Resistência a antimicrobianos em Staphylococcus aureus isolados de animais de companhia

• Autor(a) principal: RIBEIRO, Rute
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/116300
• topic: Ciências biomédicas; Microbiologia médica; Resistência a antimicrobianos em Staphylococcus aureus; Animais de companhia; Domínio/Área Científica::Ciências Médicas

Em medicina veterinária, as infeções da pele e tecidos moles (skin and soft tissue infecti-ons, SSTIs) são uma das patologias mais frequentes, maioritariamente causadas por Staphylococcus spp., incluindo S. aureus. Para além da sua relevância na saúde humana, as estirpes resistentes à meticilina (methicillin-resistant S. aureus, MRSA) são agora um problema emergente em medicina veterinária. Adicionalmente, o uso intensivo de antibi-óticos e biocidas é apontado como uma potencial força seletiva da emergência e dissemi-nação de bactérias resistentes a antimicrobianos. Esta Dissertação teve como alvo uma coleção de 55 S. aureus associados a SSTIs em animais de companhia, sobretudo cães e gatos. Estes são provenientes de isolados obtidos de amostras biológicas rececionadas por dois laboratórios em Lisboa, entre 1999 e 2018. A identificação dos isolados foi confirmada por amplificação do gene nuc, utilizando pri-mers específicos da espécie. A caracterização dos perfis de suscetibilidade a antibióticos (incluindo tópicos) e biocidas (antissépticos e metais pesados) foi realizada pelo método de difusão em disco e determinação da concentração mínima inibitória (CMI), respetiva-mente. A distribuição de halos de inibição e/ou CMIs foi utilizada para estimar ECOFFs (epidemiological cut-off values) para cada combinação S. aureus-antibiótico/biocida. A presença de determinantes genotípicos de resistência a antibióticos e biocidas foi pesqui-sada por PCR. Já a atividade de efluxo foi avaliada pelo Método Cartwheel-EtBr e por determinação da CMI de brometo de etídio (EtBr). No total dos 55 S. aureus caracterizados, 56,4 % (31/55) são MRSA. Mais de 85 % dos isolados são resistentes a, pelo menos, um antibiótico e 12,7 % demonstram um fenótipo de multi-resistência (multidrug resistance, MDR). As classes antibióticas mais prevalen-tes nos perfis de resistência foram os β-lactâmicos (81,8 %), fluoroquinolonas (56,4 %) e macrólidos/lincosamidas (14,5 %). A resistência aos β-lactâmicos e aos macrólidos/lin-cosamidas encontra-se associada aos determinantes genotípicos blaZ e/ou mecA, erm(A) ou erm(C), respetivamente. Também foi detetada resistência ao ácido fusídico, florfenicol e gentamicina, relacionada com a presença dos genes fusC, fexA, e aadD, e ainda à baci-tracina. Quanto aos biocidas, a determinação de ECOFFs permitiu a identificação de vários iso-lados non wild-type (NWT) para o brometo de tetrafenilfosfónio, arseniato, cádmio e zinco. A diminuição da suscetibilidade a estes foi associada à presença dos genes smr, arsB, cadA e cadD. Os isolados NWT para estes biocidas também demonstraram maior atividade de efluxo. No seu conjunto, os dados obtidos demonstram uma elevada prevalência de resistência a antimicrobianos em S. aureus associados a SSTIs em animais de companhia, particular-mente MRSA e MDR, evidenciando a crescente limitação das opções terapêuticas para estas infeções. Estes resultados reforçam a necessidade de uma abordagem One Health no estudo de infeções bacterianas causadas por estafilococos em animais de companhia.