A aula de filosofia como laboratório conceptual

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Raposo, Ana Rita Gonçalves
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/1577
Resumo: A partir da análise da experiência que tenho do ensino da filosofia, vou constatando que os alunos chegam imersos com preconceitos relativamente à filosofia, o que é demonstrativo da sua incerteza e insegurança por terem que começar a lidar com o "desconhecido", principalmente no 10º ano de escolaridade. Torna-se, assim, necessário motivá-los para os trabalhos do pensar, incentivá-los, estimulá-los. Várias são as formas de o fazer: leitura e análise de textos filosóficos, de textos não filosóficos, debates/discussões a partir de problemáticas que sejam do seu interesse e lhes digam directamente respeito, redacção de textos argumentativos, utilização de meios audiovisuais, por exemplo, análise de um filme ou excertos de vídeos, conectando-os com a "matéria", e outras mais. Contudo, e não desvalorizando cada uma destas formas, proponho outra que, de certo modo, se interliga com aquelas. Esta proposta tem a intenção de despoletar o apelo nos alunos para a actividade filosófica, tornando-a dinâmica, embora rigorosa, em que todos participam. O trabalho de investigação que aqui desenvolvo procura, deste modo, argumentar o papel que a actividade filosófica poderá assumir num contexto de aula, transformando-se esta num laboratório, uma vez que, numa aula de Filosofia, concebida como laboratório, realiza-se uma investigação em que se compele os alunos a assumirem uma atitude de criação e descoberta, possibilitadora da interpretação da experiência. Empreende-se uma luta contra a passividade, contra a apropriação imitativa e declamatória dos pensamentos de outrem. Considera-se, deste modo, que a aula pode assumir-se como um local de investigação, em que se trabalhe com problemas determinados, convertendo-se num espaço de realização de experiências de colocação de problemas, de criação de conceitos a partir dos problemas encontrados, na medida em que a aula deve acontecer não como mera transmissão hermética de conteúdos estrangeiros mas, antes, como condição de possibilidade de compreensão da experiência. Uma aula como laboratório possibilitará a insinuação do filosófico, a interrogatividade da filosofia. Destaca se, neste sentido, a importância do filosofar como experiência, não havendo filosofar separado do viver concreto, dando-se ênfase à praxis filosófica. Destaca se, pois, o pensar como experimentar, a capacidade de raciocinar em termos de operações formais como labor, construção. O propósito do trabalho de investigação em aula não se prende, neste sentido, com a descoberta inventariada de determinados conceitos, mas primordialmente, com a aquisição do domínio de determinados procedimentos de pensamento e atitudes que tornam possível a sua utilização. O laboratório de conceitos significa que a actividade filosófica actua através de conceitos (revendo conceptualizações, "manuseando-se" conceitos de distintos modos, aplicando-se vários conceitos a um mesmo problema, criando-se conceitos a partir de diversos problemas), que se constituem como intermediários na compreensão entre o vivido e o abstracto. Se a abstracção for vazia de sentido, ou se as imagens se desenvolverem sem recurso a qualquer conhecimento, o filosofar não "sobrevive". Se não há filosofia que não seja filosofia do conceito, é porque ela, em sentido próprio, é uma apresentação do conceito, é um reexame e uma redefinição do conceito. Por conseguinte, tudo o que se possa dizer da experiência passa, necessariamente, pelos conceitos que usamos para a interpretar e traduzir. Tomando como ponto de partida uma situação concreta, inicia-se um processo de investigação baseada na vivência quotidiana dos alunos, procurando representar a situação por elementos e relações que conduzam a conceitos que vão permitir uma aproximação teórica do problema. O que era imediato e simples passa a ser problematizado, o que leva a uma segunda descoberta, a de que outras visões são possíveis, porém, sempre sujeitas a um outro olhar conceptual. Os diversos conceitos permitem, deste modo, compreender a experiência humana. Tendo em conta que o conhecimento conceptual nunca poderá substituir totalmente o conhecimento concreto e vivido, por exemplo, na prática educativa alcança, contudo, o topo das suas possibilidades quando, num movimento dialéctico, parte do concreto, passa a formulações abstractas e volta novamente ao concreto para verificar as formulações abstractas. O trabalho sobre os conceitos não pode, por conseguinte, cristalizar os conceitos, transformá-los em imperativos "universais" válidos sob quaisquer circunstâncias. Paradoxalmente, cada perspectiva arquitecta uma conceptualização da noção de conceito. Por outro lado, não são dados, como se pré-existissem à própria filosofia, mas são construídos, e esta elaboração é uma parte determinante da actividade filosófica. Não se pode, pois, dissociar um conceito do uso que dele se faz. A semântica conceptual é o conjunto das operações pelas quais o filósofo explicita deliberadamente a significação das expressões que utiliza, percurso que os alunos seguem a partir dos problemas com que se confrontam. Um conceito nunca é um dado prévio a uma "teoria", mesmo quando a terminologia volta a utilizar termos já conhecidos, mas constrói-se no próprio seio da actividade filosófica. Daí que possamos dizer: o conceito em procura, apesar de ser sempre um devir de conceito. O plano do conceito é a representação. Em todas as formas conceptuais uma coisa encontra-se no lugar de outra, representar significa, portanto, ser o outro de um outro que se convoca, num mesmo movimento. Pensa-se com conceitos, de tal modo que não pode haver nenhum conceito que não pense qualquer coisa. Em suma, embora a palavra recorra a estruturas lógicas, como o juízo, o raciocínio, a sua dimensão de acontecimento não a deixa ficar presa na caverna lógica visto que a abre a uma conceptualização sempre renovada de aproximação aos objectos, a uma combinação dinâmica do geral e da particularidade das coisas que tem diante de si, ao jogo ilimitado da expansão da experiência pelo uso das palavras já sabidas, pela invenção de outras novas. A linguagem é irredutível a um mero instrumento que utilizamos, mas implica um vínculo essencial com o pensamento.
id RCAP_67333d960a8308f696d06ea6b279c338
oai_identifier_str oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1577
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling A aula de filosofia como laboratório conceptualFilosofia - Ensino - Aspectos conceptuaisFilosofia - Conceito - EnsinoA partir da análise da experiência que tenho do ensino da filosofia, vou constatando que os alunos chegam imersos com preconceitos relativamente à filosofia, o que é demonstrativo da sua incerteza e insegurança por terem que começar a lidar com o "desconhecido", principalmente no 10º ano de escolaridade. Torna-se, assim, necessário motivá-los para os trabalhos do pensar, incentivá-los, estimulá-los. Várias são as formas de o fazer: leitura e análise de textos filosóficos, de textos não filosóficos, debates/discussões a partir de problemáticas que sejam do seu interesse e lhes digam directamente respeito, redacção de textos argumentativos, utilização de meios audiovisuais, por exemplo, análise de um filme ou excertos de vídeos, conectando-os com a "matéria", e outras mais. Contudo, e não desvalorizando cada uma destas formas, proponho outra que, de certo modo, se interliga com aquelas. Esta proposta tem a intenção de despoletar o apelo nos alunos para a actividade filosófica, tornando-a dinâmica, embora rigorosa, em que todos participam. O trabalho de investigação que aqui desenvolvo procura, deste modo, argumentar o papel que a actividade filosófica poderá assumir num contexto de aula, transformando-se esta num laboratório, uma vez que, numa aula de Filosofia, concebida como laboratório, realiza-se uma investigação em que se compele os alunos a assumirem uma atitude de criação e descoberta, possibilitadora da interpretação da experiência. Empreende-se uma luta contra a passividade, contra a apropriação imitativa e declamatória dos pensamentos de outrem. Considera-se, deste modo, que a aula pode assumir-se como um local de investigação, em que se trabalhe com problemas determinados, convertendo-se num espaço de realização de experiências de colocação de problemas, de criação de conceitos a partir dos problemas encontrados, na medida em que a aula deve acontecer não como mera transmissão hermética de conteúdos estrangeiros mas, antes, como condição de possibilidade de compreensão da experiência. Uma aula como laboratório possibilitará a insinuação do filosófico, a interrogatividade da filosofia. Destaca se, neste sentido, a importância do filosofar como experiência, não havendo filosofar separado do viver concreto, dando-se ênfase à praxis filosófica. Destaca se, pois, o pensar como experimentar, a capacidade de raciocinar em termos de operações formais como labor, construção. O propósito do trabalho de investigação em aula não se prende, neste sentido, com a descoberta inventariada de determinados conceitos, mas primordialmente, com a aquisição do domínio de determinados procedimentos de pensamento e atitudes que tornam possível a sua utilização. O laboratório de conceitos significa que a actividade filosófica actua através de conceitos (revendo conceptualizações, "manuseando-se" conceitos de distintos modos, aplicando-se vários conceitos a um mesmo problema, criando-se conceitos a partir de diversos problemas), que se constituem como intermediários na compreensão entre o vivido e o abstracto. Se a abstracção for vazia de sentido, ou se as imagens se desenvolverem sem recurso a qualquer conhecimento, o filosofar não "sobrevive". Se não há filosofia que não seja filosofia do conceito, é porque ela, em sentido próprio, é uma apresentação do conceito, é um reexame e uma redefinição do conceito. Por conseguinte, tudo o que se possa dizer da experiência passa, necessariamente, pelos conceitos que usamos para a interpretar e traduzir. Tomando como ponto de partida uma situação concreta, inicia-se um processo de investigação baseada na vivência quotidiana dos alunos, procurando representar a situação por elementos e relações que conduzam a conceitos que vão permitir uma aproximação teórica do problema. O que era imediato e simples passa a ser problematizado, o que leva a uma segunda descoberta, a de que outras visões são possíveis, porém, sempre sujeitas a um outro olhar conceptual. Os diversos conceitos permitem, deste modo, compreender a experiência humana. Tendo em conta que o conhecimento conceptual nunca poderá substituir totalmente o conhecimento concreto e vivido, por exemplo, na prática educativa alcança, contudo, o topo das suas possibilidades quando, num movimento dialéctico, parte do concreto, passa a formulações abstractas e volta novamente ao concreto para verificar as formulações abstractas. O trabalho sobre os conceitos não pode, por conseguinte, cristalizar os conceitos, transformá-los em imperativos "universais" válidos sob quaisquer circunstâncias. Paradoxalmente, cada perspectiva arquitecta uma conceptualização da noção de conceito. Por outro lado, não são dados, como se pré-existissem à própria filosofia, mas são construídos, e esta elaboração é uma parte determinante da actividade filosófica. Não se pode, pois, dissociar um conceito do uso que dele se faz. A semântica conceptual é o conjunto das operações pelas quais o filósofo explicita deliberadamente a significação das expressões que utiliza, percurso que os alunos seguem a partir dos problemas com que se confrontam. Um conceito nunca é um dado prévio a uma "teoria", mesmo quando a terminologia volta a utilizar termos já conhecidos, mas constrói-se no próprio seio da actividade filosófica. Daí que possamos dizer: o conceito em procura, apesar de ser sempre um devir de conceito. O plano do conceito é a representação. Em todas as formas conceptuais uma coisa encontra-se no lugar de outra, representar significa, portanto, ser o outro de um outro que se convoca, num mesmo movimento. Pensa-se com conceitos, de tal modo que não pode haver nenhum conceito que não pense qualquer coisa. Em suma, embora a palavra recorra a estruturas lógicas, como o juízo, o raciocínio, a sua dimensão de acontecimento não a deixa ficar presa na caverna lógica visto que a abre a uma conceptualização sempre renovada de aproximação aos objectos, a uma combinação dinâmica do geral e da particularidade das coisas que tem diante de si, ao jogo ilimitado da expansão da experiência pelo uso das palavras já sabidas, pela invenção de outras novas. A linguagem é irredutível a um mero instrumento que utilizamos, mas implica um vínculo essencial com o pensamento.Universidade da Beira InteriorDomingues, José António DuarteuBibliorumRaposo, Ana Rita Gonçalves2014-01-29T11:44:55Z2010-062010-06-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/1577porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:37:13Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1577Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:43:22.805501Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv A aula de filosofia como laboratório conceptual
title A aula de filosofia como laboratório conceptual
spellingShingle A aula de filosofia como laboratório conceptual
Raposo, Ana Rita Gonçalves
Filosofia - Ensino - Aspectos conceptuais
Filosofia - Conceito - Ensino
title_short A aula de filosofia como laboratório conceptual
title_full A aula de filosofia como laboratório conceptual
title_fullStr A aula de filosofia como laboratório conceptual
title_full_unstemmed A aula de filosofia como laboratório conceptual
title_sort A aula de filosofia como laboratório conceptual
author Raposo, Ana Rita Gonçalves
author_facet Raposo, Ana Rita Gonçalves
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Domingues, José António Duarte
uBibliorum
dc.contributor.author.fl_str_mv Raposo, Ana Rita Gonçalves
dc.subject.por.fl_str_mv Filosofia - Ensino - Aspectos conceptuais
Filosofia - Conceito - Ensino
topic Filosofia - Ensino - Aspectos conceptuais
Filosofia - Conceito - Ensino
description A partir da análise da experiência que tenho do ensino da filosofia, vou constatando que os alunos chegam imersos com preconceitos relativamente à filosofia, o que é demonstrativo da sua incerteza e insegurança por terem que começar a lidar com o "desconhecido", principalmente no 10º ano de escolaridade. Torna-se, assim, necessário motivá-los para os trabalhos do pensar, incentivá-los, estimulá-los. Várias são as formas de o fazer: leitura e análise de textos filosóficos, de textos não filosóficos, debates/discussões a partir de problemáticas que sejam do seu interesse e lhes digam directamente respeito, redacção de textos argumentativos, utilização de meios audiovisuais, por exemplo, análise de um filme ou excertos de vídeos, conectando-os com a "matéria", e outras mais. Contudo, e não desvalorizando cada uma destas formas, proponho outra que, de certo modo, se interliga com aquelas. Esta proposta tem a intenção de despoletar o apelo nos alunos para a actividade filosófica, tornando-a dinâmica, embora rigorosa, em que todos participam. O trabalho de investigação que aqui desenvolvo procura, deste modo, argumentar o papel que a actividade filosófica poderá assumir num contexto de aula, transformando-se esta num laboratório, uma vez que, numa aula de Filosofia, concebida como laboratório, realiza-se uma investigação em que se compele os alunos a assumirem uma atitude de criação e descoberta, possibilitadora da interpretação da experiência. Empreende-se uma luta contra a passividade, contra a apropriação imitativa e declamatória dos pensamentos de outrem. Considera-se, deste modo, que a aula pode assumir-se como um local de investigação, em que se trabalhe com problemas determinados, convertendo-se num espaço de realização de experiências de colocação de problemas, de criação de conceitos a partir dos problemas encontrados, na medida em que a aula deve acontecer não como mera transmissão hermética de conteúdos estrangeiros mas, antes, como condição de possibilidade de compreensão da experiência. Uma aula como laboratório possibilitará a insinuação do filosófico, a interrogatividade da filosofia. Destaca se, neste sentido, a importância do filosofar como experiência, não havendo filosofar separado do viver concreto, dando-se ênfase à praxis filosófica. Destaca se, pois, o pensar como experimentar, a capacidade de raciocinar em termos de operações formais como labor, construção. O propósito do trabalho de investigação em aula não se prende, neste sentido, com a descoberta inventariada de determinados conceitos, mas primordialmente, com a aquisição do domínio de determinados procedimentos de pensamento e atitudes que tornam possível a sua utilização. O laboratório de conceitos significa que a actividade filosófica actua através de conceitos (revendo conceptualizações, "manuseando-se" conceitos de distintos modos, aplicando-se vários conceitos a um mesmo problema, criando-se conceitos a partir de diversos problemas), que se constituem como intermediários na compreensão entre o vivido e o abstracto. Se a abstracção for vazia de sentido, ou se as imagens se desenvolverem sem recurso a qualquer conhecimento, o filosofar não "sobrevive". Se não há filosofia que não seja filosofia do conceito, é porque ela, em sentido próprio, é uma apresentação do conceito, é um reexame e uma redefinição do conceito. Por conseguinte, tudo o que se possa dizer da experiência passa, necessariamente, pelos conceitos que usamos para a interpretar e traduzir. Tomando como ponto de partida uma situação concreta, inicia-se um processo de investigação baseada na vivência quotidiana dos alunos, procurando representar a situação por elementos e relações que conduzam a conceitos que vão permitir uma aproximação teórica do problema. O que era imediato e simples passa a ser problematizado, o que leva a uma segunda descoberta, a de que outras visões são possíveis, porém, sempre sujeitas a um outro olhar conceptual. Os diversos conceitos permitem, deste modo, compreender a experiência humana. Tendo em conta que o conhecimento conceptual nunca poderá substituir totalmente o conhecimento concreto e vivido, por exemplo, na prática educativa alcança, contudo, o topo das suas possibilidades quando, num movimento dialéctico, parte do concreto, passa a formulações abstractas e volta novamente ao concreto para verificar as formulações abstractas. O trabalho sobre os conceitos não pode, por conseguinte, cristalizar os conceitos, transformá-los em imperativos "universais" válidos sob quaisquer circunstâncias. Paradoxalmente, cada perspectiva arquitecta uma conceptualização da noção de conceito. Por outro lado, não são dados, como se pré-existissem à própria filosofia, mas são construídos, e esta elaboração é uma parte determinante da actividade filosófica. Não se pode, pois, dissociar um conceito do uso que dele se faz. A semântica conceptual é o conjunto das operações pelas quais o filósofo explicita deliberadamente a significação das expressões que utiliza, percurso que os alunos seguem a partir dos problemas com que se confrontam. Um conceito nunca é um dado prévio a uma "teoria", mesmo quando a terminologia volta a utilizar termos já conhecidos, mas constrói-se no próprio seio da actividade filosófica. Daí que possamos dizer: o conceito em procura, apesar de ser sempre um devir de conceito. O plano do conceito é a representação. Em todas as formas conceptuais uma coisa encontra-se no lugar de outra, representar significa, portanto, ser o outro de um outro que se convoca, num mesmo movimento. Pensa-se com conceitos, de tal modo que não pode haver nenhum conceito que não pense qualquer coisa. Em suma, embora a palavra recorra a estruturas lógicas, como o juízo, o raciocínio, a sua dimensão de acontecimento não a deixa ficar presa na caverna lógica visto que a abre a uma conceptualização sempre renovada de aproximação aos objectos, a uma combinação dinâmica do geral e da particularidade das coisas que tem diante de si, ao jogo ilimitado da expansão da experiência pelo uso das palavras já sabidas, pela invenção de outras novas. A linguagem é irredutível a um mero instrumento que utilizamos, mas implica um vínculo essencial com o pensamento.
publishDate 2010
dc.date.none.fl_str_mv 2010-06
2010-06-01T00:00:00Z
2014-01-29T11:44:55Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.6/1577
url http://hdl.handle.net/10400.6/1577
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade da Beira Interior
publisher.none.fl_str_mv Universidade da Beira Interior
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136333120143360