Processo de aprendizagem em grupos heterogéneos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Ana Mendonça
Data de Publicação: 2016
Outros Autores: Folque, Maria Assunção
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/21223
Resumo: Este trabalho foi desenvolvido no contexto da Prática de Ensino Supervisionada [PES] em creche e jardim de infância. Os pressupostos teóricos que orientaram este trabalho sustentam-se na perspetiva sócio histórica de Vygotsky, tomando especial relevância o conceito de zona de desenvolvimento potencial (ZDP), a qual destaca a importância das interações da criança com os outros mais competentes, adultos ou crianças. Em termos educativos, a concepção de Vygotsky realça a importância dos processos de interação nas salas de atividades como forma de promover a ZDP, acabando por apresentar diferentes estratégias de ensino-aprendizagem como: a imitação, a colaboração, a tutoria e aprendizagem entre pares (Dias & Bhering, 2005). A forma como a escola tem tradicionalmente organizado os grupos/turma, agrupando as crianças por idade, vem restringir a possibilidade das crianças interagirem com crianças de níveis de desenvolvimento diferentes, empobrecendo assim a sua aprendizagem. Embora a composição dos grupos de crianças heterogéneos em termos etários seja discutida, analisada e estudada a nível internacional, em Portugal ainda existem poucas investigações sobre esta temática. O interesse por esta temática ganha também relevância numa realidade social que evoluiu e onde se observa o empobrecimento do convívio intergeracional no seio da família e da comunidade. As famílias alargadas têm vindo a reduzir, a taxa de natalidade tem diminuído drasticamente; por outro lado a participação da criança no espaço público onde interagia informalmente com crianças de diversas idades também tem sido cortada por razões que se prendem com questões de segurança. Assim, as crianças passam a ter menos contacto com crianças de diferentes idades que era oferecida na família ou na comunidade; esta realidade leva a que nos interroguemos sobre a forma como organizamos os grupos nas instituições para a infância dos nossos dias. Diversos são os autores que dão o seu contributo e se debruçam sobre a temática da heterogeneidade etária nos grupos escolares (Katz & Chard, 2009; Katz, 1995; 1998), bem como a contribuição da interação entre crianças de diferentes idades na educação (Dias e Bhering, 2005; Werle e Bellochio, 2012; Niza, 1998), referindo o papel do educador enquanto promotor das interações entre crianças de diferentes idades. Esses estudos realçam a riqueza das interações entre crianças de diferentes idades, referindo que os grupos heterogéneos fomentam a diversidade (Bhering, Barbosa & Dias, 2002; Werle & Bellochio, 2012), proporcionam diversas experiências de aprendizagem, a troca de pontos de vista, e as crianças aprendem umas com as outras independentemente da sua faixa etária – aprendizagem cooperada. Este trabalho tem como objetivos compreender o processo de aprendizagem em grupos com heterogeneidade etária e compreender a perspetiva dos adultos (pais, auxiliares e educadoras) sobre esta temática; conhecer os grupos de crianças e o contexto de intervenção e potenciar as interações entre crianças de diferentes idades. Por fim visa contribuir para uma reflexão pedagógica sobre a constituição dos grupos de creche e de jardim-de-infância enquanto elemento estruturante das interações e experiências de aprendizagem.
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