Representação subjacente do ataque ramificado CCV na aquisição fonológica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-03102016-134317/ |
Resumo: | Esta pesquisa investiga o desenvolvimento das formas silábicas CCV (Consoante1 + Consoante2 + Vogal) do Português Brasileiro na fala infantil. Presente em palavras como triste, blusa, madrinha, tigre, a sílaba CCV é a última a ser adquirida pela criança, após os 5;0 anos de idade (LAMPRECHT, 1993). No entanto, palavras contendo contextos CCV podem figurar na produção infantil mesmo antes dos 2;0 anos: ab(r)e aqui (Lz. 1;09 anos); (o)b(r)igado (Ar. 1;09 anos). O objetivo deste trabalho é observar como o ataque ramificado manifesta seu desenvolvimento na fonologia infantil, questionando se o molde CCV estaria presente na Fonologia da criança mesmo antes das primeiras realizações-alvo desta sílaba. Analisam-se dados experimentais de 49 crianças, que elicitaram estímulos familiares ou logatomas do tipo /CCV.CV/ e /CV.CV/, e produções longitudinais de três crianças. Os corpora foram categorizados em cinco grupos conforme o percentual de realizações-alvo CCV, de 0%-%5 (G1) a acima de 76% (G5). Para acessar o conhecimento fonológico infantil sobre a ramificação de ataque, três fontes de evidência foram tomadas: (i) observação de padrões fonotáticos e estratégias de reparo impostas à produção da sílaba CCV; (ii) interação entre o ataque ramificado e a regra de palatalização de oclusivas alveolares; e (iii) comparação da duração de sílabas CCV reduzidas a C1V e de sílabas CV. Os resultados em (i) apontam que antes de produtivamente realizar o ataque ramificado como na forma-alvo, parte dos informantes em G1 empregou estratégias de reparo visando modificar a qualidade do segmento em C2, como em entrar [etja] e Dlato [pwa.t]. Observou-se ausência de uma ordem específica de desenvolvimento dos filtros fonotáticos no molde CCV. Contudo, detectou-se tendência significativa por evitar sílabas oclusiva coronal + líquida e preferência por sílabas oclusiva labial + líquida, o que creditamos ao Princípio de Contorno Obrigatório (McCarthy, 1986) e ao desenvolvimento do controle articulatório infantil (Goldstein, 2003). Em (ii) verificou-se que a palatalização em contextos /ti, di, tli, dli/ reduzidos à C1V (como trilho [ti.], Dlibo [i.b] e triângulo [tiã.g.l]) foi bloqueada por uma parcela dos informantes em G1, e não foi bloqueada pelo desenvolvimento do molde CCV na fala de informantes específicos dos grupos G2-G4. Observou-se, em (iii), que a duração é uma propriedade de aquisição ainda em curso: mesmo quando a ramificação de ataque foi produzida, constatou-se duração variável (mais longa, similar ou mais curta) entre C(C)V e CV. Os resultados em (i) e (ii) apontam manifestações da ramificação de ataque na produção de uma parcela de nossos informantes mesmo antes de suas primeiras realizações-alvo do CCV. Já a ausência de tais manifestações nos dados de parte das crianças em G1 sugere que a ramificação de ataque ainda deve emergir na Fonologia infantil. Atribuímos esta emergência à marcação do Parâmetro de Ataque Máximo, propondo que a variabilidade e a gradualidade pós-marcação paramétrica observada no percurso de aquisição pode ser devida à aquisição segmental, ao domínio articulatório-motor das sequências consonantais e ao design do experimento, causas também reportadas na literatura. |
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Representação subjacente do ataque ramificado CCV na aquisição fonológicaUnderlying representation of branched onsets CCV in phonological acquisitionAquisição fonológicaAtaque ramificadoBranching onsetsPalatalizaçãoPalatalizationPhonological acquisitionSílabaSyllableEsta pesquisa investiga o desenvolvimento das formas silábicas CCV (Consoante1 + Consoante2 + Vogal) do Português Brasileiro na fala infantil. Presente em palavras como triste, blusa, madrinha, tigre, a sílaba CCV é a última a ser adquirida pela criança, após os 5;0 anos de idade (LAMPRECHT, 1993). No entanto, palavras contendo contextos CCV podem figurar na produção infantil mesmo antes dos 2;0 anos: ab(r)e aqui (Lz. 1;09 anos); (o)b(r)igado (Ar. 1;09 anos). O objetivo deste trabalho é observar como o ataque ramificado manifesta seu desenvolvimento na fonologia infantil, questionando se o molde CCV estaria presente na Fonologia da criança mesmo antes das primeiras realizações-alvo desta sílaba. Analisam-se dados experimentais de 49 crianças, que elicitaram estímulos familiares ou logatomas do tipo /CCV.CV/ e /CV.CV/, e produções longitudinais de três crianças. Os corpora foram categorizados em cinco grupos conforme o percentual de realizações-alvo CCV, de 0%-%5 (G1) a acima de 76% (G5). Para acessar o conhecimento fonológico infantil sobre a ramificação de ataque, três fontes de evidência foram tomadas: (i) observação de padrões fonotáticos e estratégias de reparo impostas à produção da sílaba CCV; (ii) interação entre o ataque ramificado e a regra de palatalização de oclusivas alveolares; e (iii) comparação da duração de sílabas CCV reduzidas a C1V e de sílabas CV. Os resultados em (i) apontam que antes de produtivamente realizar o ataque ramificado como na forma-alvo, parte dos informantes em G1 empregou estratégias de reparo visando modificar a qualidade do segmento em C2, como em entrar [etja] e Dlato [pwa.t]. Observou-se ausência de uma ordem específica de desenvolvimento dos filtros fonotáticos no molde CCV. Contudo, detectou-se tendência significativa por evitar sílabas oclusiva coronal + líquida e preferência por sílabas oclusiva labial + líquida, o que creditamos ao Princípio de Contorno Obrigatório (McCarthy, 1986) e ao desenvolvimento do controle articulatório infantil (Goldstein, 2003). Em (ii) verificou-se que a palatalização em contextos /ti, di, tli, dli/ reduzidos à C1V (como trilho [ti.], Dlibo [i.b] e triângulo [tiã.g.l]) foi bloqueada por uma parcela dos informantes em G1, e não foi bloqueada pelo desenvolvimento do molde CCV na fala de informantes específicos dos grupos G2-G4. Observou-se, em (iii), que a duração é uma propriedade de aquisição ainda em curso: mesmo quando a ramificação de ataque foi produzida, constatou-se duração variável (mais longa, similar ou mais curta) entre C(C)V e CV. Os resultados em (i) e (ii) apontam manifestações da ramificação de ataque na produção de uma parcela de nossos informantes mesmo antes de suas primeiras realizações-alvo do CCV. Já a ausência de tais manifestações nos dados de parte das crianças em G1 sugere que a ramificação de ataque ainda deve emergir na Fonologia infantil. Atribuímos esta emergência à marcação do Parâmetro de Ataque Máximo, propondo que a variabilidade e a gradualidade pós-marcação paramétrica observada no percurso de aquisição pode ser devida à aquisição segmental, ao domínio articulatório-motor das sequências consonantais e ao design do experimento, causas também reportadas na literatura.This research investigates the development of the syllabic forms CCV (Consonant1 + Consonant2 + Vowel) within Brazilian Portugueses child speech. Being present in words such as triste, blusa, madrinha, tigre, the CCV syllable is the last one to be acquired by the child, after 5;0 years old (LAMPRECHT, 1993). However, words containing CCV contexts may figure in child production even before 2;0 years old: ab(r)e aqui (Lz.1;09y.o.); (o)b(r)igado (Ar.1;09y.o). The main goal of this work is to observe how the branched onset presents its development in child phonology, questioning whether the CCV pattern would be available to the childs Phonology prior to the first target realizations of that syllable. There were analyzed experimental data from 49 children, who elicited habitual stimuli or logathomes of the type /CCV.CV/ and /CV.CV/, as well as longitudinal productions from three children. The corpora were categorized into five groups based on the percentage of CCV target realizations, from 0%-%5 (G1) to above 76% (G5). In order to access the child phonological knowledge of onset branching, three evidence sources were selected: (i) observation of phonotactic patterns and repair strategies imposed to the production of the CCV syllable; (ii) interaction between the branched onset and the rule for palatalization of alveolar implosives; and (iii) comparing the duration of CCV syllables reduced to C1V and CV syllables. The results in (i) point out that, before effectively realizing the branched onset as in the target form, part of the informants in G1 employed repair strategies aiming to modify the segments quality in C2, as in entrar [etja] and Dlato [pwa.t]. An absence of a specific order of development of phonotactic filters for the CCV pattern could be observed. However, there was detected a significant tendency to avoid coronal implosive+liquid syllables and a preference for labial implosive+liquid, which we credit to the Obligatory Contour Principle (McCarthy, 1986) and the development of child articulatory control (Goldstein, 2003). In (ii) it was verified that the palatalization within contexts /ti, di, tli, dli/ reduced to C1V (as trilho [ti.], Dlibo [i.b] and triângulo [tiã.g.l]) was blocked by a parcel of the informants in G1, yet it was not blocked by the development of the pattern CCV at the speech of specific informants from the groups G2-G4. It was observed in (iii) that duration is a property of acquisition still under development: even when onset branching was produced, it was found variable duration (longer, similar or shorter) between C(C)V and CV. The results in (i) and (ii) point towards expression of onset branching on the production of a parcel of the informants even before their first target realizations of CCV. On the other hand, the absence of such manifestation in the data of part of the children from G1 suggests that onset branching is yet to emerge at those childrens Phonology. It is claimed that this emergency is attributed to the setting of the Maximum Onset Parameter, and the post-parameter setting variability and gradualness observed in the course of acquisition can be due to the segment acquisition, to the motor-articulatory of the consonant sequences and to experiments design, as already reported by the literature.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSantos, Raquel SantanaToni, Andressa2016-07-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-03102016-134317/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-10-02T20:03:01Zoai:teses.usp.br:tde-03102016-134317Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-10-02T20:03:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Esta pesquisa investiga o desenvolvimento das formas silábicas CCV (Consoante1 + Consoante2 + Vogal) do Português Brasileiro na fala infantil. Presente em palavras como triste, blusa, madrinha, tigre, a sílaba CCV é a última a ser adquirida pela criança, após os 5;0 anos de idade (LAMPRECHT, 1993). No entanto, palavras contendo contextos CCV podem figurar na produção infantil mesmo antes dos 2;0 anos: ab(r)e aqui (Lz. 1;09 anos); (o)b(r)igado (Ar. 1;09 anos). O objetivo deste trabalho é observar como o ataque ramificado manifesta seu desenvolvimento na fonologia infantil, questionando se o molde CCV estaria presente na Fonologia da criança mesmo antes das primeiras realizações-alvo desta sílaba. Analisam-se dados experimentais de 49 crianças, que elicitaram estímulos familiares ou logatomas do tipo /CCV.CV/ e /CV.CV/, e produções longitudinais de três crianças. Os corpora foram categorizados em cinco grupos conforme o percentual de realizações-alvo CCV, de 0%-%5 (G1) a acima de 76% (G5). Para acessar o conhecimento fonológico infantil sobre a ramificação de ataque, três fontes de evidência foram tomadas: (i) observação de padrões fonotáticos e estratégias de reparo impostas à produção da sílaba CCV; (ii) interação entre o ataque ramificado e a regra de palatalização de oclusivas alveolares; e (iii) comparação da duração de sílabas CCV reduzidas a C1V e de sílabas CV. Os resultados em (i) apontam que antes de produtivamente realizar o ataque ramificado como na forma-alvo, parte dos informantes em G1 empregou estratégias de reparo visando modificar a qualidade do segmento em C2, como em entrar [etja] e Dlato [pwa.t]. Observou-se ausência de uma ordem específica de desenvolvimento dos filtros fonotáticos no molde CCV. Contudo, detectou-se tendência significativa por evitar sílabas oclusiva coronal + líquida e preferência por sílabas oclusiva labial + líquida, o que creditamos ao Princípio de Contorno Obrigatório (McCarthy, 1986) e ao desenvolvimento do controle articulatório infantil (Goldstein, 2003). Em (ii) verificou-se que a palatalização em contextos /ti, di, tli, dli/ reduzidos à C1V (como trilho [ti.], Dlibo [i.b] e triângulo [tiã.g.l]) foi bloqueada por uma parcela dos informantes em G1, e não foi bloqueada pelo desenvolvimento do molde CCV na fala de informantes específicos dos grupos G2-G4. Observou-se, em (iii), que a duração é uma propriedade de aquisição ainda em curso: mesmo quando a ramificação de ataque foi produzida, constatou-se duração variável (mais longa, similar ou mais curta) entre C(C)V e CV. Os resultados em (i) e (ii) apontam manifestações da ramificação de ataque na produção de uma parcela de nossos informantes mesmo antes de suas primeiras realizações-alvo do CCV. Já a ausência de tais manifestações nos dados de parte das crianças em G1 sugere que a ramificação de ataque ainda deve emergir na Fonologia infantil. Atribuímos esta emergência à marcação do Parâmetro de Ataque Máximo, propondo que a variabilidade e a gradualidade pós-marcação paramétrica observada no percurso de aquisição pode ser devida à aquisição segmental, ao domínio articulatório-motor das sequências consonantais e ao design do experimento, causas também reportadas na literatura. |
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