Complexidade fonológica e aprendizagem da escrita no 1º Ciclo do Ensino Básico : os ataques ramificados na base de dados EFFE-On

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lamarosa, Ana Mafalda Duarte
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/63168
Resumo: Os constituintes silábicos têm sido objeto de vários estudos sobre a aquisição de língua materna e não materna em português europeu (PE). Todavia, a investigação sobre a aprendizagem da escrita neste sistema linguístico é mais escassa do que aquela relativa à aquisição da componente fonológica da gramática (Lourenço-Gomes, Rodrigues e Alves, 2016:38). O Ataque Ramificado (CCV) tem sido referido como uma estrutura marcada e de aquisição tardia, por apresentar maior grau de complexidade (e.g., Freitas, 1997, 2017; Ramalho 2017), sendo também o último constituinte a ramificar no processo de desenvolvimento fonológico em PE. Por este motivo, é um constituinte silábico que pode não estar ainda estabilizado à entrada na escola (Santos, 2013; Ramalho, 2017). Com foco no Ataque Ramificado (AR), a presente dissertação visa refletir sobre o processo de aprendizagem da escrita enquanto codificação da língua oral em formas escritas, um processo que exige reflexão e exteriorização do conhecimento da língua materna (Horta e Martins, 2004). A partir de dados transversais do corpus online EFFE-On, este estudo centra-se na análise do desempenho escrito das crianças, incidindo sobre a forma como estas lidam com Ataques Ramificados na representação escrita. O estudo debruça-se sobre as produções escritas de alunos dos 2.º e 4.º anos de escolaridade de três localidades da área dialetal centro-meridional, contribuindo para a descrição da correlação entre o conhecimento fonológico e o ortográfico nos primeiros anos do Ensino Básico. Assumindo o quadro teórico da fonologia não-linear, os resultados são discutidos à luz de variáveis segmentais e prosódicas amplamente estudadas nos padrões de aquisição do PE. Os resultados obtidos permitiram confirmar: (i) que a escolaridade tem impacto na escrita de ARs; (ii) que as crianças apresentam bons desempenhos ortográficos no fim do 1.º Ciclo, apesar da complexidade silábica da estrutura alvo; (iii) que a origem geográfica destas crianças não tem um impacto diferenciador na escrita de ARs, registando-se um desempenho homogéneo entre os grupos; (iv) que nem todas as variáveis fonológicas testadas (nomeadamente modo de articulação (de C1 e C2); posição na palavra; acento de palavra; extensão de palavra; rima complexa na sílaba com AR) têm impacto na escrita de ARs. A ausência de impacto de algumas destas variáveis pode dever-se ao reduzido número de formas escritas não convencionais (FNCs) observadas na presente investigação, o que parece indicar um bom domínio escrito desta estrutura silábica complexa. Contudo, é de referir a observação de diferenças entre as líquidas em C2 do AR aquando do processamento da escrita, o que permite estabelecer uma relação com o que é descrito na literatura durante o processo de aquisição fonológica. A par disto, verificou-se, ainda, que as crianças recorrem ao mesmo tipo de FNCs nos dois anos de escolaridade (ainda que não com a mesma frequência), indo, uma vez mais, ao encontro das estratégias de aquisição fonológica recrutadas para lidar com os ARs.
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Com foco no Ataque Ramificado (AR), a presente dissertação visa refletir sobre o processo de aprendizagem da escrita enquanto codificação da língua oral em formas escritas, um processo que exige reflexão e exteriorização do conhecimento da língua materna (Horta e Martins, 2004). A partir de dados transversais do corpus online EFFE-On, este estudo centra-se na análise do desempenho escrito das crianças, incidindo sobre a forma como estas lidam com Ataques Ramificados na representação escrita. O estudo debruça-se sobre as produções escritas de alunos dos 2.º e 4.º anos de escolaridade de três localidades da área dialetal centro-meridional, contribuindo para a descrição da correlação entre o conhecimento fonológico e o ortográfico nos primeiros anos do Ensino Básico. Assumindo o quadro teórico da fonologia não-linear, os resultados são discutidos à luz de variáveis segmentais e prosódicas amplamente estudadas nos padrões de aquisição do PE. Os resultados obtidos permitiram confirmar: (i) que a escolaridade tem impacto na escrita de ARs; (ii) que as crianças apresentam bons desempenhos ortográficos no fim do 1.º Ciclo, apesar da complexidade silábica da estrutura alvo; (iii) que a origem geográfica destas crianças não tem um impacto diferenciador na escrita de ARs, registando-se um desempenho homogéneo entre os grupos; (iv) que nem todas as variáveis fonológicas testadas (nomeadamente modo de articulação (de C1 e C2); posição na palavra; acento de palavra; extensão de palavra; rima complexa na sílaba com AR) têm impacto na escrita de ARs. A ausência de impacto de algumas destas variáveis pode dever-se ao reduzido número de formas escritas não convencionais (FNCs) observadas na presente investigação, o que parece indicar um bom domínio escrito desta estrutura silábica complexa. Contudo, é de referir a observação de diferenças entre as líquidas em C2 do AR aquando do processamento da escrita, o que permite estabelecer uma relação com o que é descrito na literatura durante o processo de aquisição fonológica. A par disto, verificou-se, ainda, que as crianças recorrem ao mesmo tipo de FNCs nos dois anos de escolaridade (ainda que não com a mesma frequência), indo, uma vez mais, ao encontro das estratégias de aquisição fonológica recrutadas para lidar com os ARs.Syllabic constituents have been the subject of several studies of L1 language acquisition in European Portuguese (EP). However, research on learning how to write in this language system is scarce (Lourenço-Gomes, Rodrigues and Alves, 2016:38). The Branching Onset (CCV) is the last constituent to become stable in the phonological development of Portuguese children and has been referred to as a marked structure of late acquisition, as it results from a high degree of phonological complexity (e.g., Freitas, 1997, 2017; Ramalho 2017). For this reason, it is a syllabic constituent that may not yet be stable at school entry (Santos, 2013; Ramalho, 2017). Focusing on the Branching Onset, this dissertation aims to reflect on the process of learning to write as the codification of oral language structures into written forms, a process that requires language awareness and externalization of knowledge on the L1 system (Horta and Martins, 2004). Using cross-sectional data from the EFFE-On online corpus, this study focuses on the analysis of children's written performance, observing how they deal with Branching Onsets in written representation. The study looks at the written productions of 2nd and 4th graders from three cities in the Central-Southern dialectal area, contributing to the description of the correlation between phonological and orthographic knowledge in the early years of elementary school. Using the theoretical framework of the non-linear phonology, the results are discussed in the light of segmental and prosodic variables widely studied in the acquisition patterns of EP. The results obtained confirm: (i) that schooling has an impact on the writing of branching Onsets; (ii) that children perform well in spelling at the end of the 1st cycle, despite the syllabic complexity of the target structure; (iii) that geographical origin does not have a differentiating impact on the writing of Branching Onsets (an homogeneous performance between the groups was observed); (iv) that not all the phonological variables tested (namely manner of articulation (of C1 and C2); position within the word; word stress; word length; complex Rhyme in the syllable with Branching Onsets) have an impact on the writing of Branching Onsets. The lack of impact of these variables may be due to the lower number of errors observed in this research, which seems to indicate a good written mastery of this syllabic structure during elementary school. However, it is worth mentioning the differences between the liquids in C2 of the Branching Onsets in the writing processing, which allows us to establish a relationship with what is described in the literature on EP phonological acquisition. In addition to this, the children used the same type of errors in both years of schooling (although not with the same frequency), which is once again in line with the phonological acquisition strategies recruited to deal with Branching Onsets in phonological development.Rodrigues, Maria Celeste MatiasFreitas, Maria JoãoRepositório da Universidade de LisboaLamarosa, Ana Mafalda Duarte2024-03-05T11:14:27Z2024-02-162023-10-302024-02-16T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/63168TID:203532848porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T01:19:59Zoai:repositorio.ul.pt:10451/63168Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:14:30.214050Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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