Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incerteza

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marques, Aldina
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1822/63406
Resumo: De acordo com o regime político português, o Presidente da República tem funções específicas que tornam os discursos centrais para a sua ação política. Na síntese das responsabilidades presidenciais disponível no portal da Presidência da República, pode ler-se que “O tipo de poderes de que dispõe o Presidente da República pouco tem que ver […] com a clássica tripartição dos poderes entre executivo, legislativo e judicial”, daí se concluindo que, na “sua função de representante da República" e "garante da independência nacional”, é, “nas cerimónias em que está presente, ou [n]os discursos, [n]as comunicações ao País, [n]as deslocações em Portugal e ao estrangeiro, [n]as entrevistas, [n]as audiências ou [n]os contactos com a população”, isto é, nas mais diversas situações de uso da palavra, que o Presidente, tem “um papel político ativo e conformador”. Mais ainda, afirma-se que estas são “oportunidades políticas de extraordinário alcance para mobilizar o País e os cidadãos”. Dá-se assim conta da importância acrescida dos discursos na construção das responsabilidades políticas do mais alto “magistrado da nação”. Neste regime semipresidencial, os discursos são particularmente importantes, porque o magistério presidencial é essencialmente um magistério da palavra; importa o que o Presidente diz. Esta é, aliás, uma assunção consensual, que encontra ecos nos Media, mas também na própria instituição que é a Presidência da República. Assumi, pois, como ponto de partida a importância política e social dos discursos presidenciais. No reconhecimento dessa importância é necessário sublinhar a não transparência dos discursos, que não são meros instrumentos para comunicar e compreender algo que está para além deles, antes constituem, no modo como estão construídos, um importante exercício de influência. Não se pode dissociar o que o Presidente diz dos modos (linguísticos, discursivos) como o diz, do contexto onde o diz ou dos destinatários do que diz. E por isso os discursos são um lugar nuclear do exercício do poder presidencial. O presente trabalho visa analisar os discursos presidenciais de comemoração, no modo como a linguagem é usada e construída em práticas sociais determinadas e organizadas pela natureza verbal da interação.
id RCAP_705c88038a8f1b8eb902bc44f71236b7
oai_identifier_str oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/63406
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incertezaPresidential new year political speeches: managing uncertaintyDiscursos políticos presidenciais de Ano NovoGénero de discursoImagens do locutorOrganização discursivaPresidential political discourses of New YearDiscourse genreSpeaker’ imagesDiscourse organizationSocial SciencesDe acordo com o regime político português, o Presidente da República tem funções específicas que tornam os discursos centrais para a sua ação política. Na síntese das responsabilidades presidenciais disponível no portal da Presidência da República, pode ler-se que “O tipo de poderes de que dispõe o Presidente da República pouco tem que ver […] com a clássica tripartição dos poderes entre executivo, legislativo e judicial”, daí se concluindo que, na “sua função de representante da República" e "garante da independência nacional”, é, “nas cerimónias em que está presente, ou [n]os discursos, [n]as comunicações ao País, [n]as deslocações em Portugal e ao estrangeiro, [n]as entrevistas, [n]as audiências ou [n]os contactos com a população”, isto é, nas mais diversas situações de uso da palavra, que o Presidente, tem “um papel político ativo e conformador”. Mais ainda, afirma-se que estas são “oportunidades políticas de extraordinário alcance para mobilizar o País e os cidadãos”. Dá-se assim conta da importância acrescida dos discursos na construção das responsabilidades políticas do mais alto “magistrado da nação”. Neste regime semipresidencial, os discursos são particularmente importantes, porque o magistério presidencial é essencialmente um magistério da palavra; importa o que o Presidente diz. Esta é, aliás, uma assunção consensual, que encontra ecos nos Media, mas também na própria instituição que é a Presidência da República. Assumi, pois, como ponto de partida a importância política e social dos discursos presidenciais. No reconhecimento dessa importância é necessário sublinhar a não transparência dos discursos, que não são meros instrumentos para comunicar e compreender algo que está para além deles, antes constituem, no modo como estão construídos, um importante exercício de influência. Não se pode dissociar o que o Presidente diz dos modos (linguísticos, discursivos) como o diz, do contexto onde o diz ou dos destinatários do que diz. E por isso os discursos são um lugar nuclear do exercício do poder presidencial. O presente trabalho visa analisar os discursos presidenciais de comemoração, no modo como a linguagem é usada e construída em práticas sociais determinadas e organizadas pela natureza verbal da interação.The Portuguese political regime is semipresidential. The President of the Republic has specific functions that make his speeches central to his political action. This paper focuses on discourses, on how language is used on social practices marked by the linguistic nature of interaction. I analyze the discursive characteristics of a discourse genre with political tradition in the Portuguese Republic, the New Year Messages. Constituting a macroact of vow of Happy New Year to Portuguese people, these speeches are determined by the characteristics of the speaker’s political functions and by the goals he pursues in each particular interaction. Starting from the investigations carried out in discourse analysis and in linguistics of the enunciation (AMOSSY, 2000; BAKHTINE, 1984; BENVENISTE, 1966, 1970; KERBRATORECCHIONI, 2002) and the literature on linguistics of enunciation (HAILON, 2012; MAINGUENEAU, 2014; MOIRAND, 2003; MARQUES, 2015, among others), we will study the ways in which the Portuguese presidents construct their discourses, and are also constructed in them. We will focus on the enunciative organization of the speeches, to analyze how the speaker stands relative to his own speech and to the object of his speech, and also to the speaker (s), according to a political agenda supported by the image of the president, by his legitimacy, which is institutional, but above all by his credibility, which is properly political (CHARAUDEAU, 2005; MARQUES, 2014). The data under analysis are constituted by New Year’s Messages issued by the last three presidents of the Portuguese Republic between 1997 and 2017.Universidade Federal Fluminense. Programa de Pós-Graduação em Educação e da Faculdade de EducaçãoUniversidade do MinhoMarques, Aldina2019-12-302019-12-30T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/63406porMarques, M. A.(2019). Discursos políticos presidenciais de Ano Novo. Gerir a incerteza. Gragoatá Niterói, vol.24 nº50, 717-736.1413-90732358-411410.22409/gragoata.v24i50.34193http://periodicos.uff.br/gragoata/issue/view/1774/showTocinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:00:56Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/63406Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T18:50:48.435109Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incerteza
Presidential new year political speeches: managing uncertainty
title Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incerteza
spellingShingle Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incerteza
Marques, Aldina
Discursos políticos presidenciais de Ano Novo
Género de discurso
Imagens do locutor
Organização discursiva
Presidential political discourses of New Year
Discourse genre
Speaker’ images
Discourse organization
Social Sciences
title_short Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incerteza
title_full Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incerteza
title_fullStr Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incerteza
title_full_unstemmed Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incerteza
title_sort Discursos políticos presidenciais de Ano Novo: gerir a incerteza
author Marques, Aldina
author_facet Marques, Aldina
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Universidade do Minho
dc.contributor.author.fl_str_mv Marques, Aldina
dc.subject.por.fl_str_mv Discursos políticos presidenciais de Ano Novo
Género de discurso
Imagens do locutor
Organização discursiva
Presidential political discourses of New Year
Discourse genre
Speaker’ images
Discourse organization
Social Sciences
topic Discursos políticos presidenciais de Ano Novo
Género de discurso
Imagens do locutor
Organização discursiva
Presidential political discourses of New Year
Discourse genre
Speaker’ images
Discourse organization
Social Sciences
description De acordo com o regime político português, o Presidente da República tem funções específicas que tornam os discursos centrais para a sua ação política. Na síntese das responsabilidades presidenciais disponível no portal da Presidência da República, pode ler-se que “O tipo de poderes de que dispõe o Presidente da República pouco tem que ver […] com a clássica tripartição dos poderes entre executivo, legislativo e judicial”, daí se concluindo que, na “sua função de representante da República" e "garante da independência nacional”, é, “nas cerimónias em que está presente, ou [n]os discursos, [n]as comunicações ao País, [n]as deslocações em Portugal e ao estrangeiro, [n]as entrevistas, [n]as audiências ou [n]os contactos com a população”, isto é, nas mais diversas situações de uso da palavra, que o Presidente, tem “um papel político ativo e conformador”. Mais ainda, afirma-se que estas são “oportunidades políticas de extraordinário alcance para mobilizar o País e os cidadãos”. Dá-se assim conta da importância acrescida dos discursos na construção das responsabilidades políticas do mais alto “magistrado da nação”. Neste regime semipresidencial, os discursos são particularmente importantes, porque o magistério presidencial é essencialmente um magistério da palavra; importa o que o Presidente diz. Esta é, aliás, uma assunção consensual, que encontra ecos nos Media, mas também na própria instituição que é a Presidência da República. Assumi, pois, como ponto de partida a importância política e social dos discursos presidenciais. No reconhecimento dessa importância é necessário sublinhar a não transparência dos discursos, que não são meros instrumentos para comunicar e compreender algo que está para além deles, antes constituem, no modo como estão construídos, um importante exercício de influência. Não se pode dissociar o que o Presidente diz dos modos (linguísticos, discursivos) como o diz, do contexto onde o diz ou dos destinatários do que diz. E por isso os discursos são um lugar nuclear do exercício do poder presidencial. O presente trabalho visa analisar os discursos presidenciais de comemoração, no modo como a linguagem é usada e construída em práticas sociais determinadas e organizadas pela natureza verbal da interação.
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019-12-30
2019-12-30T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1822/63406
url http://hdl.handle.net/1822/63406
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Marques, M. A.(2019). Discursos políticos presidenciais de Ano Novo. Gerir a incerteza. Gragoatá Niterói, vol.24 nº50, 717-736.
1413-9073
2358-4114
10.22409/gragoata.v24i50.34193
http://periodicos.uff.br/gragoata/issue/view/1774/showToc
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal Fluminense. Programa de Pós-Graduação em Educação e da Faculdade de Educação
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal Fluminense. Programa de Pós-Graduação em Educação e da Faculdade de Educação
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799132277705277440