Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigente

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Artur Machado
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/34123
Resumo: O desenvolvimento crescente da criminalidade empresarial, enquanto realidade social que requer a intervenção urgente do sistema punitivo, obrigou o Direito Penal a adaptar a sua estrutura de forma a reconhecer as pessoas colectivas como agentes criminosos, assim se abandonando o tradicional princípio societas delinquere non potest. Esta operação, pela sua complexidade e especialmente em virtude das concepções e teorias desenhadas pela criminologia e fortemente enraizadas no nosso ordenamento jurídico, exige um esforço e labor adicionais por parte da doutrina na tentativa de fazer assentar o instituto da responsabilidade penal das pessoas colectivas sobre bases sólidas. A estrutura das organizações empresariais modernas, caracterizada por uma complexidade e dimensão notáveis, constitui-se como principal obstáculo à realização dos objectivos primordiais do Direito Penal, permitindo que aquelas constantemente se furtem à sua responsabilização penal em função de uma dispersão de responsabilidades baseada na prática dos actos materiais da execução criminosa por parte dos subalternos dentro da estrutura colectiva, os quais se assumem como incapazes de por si só manifestar uma vontade colectiva e como tal vincular a organização. Neste contexto surge a resposta dada pela alínea b) do número 2 do artigo 11.º do Código Penal português, socorrendo-se dos deveres de vigilância e controlo dos dirigentes da pessoa colectiva enquanto factor chave para imputar a esta as condutas dos seus subalternos e permitindo fundamentar a sua responsabilidade num domínio da organização para a execução do crime. Torna-se assim indispensável proceder a uma densificação, interpretação e articulação dos conceitos apresentados por este artigo 11.º, de forma a promover plenitude e adequação das soluções por si apresentadas no combate à criminalidade que encontra nestes entes colectivos os seus principais agentes.
id RCAP_5f401a71775380248841d969bc48b375
oai_identifier_str oai:repositorio.ul.pt:10451/34123
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigentePessoas colectivasResponsabilidade penalVigilânciaControleDirigentesTeses de mestrado - 2018DireitoO desenvolvimento crescente da criminalidade empresarial, enquanto realidade social que requer a intervenção urgente do sistema punitivo, obrigou o Direito Penal a adaptar a sua estrutura de forma a reconhecer as pessoas colectivas como agentes criminosos, assim se abandonando o tradicional princípio societas delinquere non potest. Esta operação, pela sua complexidade e especialmente em virtude das concepções e teorias desenhadas pela criminologia e fortemente enraizadas no nosso ordenamento jurídico, exige um esforço e labor adicionais por parte da doutrina na tentativa de fazer assentar o instituto da responsabilidade penal das pessoas colectivas sobre bases sólidas. A estrutura das organizações empresariais modernas, caracterizada por uma complexidade e dimensão notáveis, constitui-se como principal obstáculo à realização dos objectivos primordiais do Direito Penal, permitindo que aquelas constantemente se furtem à sua responsabilização penal em função de uma dispersão de responsabilidades baseada na prática dos actos materiais da execução criminosa por parte dos subalternos dentro da estrutura colectiva, os quais se assumem como incapazes de por si só manifestar uma vontade colectiva e como tal vincular a organização. Neste contexto surge a resposta dada pela alínea b) do número 2 do artigo 11.º do Código Penal português, socorrendo-se dos deveres de vigilância e controlo dos dirigentes da pessoa colectiva enquanto factor chave para imputar a esta as condutas dos seus subalternos e permitindo fundamentar a sua responsabilidade num domínio da organização para a execução do crime. Torna-se assim indispensável proceder a uma densificação, interpretação e articulação dos conceitos apresentados por este artigo 11.º, de forma a promover plenitude e adequação das soluções por si apresentadas no combate à criminalidade que encontra nestes entes colectivos os seus principais agentes.The increasing development of corporate criminality, whilst social reality that requires the urgent intervention of the punitive system, forced the Criminal Law to adapt its structure in order to recognize legal persons as criminal agents, therefore abandoning the classic provision societas delinquere non potest. This operation, because of its complexity and particularly due to the concepts and theories designed by the criminal science and highly rooted in our legal order, demands an additional effort and labour on part of the doctrine in an attempt to establish the institute of corporate criminal liability upon solid basis. The structure of modern corporate organisations, defined by a remarkable complexity and dimension, represents itself the main obstacle to the achievement of the primary goals of Criminal Law, allowing those organisations to constantly evade their criminal liability due to a dissipation of responsibilities based on the commitment of material acts of the criminal execution by the subordinates within the corporate structure, incapable to express themselves a corporate will and therefore bind the organisation. In this scenario arises the answer given by the paragraph b) of number 2 of article 11 of the Portuguese Criminal Code, relying on the duties of surveillance and control of the people with a leading position within the corporation as key factor to attribute to these legal persons the conducts of its subordinates and allowing the justification of its liability in a domination of the organisation for the execution of the crime. It is therefore crucial to proceed with a densification, interpretation and articulation of the concepts provided by this article 11, in order to promote the completeness and adjustment of the solutions there presented in the fight against the crime that finds in this legal persons its main actors.Brito, Teresa Quintela deRepositório da Universidade de LisboaOliveira, Artur Machado2018-07-05T19:15:40Z2018-04-042018-04-04T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/34123porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:29:18Zoai:repositorio.ul.pt:10451/34123Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:48:55.957230Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigente
title Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigente
spellingShingle Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigente
Oliveira, Artur Machado
Pessoas colectivas
Responsabilidade penal
Vigilância
Controle
Dirigentes
Teses de mestrado - 2018
Direito
title_short Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigente
title_full Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigente
title_fullStr Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigente
title_full_unstemmed Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigente
title_sort Violação dos deveres de vigilância e controlo : responsabilização penal da pessoa colectiva e do seu dirigente
author Oliveira, Artur Machado
author_facet Oliveira, Artur Machado
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Brito, Teresa Quintela de
Repositório da Universidade de Lisboa
dc.contributor.author.fl_str_mv Oliveira, Artur Machado
dc.subject.por.fl_str_mv Pessoas colectivas
Responsabilidade penal
Vigilância
Controle
Dirigentes
Teses de mestrado - 2018
Direito
topic Pessoas colectivas
Responsabilidade penal
Vigilância
Controle
Dirigentes
Teses de mestrado - 2018
Direito
description O desenvolvimento crescente da criminalidade empresarial, enquanto realidade social que requer a intervenção urgente do sistema punitivo, obrigou o Direito Penal a adaptar a sua estrutura de forma a reconhecer as pessoas colectivas como agentes criminosos, assim se abandonando o tradicional princípio societas delinquere non potest. Esta operação, pela sua complexidade e especialmente em virtude das concepções e teorias desenhadas pela criminologia e fortemente enraizadas no nosso ordenamento jurídico, exige um esforço e labor adicionais por parte da doutrina na tentativa de fazer assentar o instituto da responsabilidade penal das pessoas colectivas sobre bases sólidas. A estrutura das organizações empresariais modernas, caracterizada por uma complexidade e dimensão notáveis, constitui-se como principal obstáculo à realização dos objectivos primordiais do Direito Penal, permitindo que aquelas constantemente se furtem à sua responsabilização penal em função de uma dispersão de responsabilidades baseada na prática dos actos materiais da execução criminosa por parte dos subalternos dentro da estrutura colectiva, os quais se assumem como incapazes de por si só manifestar uma vontade colectiva e como tal vincular a organização. Neste contexto surge a resposta dada pela alínea b) do número 2 do artigo 11.º do Código Penal português, socorrendo-se dos deveres de vigilância e controlo dos dirigentes da pessoa colectiva enquanto factor chave para imputar a esta as condutas dos seus subalternos e permitindo fundamentar a sua responsabilidade num domínio da organização para a execução do crime. Torna-se assim indispensável proceder a uma densificação, interpretação e articulação dos conceitos apresentados por este artigo 11.º, de forma a promover plenitude e adequação das soluções por si apresentadas no combate à criminalidade que encontra nestes entes colectivos os seus principais agentes.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-07-05T19:15:40Z
2018-04-04
2018-04-04T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10451/34123
url http://hdl.handle.net/10451/34123
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134420140032000