarefas propostas e da autonomia concedida para a sua realização. Um outro aspecto fundamental, presente ao longo de todo o trabalho de gestão curricular, foi a preocupação em proporcionar aos alunos um ambiente de aprendizagem facilitador das interacções sociais entre professor e alunos, onde a mediação realizada foi determinante. A realização de tarefas no âmbito da linguagem gráfica possibilitou aos alunos o desenvolvimento de competências neste domínio, nomeadamente em termos de leitura e produção de representações, auxiliando-os no seu percurso de evolução conceptual e, simultaneamente, permitindo o desenvolvimento de uma verdadeira literacia visual, tão importante para o futuro como cidadãos, num mundo onde a comunicação assenta cada vez mais no poder da imagem.
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