Este obscuro objecto do desejo etnográfico: o museu
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2007 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1822/63502 |
Resumo: | [Excerto] “Vite, Milou, au musée Ethnographique!”: quando o tIntim sai de casa a correr, no início de A Orelha Quebrada, o seu visível entusiasmo não provém de um particular interesse em exposições ou em colecções de etnografia exótica: acabou de ser anunciado na rádio que durante a noite o museu foi palco de um intrigante assalto e que desapareceu um fetiche muito raro. Uma parte da atracção operada pela obra de hergé resulta sem dúvida da sua notável capacidade para dar um valor icónico aos seus desenhos: um carro, um polícia ou um foguetão desenhados por ele não são um carro, um polícia ou um foguetão quaisquer, são o carro, o polícia e o foguetão, quase que arquetipais. Da mesma maneira, nalgumas pinceladas, as imagens da primeira página de A Orelha Quebrada chegam para nos mostrar uma instituição que parece corresponder exactamente à sua imagem mais difundida no imaginário partilhado: monumentalidade da entrada; organização por áreas geográfico-culturais extra-ocidentais; rotulagem descritiva e descontextualizadora; artefactos seleccionados antes de mais por razões estéticas; público burguês contido, cuidadoso (já que as vitrinas são algo estranhamente raras aqui) em não quebrar a distância física, limitando um deleite que só pode ser visual; guarda fardado, detentor de inquestionável autoridade institucional, mas que trata os objectos com a familiaridade de um coleccionador blasé, etc. Em suma, mais ou menos aquilo que um estudante em antropologia formado hoje em dia aprende que um museu etnográfico não deve ser. [...] |
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