Análise molecular da transmissão do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 entre casais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gouveia, Vanda Maria dos Reis Gaspar Seabra Mota de
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/15039
Resumo: Dissertação de mestrado Síndrome da Imunodeficiência Adquirida : da Prevenção à Terapêutica, apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
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spelling Análise molecular da transmissão do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 entre casaisTransmissão de doenças infecciosasHIV-1Dissertação de mestrado Síndrome da Imunodeficiência Adquirida : da Prevenção à Terapêutica, apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de CoimbraIntrodução: o vírus da Imunodeficiência Adquirida tipo 1 (HIV-1) é caracterizado por uma extensa variabilidade genética, resultante do elevado número de mutações que ocorrem no genoma do HIV-1 como consequência da baixa fidelidade da transcriptase inversa, da ausência da função correctora e do rápido turnover da população vírica. Como consequência, a evolução do HIV-1 no hospedeiro e entre hospedeiros é bastante diferente. No hospedeiro, a população vírica encontra-se sujeita a uma selecção natural como resultado do esforço contínuo para iludir ao sistema imunitário, e escapar aos tratamentos anti-retrovíricos. Entre hospedeiros, a diversidade genética do HIV-1 é predominantemente moldada por factores espaciais e temporais da sua história demográfica. Devido ao importante papel desempenhado pela variabilidade genética do HIV-1 na pandemia da SIDA, a aplicação de técnicas moleculares no estudo do HIV-1 vêem dar um grande contributo no desenvolvimento de vacinas, monitorização de resistências aos anti-retrovíricos e na reconstrução de eventos de transmissão. Objectivos: o presente estudo teve por objectivo a investigação dos eventos de transmissão entre casais infectados com o HIV-1. Material e métodos: as sequências pol utilizadas foram obtidas a partir de amostras plasmáticas de 37 casais infectados com HIV-1, inscritos no Departamento de Doenças Infecciosas dos Hospitais da Universidade de Coimbra, e incluem amostras de infecções agudas, de infecções crónicas mas sem experiência aos anti-retrovíricos e em falência terapêutica. Para todos os pacientes encontrava-se disponível a informação clínica e epidemiológica. Todas as amostras plasmáticas foram sequenciadas nos segmentos da protease e da transcriptase inversa do gene pol do HIV-1, analisadas para determinação da presença de mutações de resistência à terapêutica anti-retrovírica, e filogeneticamente analisadas para a atribuição do subtipo genético e para a determinação de pares com ligação filogenética. Resultados: neste estudo foram analisados epidemiologicamente e filogeneticamente 74 indivíduos. Destes, 75,68% pertenciam a casais heterossexuais e 24,32% a casais homossexuais. A maioria (93,24%) eram de nacionalidade Portuguesa e residiam na região centro de Portugal (94,56%). Para 70,25% dos indivíduos, a infecção pelo HIV-1 ocorreu em Portugal, para 9,46% num outro país Europeu e para 16,22% ocorreu em África. Todos os casais, com excepção de um, eram caucasianos com uma idade média de 47,19 anos (idade mínima 33 e máxima de 74 anos). 13,51% dos indivíduos referiam uma história de utilização de drogas injectáveis (1,35% pertencentes a casais homossexuais e 12,16% pertencentes a casais heterossexuais), 21,62% referiram ter tido mais de um parceiro sexual ou outro comportamento de risco (4,05% pertencentes a casais homossexuais e 17,57% pertencentes a casais heterossexuais). Dos 37 casais, 30 (81,08%) atribuíram a transmissão do HIV-1 a um dos elementos do casal. Nos casais heterossexuais, o subtipo com maior prevalência era o subtipo B (53,70%), seguido pelo subtipo C (18,52%), G (11,11%), A e CRF02_AG (5,56%), F (3,70%) e em 1,85% não foi possível identificar o subtipo. Todos os elementos dos casais homossexuais pertenciam ao subtipo B, excepto 2 (11,11%) para os quais o subtipo não foi determinado. Foram encontradas mutações de resistência aos anti-retrovíricos em 17 (22,97%) indivíduos, dos quais 4,05% eram indivíduos sem experiência aos anti-retrovíricos. Todos os 3 indivíduos que apresentavam padrões de mutações de transmissão pertenciam a 3 pares com ligação epidemiológica. Conclusão:os nossos resultados demonstram que dos 30 casais que atribuíam a transmissão do HIV- 1 a um dos elementos do casal, 25 foram molecularmente confirmados como epidemiologicamente ligados. Assim, a assunção de uma ligação de transmissão baseada apenas na informação prestada pelas pessoas envolvidas, será muito provavelmente incorrecta, embora o número de transmissões não ligadas, possa variar consoante factores demográficos, étnicos e comportamentais. Foi também observada uma grande heterogeneidade de subtipos, associada à transmissão heterossexual, confirmando a introdução e difusão dos subtipos não-B na população. A presença da mesma mutação de resistência aos anti-retrovíricos em 3 pares ligados epidemiologicamente, onde pelo menos um dos elementos não tinha sido sujeito a terapêutica anti-retrovírica, ilustra o potencial para a transmissão secundaria destes vírus com mutações de resistências. A análise da árvore filogenética revelou 27 “clusters” de transmissão, 22 de casais heterossexuais, 4 de casais homossexuais e um “cluster” formado por 3 indivíduos. A grande maioria das ligações de transmissão (92,56%) foram confirmadas pelos dados epidemiológicos.Background: the Human Immunodeficiency Virus type 1 (HIV-1) is characterized by extensive genetic variability that results from high mutation rate of HIV- 1 genome associated with the low fidelity of the reverse transcriptase, the lack of proofreading function and the rapid turnover of viral population. As a consequence, the evolution of HIV-1 within and across hosts is known to be remarkably different. Within hosts, the viral population is subjected to natural selection as a result of a continued effort to evade the immune system, and escape from antiretroviral treatments. Across hosts, the HIV-1 genetic diversity is predominantly shaped by spatial and temporal factors in the demographic history. Because HIV-1 genetic variation plays a major role in the worldwide AIDS epidemic, molecular techniques have shaped the strategies used in the HIV-1 studies such as vaccine development, monitoring of antiretroviral drug resistance and the reconstruction of transmission events. Objectives: The present study aims to investigate the transmission events occurring among HIV-1 infected couples. Material and methods: The pol sequences used in this study were generated from plasma samples collected from 37 HIV-1 infected couples followed in Department of Infectious Diseases of Hospitais da Universidade de Coimbra, and included samples from acute infections, chronic but drugnaïve infections and from patients at the time of therapy failure. Clinical, epidemiological information was available for all the patients. All the plasma samples were sequenced in the protease and reverse transcriptase segments of the pol gene of HIV-1, analysed to determine the presence of resistance mutations to antiretroviral therapy, and philogenetically analysed for subtyping attribution and for the presence of linkage pairs. To establish the transmission link between the couples we evaluated the epidemiological and clinical data, the presence of antiretroviral mutations, and philogenetic link. Results: a total of 74 individuals were included in the epidemiological and phylogenetic analyses. Of these, 75,68% belong to heterosexual couples and 24,32% to homosexual couples. Almost all (93,24%) were Portuguese and living in the central region of Portugal (94,59%). For 70,25% of the individuals the HIV-1 infection occurred in Portugal, for 9,46% in another European country and for 16,22% it occurred in Africa. All the couples except one were Caucasian with the median age of 47,19 years (range 33-74). 13,51% of the individuals reported a history of injecting drug use (1,35% from homosexual couples, and 12,16% from heterosexual couples), 21,62% reported having more than one sexual partner or other sexual risk behaviour (4,05% from homosexual couples, and 17,57% from heterosexual couples). Out of the 37 couples, 30 (81,08%) claimed the transmission had occurred between the partners of the same couple. The most prevalent subtype in heterosexual couples was subtype B (53,70%), followed by subtype C (18,52%), G (11,11%), A and CRF02_AG (5,56%), F (3,70%) and for 1,85% was not possible to identify the subtype. All the individuals of homosexual couples where subtype B, except for 2 from whom we didn't determine the subtype. Drug resistance mutation to antiretroviral treatment was detected in 17 of the patients (4,05% belonged to naïve individuals). The phylogenetic tree revealed 27 transmission clusters, 22 from heterosexual couples, 4 from homosexual couples and one cluster of 3 individuals. Almost all the transmission linkages (92,59%) were confirmed by epidemiological data. All the 3 individuals that revealed the presence of transmission mutations belonged to 3 linkage pairs. Conclusions: the results show that of 30 couples assumed to have transmitted to each other, 25 were molecularly confirmed as epidemiologically linked. Thus, assumptions concerning transmission linkage based on patient self-reporting alone are unlikely to be accurate, although the number of unlinked transmission may depend on demographic, ethnic, and behavioural circumstances. We also observed high subtype heterogeneity, associated with heterosexual transmission, revealing the introduction and diffusion of non-B subtypes in the population. The presence of the same antiretroviral resistance mutation in 3 cluster pairs, where at least one of then had never received antiretroviral therapy, illustrates the potential for the secondary spread of such resistant strains.2009info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/15039http://hdl.handle.net/10316/15039porGouveia, Vanda Maria dos Reis Gaspar Seabra Mota de - Análise molecular da transmissão do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 entre casais. Coimbra : [ed. do autor], 2009Gouveia, Vanda Maria dos Reis Gaspar Seabra Mota deinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-01-20T17:48:42Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/15039Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:44:19.166232Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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