António antes de Variações: o percurso inicial do cantor

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Branco, Luís Carlos Silva
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/25037
Resumo: António Variações é uma figura maior da História da Música Moderna Portuguesa e da nossa cultura. Embora a maioria de nós tenha a sensação de que foi mais tempo, a sua fulgurante carreira durou somente dois anos, de 1982 a 1984. Provavelmente, foi o artista português mais marcante do pós 25 de Abril. A sua obra lírico-musical continua hoje a ser celebrada das mais diversas formas. No cinema e no teatro, nos inúmeros artigos que continuam a ser escritos sobre ele, e nas homenagens feitas pelos músicos das novíssimas gerações, como Samuel Úria, Linda Martini, Deolinda, Gisela João e Janeiro. Todos eles têm ido beber à sua obra, e, num ou noutro momento, assumiram-se como devedores do seu trabalho. Mas também as ideias de Variações sobre a identidade nacional e o seu pensamento crítico continuam hoje a ser pertinentes. António Variações não perdeu atualidade: continua a ser relevante na contemporaneidade. Um das razões para isso é, sem dúvida, o facto de continuarmos a não o compreender. Ontem como hoje, ele permanece, em grande medida, um mistério para nós. Ainda para mais, se tivermos em conta que, passados quase quarenta anos do seu desaparecimento, não surgiu, entre nós, nenhum outro criador que se lhe assemelhe. Artistas como Pedro Abrunhosa, Paulo Bragança e B-Fachada partilham com ele muitos traços, mas Variações continua a ser um caso único, e, pelos vistos, irrepetível. Porque é que ele é, afinal, um caso singular na história da nossa cultura? Uma das razões para isso prende-se com o facto de ter aparecido já como um artista maduro, com uma obra inteira, estruturalmente forte, duma grande coerência estética, o que é algo muito pouco usual para quem está a começar. Note-se que ele começou a gravar relativamente tarde; tinha trinta e sete anos quando lançou o seu primeiro trabalho. Portanto, donde é que veio essa inteireza, como é que ele chegou àquele universo multimédia com que se apresentou logo no primeiro trabalho? Parece-me que só há um modo de esclarecer esta questão: estudando o seu percurso para trás, observando as experiências musicais e artísticas que encetou antes, percebendo os seus passos em falso e as correntes estéticas que foi abraçando, delimitando bem as que descartou e as que desenvolveu. Ele só adotou o epíteto “Variações” quando editou a sua obra debutante, o maxi-single “Estou Além/Povo que Lavas no Rio”, antes disso, apresentava-se simplesmente como “António Autor-Intérprete” – é este que esta dissertação se propõe estudar, dilucidando esse seu percurso artístico antecedente. Antes de sabermos quem foi António Variações, precisamos de saber quem foi ele antes de o ser.
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Mas também as ideias de Variações sobre a identidade nacional e o seu pensamento crítico continuam hoje a ser pertinentes. António Variações não perdeu atualidade: continua a ser relevante na contemporaneidade. Um das razões para isso é, sem dúvida, o facto de continuarmos a não o compreender. Ontem como hoje, ele permanece, em grande medida, um mistério para nós. Ainda para mais, se tivermos em conta que, passados quase quarenta anos do seu desaparecimento, não surgiu, entre nós, nenhum outro criador que se lhe assemelhe. Artistas como Pedro Abrunhosa, Paulo Bragança e B-Fachada partilham com ele muitos traços, mas Variações continua a ser um caso único, e, pelos vistos, irrepetível. Porque é que ele é, afinal, um caso singular na história da nossa cultura? Uma das razões para isso prende-se com o facto de ter aparecido já como um artista maduro, com uma obra inteira, estruturalmente forte, duma grande coerência estética, o que é algo muito pouco usual para quem está a começar. Note-se que ele começou a gravar relativamente tarde; tinha trinta e sete anos quando lançou o seu primeiro trabalho. Portanto, donde é que veio essa inteireza, como é que ele chegou àquele universo multimédia com que se apresentou logo no primeiro trabalho? Parece-me que só há um modo de esclarecer esta questão: estudando o seu percurso para trás, observando as experiências musicais e artísticas que encetou antes, percebendo os seus passos em falso e as correntes estéticas que foi abraçando, delimitando bem as que descartou e as que desenvolveu. Ele só adotou o epíteto “Variações” quando editou a sua obra debutante, o maxi-single “Estou Além/Povo que Lavas no Rio”, antes disso, apresentava-se simplesmente como “António Autor-Intérprete” – é este que esta dissertação se propõe estudar, dilucidando esse seu percurso artístico antecedente. Antes de sabermos quem foi António Variações, precisamos de saber quem foi ele antes de o ser.António Variações is a major figure in the history of modern Portuguese music and culture. Although most of us have the feeling that it was longer, his brilliant career lasted only two years, from 1982 to 1984. He was probably the most striking artist of the post-April 25. His literary and musical work continues to be celebrated in many diferent ways today. In movies and theater, in the numerous articles that continues to be written about him and in the tributes paid by the musicians of the new generations, such as Samuel Úria, Linda Martini, Deolinda, Gisela João and Janeiro. All of them refer his work as a source of continuous inspiration, at one time or the other, they have assumed themselves as debtors of Variações´s work. But also his ideas about national identity and his critical thinking are still being referred to nowadays. Therefore António Variações continues to be quite relevant in contemporary times. Undoubtedly, one of the main reasons for this scenario is the fact that we still do not understand him nor his work. To a large extent, he remains a mystery to us. Moreover, if we take into account that, almost forty years after his disappearence, no other creator of his kind has emerged in Portugal. Although artists such as Pedro Abrunhosa, Paulo Bragança and B-Fachada share aesthetic traits with him, António Variações remains quite unique and irrepeatable. Why is he such a singular case among us? One of the reasons is that, from the beginning, he had appeared to us already as a mature artista, with a whole, structered strong body of work, with great aesthetic coerence, which is something unusual for a beginner. Note he began to record when he was already 37 years old. So, where did this artistic maturity came from, how did he came to create the multimedial universe with which he presented himself in his firts piece of work? It seems to me there is only one way of perceiving these issues: by studying his course backwords, observing the musical and artistic experiences he had before becaming a public persona. He adopted the epithet “Variações” when his debut work, the maxi-single “Estou Além/Povo que Lavas no Rio”, was released. Before that he presented himself as “António, Author and Singer” – and this is exactly what this dissertation proposes to study: his background. Before we know who António Variações was, we need to acknowledge who he was earlier in his aesthetic course.2020-12-03T00:00:00Z2018-12-03T00:00:00Z2018-12-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/25037TID:202239675porBranco, Luís Carlos Silvainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:48:53Zoai:ria.ua.pt:10773/25037Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:58:30.522723Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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description António Variações é uma figura maior da História da Música Moderna Portuguesa e da nossa cultura. Embora a maioria de nós tenha a sensação de que foi mais tempo, a sua fulgurante carreira durou somente dois anos, de 1982 a 1984. Provavelmente, foi o artista português mais marcante do pós 25 de Abril. A sua obra lírico-musical continua hoje a ser celebrada das mais diversas formas. No cinema e no teatro, nos inúmeros artigos que continuam a ser escritos sobre ele, e nas homenagens feitas pelos músicos das novíssimas gerações, como Samuel Úria, Linda Martini, Deolinda, Gisela João e Janeiro. Todos eles têm ido beber à sua obra, e, num ou noutro momento, assumiram-se como devedores do seu trabalho. Mas também as ideias de Variações sobre a identidade nacional e o seu pensamento crítico continuam hoje a ser pertinentes. António Variações não perdeu atualidade: continua a ser relevante na contemporaneidade. Um das razões para isso é, sem dúvida, o facto de continuarmos a não o compreender. Ontem como hoje, ele permanece, em grande medida, um mistério para nós. Ainda para mais, se tivermos em conta que, passados quase quarenta anos do seu desaparecimento, não surgiu, entre nós, nenhum outro criador que se lhe assemelhe. Artistas como Pedro Abrunhosa, Paulo Bragança e B-Fachada partilham com ele muitos traços, mas Variações continua a ser um caso único, e, pelos vistos, irrepetível. Porque é que ele é, afinal, um caso singular na história da nossa cultura? Uma das razões para isso prende-se com o facto de ter aparecido já como um artista maduro, com uma obra inteira, estruturalmente forte, duma grande coerência estética, o que é algo muito pouco usual para quem está a começar. Note-se que ele começou a gravar relativamente tarde; tinha trinta e sete anos quando lançou o seu primeiro trabalho. Portanto, donde é que veio essa inteireza, como é que ele chegou àquele universo multimédia com que se apresentou logo no primeiro trabalho? Parece-me que só há um modo de esclarecer esta questão: estudando o seu percurso para trás, observando as experiências musicais e artísticas que encetou antes, percebendo os seus passos em falso e as correntes estéticas que foi abraçando, delimitando bem as que descartou e as que desenvolveu. Ele só adotou o epíteto “Variações” quando editou a sua obra debutante, o maxi-single “Estou Além/Povo que Lavas no Rio”, antes disso, apresentava-se simplesmente como “António Autor-Intérprete” – é este que esta dissertação se propõe estudar, dilucidando esse seu percurso artístico antecedente. Antes de sabermos quem foi António Variações, precisamos de saber quem foi ele antes de o ser.
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