Paisagens Transgénicas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.18055/Finis25456 |
Resumo: | Na tradição clássica da Geografia, a Paisagem é um conceito e uma questão central na definição do próprio objecto de estudo da Geografia. A Paisagem continha registos fundamentais para se perceber a relação entre o “homem” e o “meio”, permitindo leituras rigorosas sobre a influência mútua entre os sistemas biofísicos e as transformações derivadas da ocupação humana e da sua evolução. Desenvolvida sobretudo entre o final do séc. XIX e a primeira metade do séc. XX, a Geografia das Paisagens privilegiou as ambiências rurais pré-modernas com vantagens evidentes: as formas de organização da produção agrícola estavam então muito dependentes dos contextos biofísicos; a agricultura construía paisagem pelo modo como transformava o território e como organizava a sociedade, o povoamento, a relação com os lugares; os constrangimentos tecnológicos e uma maior lentidão na sua evolução (comparando com a situação de hoje) não permitiam grandes rupturas e favoreciam a estabilidade e a clareza da leitura. Entretanto, a urbanização, a rápida evolução da base económica para as actividades industriais e de serviços, o desaparecimento da agricultura pré-moderna e da sociedade que lhe correspondia mergulhou a paisagem na deriva e na confusão, tendo-se perdido as linhagens/tipologias puras. Como nos organismos transgénicos, os cruzamentos, as novas combinações, as formas de análise e validação, as polémicas éticas e estéticas, também a paisagem entrou no desassossego. |
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XX, a Geografia das Paisagens privilegiou as ambiências rurais pré-modernas com vantagens evidentes: as formas de organização da produção agrícola estavam então muito dependentes dos contextos biofísicos; a agricultura construía paisagem pelo modo como transformava o território e como organizava a sociedade, o povoamento, a relação com os lugares; os constrangimentos tecnológicos e uma maior lentidão na sua evolução (comparando com a situação de hoje) não permitiam grandes rupturas e favoreciam a estabilidade e a clareza da leitura. Entretanto, a urbanização, a rápida evolução da base económica para as actividades industriais e de serviços, o desaparecimento da agricultura pré-moderna e da sociedade que lhe correspondia mergulhou a paisagem na deriva e na confusão, tendo-se perdido as linhagens/tipologias puras. Como nos organismos transgénicos, os cruzamentos, as novas combinações, as formas de análise e validação, as polémicas éticas e estéticas, também a paisagem entrou no desassossego.In the classical tradition of Geography, Landscape is a concept and a central issue in the definition of the object of study of Geography. The landscape contains fundamental records to understand the relationship between “man” and “environment”, allowing rigorous readings of the mutual influence between biophysical systems and the transformations derived from human occupation and its evolution. Developed mainly between the end of the 19th century and the first half of the 20th century, the Geography of Landscapes favoured pre-modern rural environments with obvious advantages: the forms of organization of agricultural production were at that time very dependent on biophysical contexts; agriculture built landscape through the way it transformed the territory and organized society, the settlement, the relationship with places; technological constraints and a greater slowness in its evolution (compared to today’s situation) did not allow for major disruptions and favoured stability and clarity of reading. Meanwhile, urbanization, the rapid evolution of the economic base to industrial and service activities, the disappearance of pre-modern agriculture and its corresponding society plunged the landscape into drift and confusion, with loss of pure lineages/typologies. As with transgenic organisms, crossings, new combinations, forms of analysis and validation, ethical and aesthetic controversies, the landscape also fell into disquiet.En la tradición clásica de la Geografía, el paisaje es un concepto y una cuestión central en la definición del propio objeto de estudio de la Geografía. El paisaje contenía registros fundamentales para entender la relación entre el “hombre” y el “medio”, permitiendo lecturas rigurosas sobre la influencia mutua entre los sistemas biofísicos y las transformaciones derivadas de la ocupación humana y su evolución. Desarrollada principalmente entre finales del siglo XIX y la primera mitad del siglo XX, la Geografía del Paisaje privilegió los medios rurales premodernos con ventajas evidentes: las formas de organización de la producción agrícola eran entonces muy dependientes de los contextos biofísicos; la agricultura construía el paisaje por la forma en cómo transformaba el territorio y cómo organizaba la sociedad, el asentamiento y la relación con los lugares; las limitaciones tecnológicas y una evolución más lenta (en comparación con la situación actual) no permitían grandes rupturas y favorecían la estabilidad y la claridad de la lectura. Mientras, la urbanización, la rápida evolución de la base económica hacia actividades industriales y de servicios, la desaparición de la agricultura premoderna y de la sociedad que le correspondía sumegió el paisaje en la deriva y en la confusión, perdiendo sus linajes/tipologías puras. Al igual que con los organismos transgénicos, los cruces, las nuevas combinaciones, las formas de análisis y validación, las polémicas éticas y estéticas, el paisaje también entró en desosiego.Centro de Estudos Geográficos2021-12-22T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.18055/Finis25456por2182-29050430-5027Domingues, Álvaroinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-05T14:40:10Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/25456Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:12:57.574976Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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