Impacto das estradas florestais e agrícolas de Mira na vida selvagem

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lima, Joana Costa Pinto
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/8111
Resumo: As actividades antropogénicas afectam os ecossistemas naturais pelas alterações induzidas ou pela criação de regimes de stress, gerando novos distúrbios ou, mesmo, suprimindo os regimes de perturbações naturais. Entre estas actividades antropogénicas, destacam-se as estradas que constituem a principal causa de fragmentação do habitat. Por outro lado, à medida que as estradas foram sendo construídas para acomodar as grandes densidades do tráfego nas áreas rurais, a taxa de colisões veículo-animais selvagens tem aumentado significativamente, provocando, desta forma, uma redução directa no tamanho das populações. O presente trabalho foi realizado no concelho de Mira e avaliou o impacto das estradas secundárias pavimentadas e não pavimentadas com alcatrão de duas zonas distintas do concelho: zona agrícola e zona florestal, na vida selvagem. Assim, neste trabalho, pretendeu-se responder às seguintes questões: (i) qual o impacto das estradas florestais e agrícolas na vida selvagem de Mira?; (ii) quais são as espécies ou grupos taxonómicos mais afectados?; (iii) estará o impacto relacionado com factores temporais e espaciais (épocas do ano, dia/noite, zona florestal/zona agrícola) ? e (iv) as características das estradas serão factores importante no seu impacto para a vida selvagem? Entre Janeiro e Agosto de 2011 foram monitorizados 12 transectos (36 Km), 4 na zona agrícola e 8 na zona florestal, sendo 4 destes em estradas de macadame e 4 de alcatrão. Foram feitas 3 recolhas, quinzenalmente, a primeira para limpeza da estrada e a segunda e a terceira para calcular as mortes durante a noite e o dia, respectivamente. Estas recolhas, realizadas de bicicleta, foram intercaladas entre as zonas. Na Zona Agrícola, as mortes de vertebrados na estrada (n=48) incluíram 20 espécies. As aves foram as mais afectadas (67%), seguidas dos mamíferos (13%), répteis (10%) e anfíbios (10%). As espécies mais vulneráveis foram o Passer domesticus e Turdus merula. A maior mortalidade ocorreu na Primavera/início do Verão e não houve diferenças significativas entre o dia e a noite. Foram identificados 2 pontos negros, um em cada estrada, que incluíam 50% e 27% do total de mortes em cada estrada. Na Zona Florestal, as mortes de vertebrados na estrada (n=70) incluíram 21 espécies e 2 indivíduos não identificados. Os anfíbios mostraram-se os mais vulneráveis nesta zona (53%) seguidos dos mamíferos (19%), aves (16%), répteis (10%) e animais não identificados (3%). O Bufo bufo e Salamandra salamandra foram as espécies mais vulneráveis. A maior mortalidade ocorreu no Inverno e não houve diferenças significativas entre o dia e a noite. Pelo contrário, as diferenças entre a composição das estradas foram evidentes: somente foram registadas mortes nas estradas alcatroadas. Identificaram-se 3 pontos negros, dois na estrada 3 e um na estrada 1, compreendendo 18.5%, 37% e 50% do total de mortes em cada estrada. Sugeriram-se medidas de mitigação.
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O presente trabalho foi realizado no concelho de Mira e avaliou o impacto das estradas secundárias pavimentadas e não pavimentadas com alcatrão de duas zonas distintas do concelho: zona agrícola e zona florestal, na vida selvagem. Assim, neste trabalho, pretendeu-se responder às seguintes questões: (i) qual o impacto das estradas florestais e agrícolas na vida selvagem de Mira?; (ii) quais são as espécies ou grupos taxonómicos mais afectados?; (iii) estará o impacto relacionado com factores temporais e espaciais (épocas do ano, dia/noite, zona florestal/zona agrícola) ? e (iv) as características das estradas serão factores importante no seu impacto para a vida selvagem? Entre Janeiro e Agosto de 2011 foram monitorizados 12 transectos (36 Km), 4 na zona agrícola e 8 na zona florestal, sendo 4 destes em estradas de macadame e 4 de alcatrão. Foram feitas 3 recolhas, quinzenalmente, a primeira para limpeza da estrada e a segunda e a terceira para calcular as mortes durante a noite e o dia, respectivamente. Estas recolhas, realizadas de bicicleta, foram intercaladas entre as zonas. Na Zona Agrícola, as mortes de vertebrados na estrada (n=48) incluíram 20 espécies. As aves foram as mais afectadas (67%), seguidas dos mamíferos (13%), répteis (10%) e anfíbios (10%). As espécies mais vulneráveis foram o Passer domesticus e Turdus merula. A maior mortalidade ocorreu na Primavera/início do Verão e não houve diferenças significativas entre o dia e a noite. Foram identificados 2 pontos negros, um em cada estrada, que incluíam 50% e 27% do total de mortes em cada estrada. Na Zona Florestal, as mortes de vertebrados na estrada (n=70) incluíram 21 espécies e 2 indivíduos não identificados. Os anfíbios mostraram-se os mais vulneráveis nesta zona (53%) seguidos dos mamíferos (19%), aves (16%), répteis (10%) e animais não identificados (3%). O Bufo bufo e Salamandra salamandra foram as espécies mais vulneráveis. A maior mortalidade ocorreu no Inverno e não houve diferenças significativas entre o dia e a noite. Pelo contrário, as diferenças entre a composição das estradas foram evidentes: somente foram registadas mortes nas estradas alcatroadas. Identificaram-se 3 pontos negros, dois na estrada 3 e um na estrada 1, compreendendo 18.5%, 37% e 50% do total de mortes em cada estrada. Sugeriram-se medidas de mitigação.Anthropogenic activities affect natural ecosystems by inducing changes or creating stress regimes, creating, thus, new disturbances or even, suppressing natural disturbance regimes. Among these anthropogenic activities, there are roads which constitute the main cause of habitat fragmentation. On the other hand, as the roads were built to accommodate the large traffic densities in rural areas, the rate of wildlife-vehicle collisions has increased significantly, causing thus a direct reduction in population size. This study was conducted in Mira and assessed the impact of secondary paved and unpaved roads with asphalt in two distinct areas of the county: agricultural and forest areas, on the wildlife. Thus, in this work, we sought to answer the following questions: (i) what is the impact of forest and agricultural roads on Mira’s wildlife?; (ii) which are the species or taxonomic groups most affected?; (iii) is the impact related to temporal and spatial factors (seasons, day/night, forest/agricultural area)? and (iv) will be road characteristics an important factor in its impact on wildlife? Between January and August 2011, 12 transects were monitored (36Km), 4 in agricultural area and 8 in forest area, with 4 of these on macadam roads and the other 4 on asphalt roads. Three collections were made every fortnight, the first one to cleaning of the road and the second and third to calculate deaths during the night and day, respectively. These collections, made by bicycle, were interspersed between zones. In Agricultural Zone, the deaths of vertebrates on the road (n=48) included 20 species. The birds were the most affected group (67%), followed by mammals (13%), reptiles (10%) and amphibians (10%). The most vulnerable species were Passer domesticus and Turdus merula. Mortality was higher in spring/early summer and there were no significant differences between day and night. We identified two hotspots, one on each road, which included 50% and 27% of total deaths in each road. In the Forest Zone, the deaths of vertebrates on the road (n=70) included 21 species and two unidentified individuals. Amphibians have proved to be the most vulnerable group in this area (53%), followed by mammals (19%), birds (16%), reptiles (10%) and unidentified animals (3%). Salamandra salamandra and Bufo bufo were the most vulnerable species. Mortality was higher in winter ans there were no significant differences between day and night. Rather, the differences between the composition of roads were clear: only deaths were registered on asphalt roads. We identified three hotspots, two on the road 3 and one on the road 1, comprising 18.5%, 37% and 50% of total deaths in each road. It has been suggested mitigation measures.Universidade de Aveiro2012-04-16T08:44:04Z2011-01-01T00:00:00Z2011info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/8111porLima, Joana Costa Pintoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:13:54Zoai:ria.ua.pt:10773/8111Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:45:28.981635Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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