Evolução das infeções por enterobacterales produtoras de carbapenemases num centro hospitalar universitário do norte de Portugal

• Autor(a) principal: Pinto, Andreia do Rosário Novais
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.22/24670
• topic: Enterobacterales produtoras de carbapenemases (EPC); Enterobacteriaceae; Carbapenemase de Klebsiella pneumoniae (KPC); Carbapenemes; Infeção

Enterobacterales são dos microrganismos mais prevalentes em infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS). A sua resistência aos antimicrobianos é um problema de saúde pública relevante, principalmente devido à sua capacidade de produzirem carbapenemases, que inativam a ação dos antimicrobianos de largo espetro. Estas enzimas foram identificadas também em Portugal, em que a mais prevalente é a arbapenemase de Klebsiella pneumoniae (KPC) maioritariamente em estirpes de K. pneumoniae. Estão descritas altas taxas de mortalidade e morbilidade principalmente, em indivíduos que reúnem vários fatores de risco em simultâneo. O principal objetivo deste estudo foi caracterizar as infeções por Enterobacterales produtoras de carbapenemases (EPC) e a sua distribuição ao longo do tempo num Centro Hospitalar Universitário do Norte de Portugal. Este estudo transversal foi desenvolvido a partir de registos informáticos entre 01 de janeiro de 2016 e 31 de dezembro de 2021 de indivíduos infetados por EPC. Foram detetados 448 indivíduos, predominantemente do sexo masculino com idades compreendidas entre os 65 e 79 anos e que apresentavam como fatores de risco mais comuns a imunodepressão (86.38%), a antibioterapia recente (85.27%) e o uso de dispositivos médicos invasivos (70.54%). Dos infetados com rastreio prévio, 70.80% apresentavam colonização. 73% das infeções provinham das Enfermarias (principalmente Médicas), estavam associadas ao trato urinário (61%) e derivaram de estirpes de K. pneumoniae em 90% dos casos, E. coli em 7%, Enterobacter spp. em 2% e Citrobacter spp. em 1%. O tipo de carbapenemase mais prevalente foi a KPC (92.60%), maioritariamente produzidas por K. pneumoniae, tendo-se identificado também carbapenemases do tipo OXA-48, VIM e NDM. Foi ainda observado o fenómeno de coprodução dupla de carbapenemases, ainda por descrever em Portugal, dos tipos KPC-OXA-48, KPC-VIM e KPC-NDM. A maioria dos isolados apresentaram resistência aos carbapenemes (83.17%) sendo que o ertapenem (94.87%) apresentou-se como o mais sensível marcador da produção de carbapenemases. Verificou-se ainda aumento de resistência aos aminoglicosídeos assim como o desenvolvimento de resistência à ceftazidime/avibactam e à colistina, restando assim poucas opções terapêuticas. Concluiu-se que estas infeções aumentaram ao longo dos anos. Este trabalho poderá ser utilizado como uma ferramenta para uma melhor compreensão deste problema e como orientação para elaborar planos de prevenção e controlo de infeção por EPC.