A problemática do envelhecimento na perspectiva da ecologia humana: o caso particular de Marvão

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Junceiro, João Claudino
Data de Publicação: 1997
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/12551
Resumo: Introdução - Todos os seres vivos com reprodução sexuada envelhecem, ou seja, modificam-se com o passar do tempo, no sentido de uma diminuição das suas performances, do seu potencial reprodutor e da sua adaptabilidade, à medida que a sua probabilidade de falecimento aumenta. Nas sociedades urbano-industriais, mercê das necessidades administrativas, criou-se um conceito de idoso em termos cronológicos. Com a idade de reforma, o trabalhador é colocado na última fase da vida: a velhice ou terceira idade. A Organização Mundial de Saúde, numa tentativa de uniformização de critérios, definiu como idoso qualquer indivíduo com 65 ou mais anos, independentemente do sexo e estado de saúde. 0 processo de envelhecimento, também conhecido como senescência, resulta de uma interacção complexa de factores genéticos, metabólicos, hormonais, imunológicos e estruturais, agindo sobre níveis moleculares, celulares, histológicos e orgânicos (Kaplan, Sadock,1990: 52). 0 envelhecimento é caracterizado pela incapacidade progressiva do organismo para se adaptar às condições variáveis do seu ambiente. 0 Envelhecimento constitui uma diminuição na capacidade de sobrevivência (Contran, Kumar; Robbins,1991: 447). Os mecanismos implicados no envelhecimento apresentam, segundo Robert (1995: 17), todos as características seguintes: - são progressivos, - são nocivos, -irreversíveis - e, geralmente, comuns a inúmeros organismos. O envelhecimento humano é, pois, um processo dinâmico, habitualmente lento e progressivo, em que ocorrem numerosas alterações interpretadas como involutivas. Verifica-se que, por mecanismos ainda desconhecidos, a maior parte dos órgãos do homem estão sujeitos, com o decurso da idade, a uma involução morfológica e funcional que conduz a uma diminuição progressiva das capacidades do indivíduo. Biológica e psicologicamente o envelhecimento traduz-se por uma diminuição das capacidades de adaptação ao meio e às agressões da vida. Ao envelhecerem, os indivíduos acumulam incapacidades e doenças (Rowe, 1993: 22), e a necessidade de cuidados de saúde aumentam. Por outro lado, o aumento da perspectiva de vida focalizou a atenção na melhoria da saúde e na manutenção da capacidade funcional na velhice. No entanto, o aumento do tempo do vida dos idosos não é acompanhado por uma redução da morbilidade e pode, até, levar a aumentos mais drásticos da necessidade de serviços de saúde, a não ser que o nosso conhecimento a respeito das doenças da velhice e a nossa capacidade de tratá-las aumentem substancialmente (Rowe, 1993: 23). Porque a saúde é o resultado de um equilíbrio delicado entre as partes biológica, psíquica e social do indivíduo, não se poderá aceitar que as "soluções" adoptadas no campo sanitário não tenham um paralelo, um complemento, no domínio social, por forma a possibilitar a todo o momento, ao idoso, o acesso a um conjunto de recursos que garantam a sua independência (Valentim, 1996: 63). Estão neste campo, entre outros, as políticas municipais em favor dos idosos, os centros de dia, o apoio domiciliário e os lares. No nosso dia a dia, como técnicos de saúde, somos confrontados com questões acerca da problemática do envelhecimento. Muitas delas dizem respeito ao facto de vivermos numa região em que o número de utentes dos serviços prestadores de cuidados de saúde ser, numa elevada percentagem, indivíduos com mais de 65 anos de idade.
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