Linfoma felino: estudo retrospetivo

• Autor(a) principal: Pereira, Ana Paula Abreu Carvalho
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/11932
• topic: neoplasia hematopoiética; gatos

O linfoma é uma neoplasia com origem em células linfoides de órgãos sólidos e representa 90% dos tumores hematopoiéticos em gatos, sendo responsável por um terço dos tumores que afetam esta espécie. Este tumor pode apresentar várias localizações anatómicas, sendo o trato gastrointestinal o local mais frequente, seguida da localização extranodal, mediastinal e nodal. Relativamente ao diagnóstico, a citologia e a histopatologia são os métodos de eleição na confirmação do diagnóstico definitivo. O tratamento na grande maioria dos casos é a quimioterapia, uma vez que se trata de uma doença sistémica, no entanto, no caso de linfomas em estadio clínico I e dependendo da sua localização anatómica, a radioterapia e/ou cirurgia poderão ser uma opção, associados (ou não) à quimioterapia. Este estudo analisou retrospetivamente 20 gatos diagnosticados com linfoma, no Hospital Veterinário da Trofa, no período compreendido entre 1 de janeiro de 2015 e 31 de maio de 2022. O objetivo foi descrever e analisar estatisticamente os dados recolhidos bem como determinar a sobrevida total dos animais em estudo, para o qual se usou o programa estatístico SPSS, versão 27. Verificou-se que 75% dos gatos (n=15) eram do sexo masculino e 55% (n=11) eram de raça indefinida, e ainda que metade dos gatos (n=10) tinham idade inferior ou igual a 4 anos, havendo uma tendência deste grupo para apresentar linfoma mediastínico. Relativamente ao estatuto FIV/FeLV, apenas se sabia informação acerca de 45% dos gatos (n=9), todos eles positivos para FeLV e a maioria (n=7) apresentavam linfoma mediastínico. O tipo de linfoma mais prevalente foi o linfoma mediastínico, verificando-se em 55% dos gatos (n=11). Em relação ao tratamento, 20% dos animais (n=4) não realizaram qualquer tipo de tratamento, metade dos animais (n=10) foram tratados com quimioterapia, 25% dos gatos (n=5) tratados com corticosteroides e um animal foi submetido a cirurgia em associação com quimioterapia. Em relação à análise de sobrevida total, não foi possível observar uma diferença estatística significativa com nenhuma das variáveis em estudo. No entanto observou-se que os gatos FIV/FeLV positivos apresentavam um tempo de sobrevida total menor do que os gatos FIV negativos/FeLV positivos (p=0,083). Foi ainda possível observar que os gatos que sobreviveram mais tempo foram os que realizaram cirurgia associado a quimioterapia, seguido dos animais que realizaram unicamente quimioterapia (p=0,095). Relativamente à idade, observou-se que o grupo de idades que apresentou um tempo de sobrevida mais longo foi as idades compreendidas entre os 5 e os 7 anos (p=0,058). Este estudo permitiu concluir que o linfoma em gatos é uma ocorrência relativamente comum em clínica de animais de companhia , no entanto pouco se sabe sobre possíveis fatores de risco e associações com o tempo de sobrevida. As associações abordadas neste estudo, embora não tenham sido estatisticamente significativas, revelam a necessidade de mais estudos, uma vez que estes resultados podem ter sido influenciados pelo baixo número de amostras e pela ausência de informação adequada e completa.