A coordenação do departamento curricular : concepções, lógicas e práticas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moreira, Maria Gabriela Fernandes dos Reis
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.2/6478
Resumo: Este estudo situa-se na área da gestão intermédia da organização escola e visa compreender o papel e a acção do Coordenador do Departamento Curricular, e, concomitantemente, as representações, lógicas e práticas da Coordenação do Departamento Curricular de modo a explicitar os contributos desta estrutura para a definição das políticas educativas de escola e para gestão intermédia da organização num agrupamento de escolas onde a autonomia é o grande desafio do momento. A investigação, de natureza qualitativa, foi realizada num Agrupamento de Escolas na região de Lisboa, e envolveu, essencialmente, a realização de entrevistas, que nos possibilitaram descrições dos modos de agir e de estar e as perspectivas dos entrevistados sobre o papel e o funcionamento desta estrutura de gestão intermédia. A opção por uma abordagem metodológica de índole qualitativa, de natureza descritiva e interpretativa, na forma de estudo de caso, constituiu, quanto a nós, a forma mais adequada de entrar em contacto directo com um determinado espaço organizacional no sentido de recolher e descrever as significações que os actores atribuem ao papel e acção do coordenador. Respondendo à problemática do nosso estudo, evidenciamos que esta estrutura organizacional e funcional da escola – a Coordenação do Departamento Curricular, exige: a) um actor – coordenador que reúna saber técnico, competência científica e autoridade profissional; b) uma liderança transformacional e pedagógica; c) uma valorização e “profissionalização”do cargo; d) dinâmicas de trabalho assentes na colaboração e na participação. Os resultados obtidos mostraram que: a) o profissional CDC exerce uma diversidade de papéis, funções e tarefas, cada vez mais complexas, sem formação específica para o cargo; b) As lógicas, igualitarista e paritária, explicam a quase inexistência da prática da supervisão e controlo pedagógico sobre as práticas docentes e a ausência de reconhecimento e valorização do cargo; c) A predominância da lógica disciplinar tem vindo a condicionar o trabalho nos departamentos e a dificultar o trabalho de articulação e gestão curricular, continuando a existir a prática do individualismo docente. Contudo, os elementos recolhidos sugerem algumas mudanças ao nível das formas de trabalho entre os professores. A prática de novas modalidades de trabalho pedagógico que passam pela prática colaborativa e colegial (trabalho em equipa, reflexão e avaliação conjunta de actividades, troca de experiências e materiais, cooperação entre professores, reflexão conjunta sobre práticas pedagógicas), procuram inverter a posição privilegiada ocupada pela prática do individualismo docente e são percepcionadas como um meio de crescimento profissional, de participação na organização e de qualidade do ensino. O actual momento político – educativo, com a publicação de novas leis relativas à carreira profissional dos professores e à gestão escolar, situam esta estrutura de gestão pedagógica intermédia e o seu coordenador numa encruzilhada entre o instituído e novos desafios que poderão contribuir para abrir fissuras nas lógicas e nas práticas instituídas.
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A investigação, de natureza qualitativa, foi realizada num Agrupamento de Escolas na região de Lisboa, e envolveu, essencialmente, a realização de entrevistas, que nos possibilitaram descrições dos modos de agir e de estar e as perspectivas dos entrevistados sobre o papel e o funcionamento desta estrutura de gestão intermédia. A opção por uma abordagem metodológica de índole qualitativa, de natureza descritiva e interpretativa, na forma de estudo de caso, constituiu, quanto a nós, a forma mais adequada de entrar em contacto directo com um determinado espaço organizacional no sentido de recolher e descrever as significações que os actores atribuem ao papel e acção do coordenador. Respondendo à problemática do nosso estudo, evidenciamos que esta estrutura organizacional e funcional da escola – a Coordenação do Departamento Curricular, exige: a) um actor – coordenador que reúna saber técnico, competência científica e autoridade profissional; b) uma liderança transformacional e pedagógica; c) uma valorização e “profissionalização”do cargo; d) dinâmicas de trabalho assentes na colaboração e na participação. Os resultados obtidos mostraram que: a) o profissional CDC exerce uma diversidade de papéis, funções e tarefas, cada vez mais complexas, sem formação específica para o cargo; b) As lógicas, igualitarista e paritária, explicam a quase inexistência da prática da supervisão e controlo pedagógico sobre as práticas docentes e a ausência de reconhecimento e valorização do cargo; c) A predominância da lógica disciplinar tem vindo a condicionar o trabalho nos departamentos e a dificultar o trabalho de articulação e gestão curricular, continuando a existir a prática do individualismo docente. Contudo, os elementos recolhidos sugerem algumas mudanças ao nível das formas de trabalho entre os professores. A prática de novas modalidades de trabalho pedagógico que passam pela prática colaborativa e colegial (trabalho em equipa, reflexão e avaliação conjunta de actividades, troca de experiências e materiais, cooperação entre professores, reflexão conjunta sobre práticas pedagógicas), procuram inverter a posição privilegiada ocupada pela prática do individualismo docente e são percepcionadas como um meio de crescimento profissional, de participação na organização e de qualidade do ensino. O actual momento político – educativo, com a publicação de novas leis relativas à carreira profissional dos professores e à gestão escolar, situam esta estrutura de gestão pedagógica intermédia e o seu coordenador numa encruzilhada entre o instituído e novos desafios que poderão contribuir para abrir fissuras nas lógicas e nas práticas instituídas.This study deals with the intermediate management of school organization and aims to understand the role and action of the Curricula Department Coordinator as well as the logic and practical representations of the Curricula Department Coordination in order to express the contributions of this structure for the definition of school educational policies and the intermediate management of organization, in a Group of Schools where the autonomy is the great challenge of the moment. This qualitative research was carried out in a School near Lisbon and involved essentially the conduct of interviews with teachers, which made possible for us to analyze descriptions about the ways of behaving and acting as well as the interviewees’ views on the role and functioning of this intermediate management structure. The choice of a case study with a qualitative, descriptive and interpretative methodological approach was, in our point of view, the most suitable way to get in direct contact with a certain organizational environment in order to collect and describe the meanings that actors attach to the role and action of a coordinator. In answer to the issue focused in our study we proved that this organizational and functional structure of School - the Curricula Department Coordination requires: a) an actor-coordinator with technical knowledge, scientific competence and professional authority; b) a transformational and pedagogical leadership; c) a valuation and “professionalisation” of the post; d) work dynamics based on cooperation and participation. The achieved results show that: a) a CDC performs a diversity of more and more complex roles, functions and tasks without specific training for the post; b) the logics of equability and parity explain the almost non-existence of the practice of supervision and pedagogical control of the teaching practices and the absence of recognition and valuation of the post; c) the predominance of disciplinary logic has conditioned the work in the departments and made the curricula articulation and management more difficult, continuing to exist the practice of teaching individualism. However, the elements collected suggest some changes regarding the ways of working among teachers. The practice of new manners of pedagogical work that require the cooperative and collegiate practice (team work, combined reflection and evaluation of activities, exchange of experiences and materials, cooperation among teachers reflecting together about pedagogical practices), tries to reverse the privileged position of teaching individualism and is understood as a means of professional development, of participation in the organization and quality of teaching. The present political-educative moment with the recent legislation concerning the professional career of teachers and School management places this pedagogical intermediate management structure in the middle of what is established and the new challenges which can contribute to the opening of fissures in the established logics and practices.Dias, Mariana da ConceiçãoRepositório AbertoMoreira, Maria Gabriela Fernandes dos Reis2017-05-25T13:04:49Z2008-07-012017-05-252008-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.2/6478porMoreira, Maria Gabriela Fernandes dos Reis - A coordenação do departamento curricular [Em linha]: concepções, lógicas e práticas. 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