COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA DE CRISE EM EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA: UMA ANÁLISE DAS CAMPANHAS DO GOVERNO FEDERAL NA EPIDEMIA ZIKA VIRUS ASSOCIADA À MICROCEFALIA NO BRASIL ENTRE OS ANOS 2016 A 2019

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Sara Sobral
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/106691
Resumo: No ano de 2015, o Brasil foi vítima de uma epidemia do zika vírus, transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, situação que deixou toda a comunidade científica em alerta, pois pela primeira vez foi associado ao vírus o desenvolvimento da microcefalia em bebês ainda no ventre das mães infectadas. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi o de analisar as estratégias midiáticas de informação do Governo Federal brasileiro — nomeadamente as campanhas de saúde destinadas ao combate do mosquito transmissor do zika vírus, desenvolvidas pelo Ministério da Saúde (MS), especialmente devido ao cenário político, onde em 4 anos houve a mudança de 3 presidentes e 4 ministros da Saúde. As mencionadas campanhas foram mapeadas no portal do MS e os seus alcances aferidos através da análise do Instagram, Facebook e YouTube, verificando osrespectivos engajamentos: visualizações, impressões, alcance (curtidas, partilhas e comentários) e seguidores. O período desta análise foi de 3 meses de cada uma das cinco campanhas (entre os anos de 2016 e 2019). Uma segunda categoria de análise utilizada foi a identificação dos aspectos argumentativos retóricos: estratégia logos, mensurando o tecnicismo das mensagens; a estratégia ethos e a busca do apelo à autoridade e credibilidade; e, por fim, o apelo emocional do pathos: medo, força e piedade. E, ainda, da verificação dos argumentos linguísticos, detectou-se quais as peças que utilizaram a linguagem coloquial ou formal e a metáfora como figura de linguagem. Nas campanhas de 2016, houve um grande apelo ao logos e ethos, visando esclarecer a sociedade e cooptá-la ao combate. Nos anos de 2017 e 2018, houve a marca do apelo às emoções, através dos depoimentos das vítimas da microcefalia. Em 2019, observa-se um convite ao combate contra o mosquito vetor, sobretudo com o destaque para a dengue, pois o zika vírus já aparentava estar sob algum controle. Todas as campanhas utilizaram a linguagem coloquial e metáfora como recursos linguísticos. Assim, as campanhas de comunicação destinadas à saúde desenvolvidas pelo Ministério da Saúde no contexto do zika vírus buscam esclarecer à sociedade o problema específico de saúde pública, cooptando-a à ação junto ao governo para o controle da proliferação do mosquito causador das três patologias apontadas neste trabalho. O uso de canais apropriados e das técnicas de comunicação, adequam a mensagem ao atingimento dos objetivos estratégicos delimitados pelo governo. Muito foi feito ao longo dos quatro anos, com investimentos em pesquisa, suporte e atendimento na área da saúde e geração de renda através de pensão para os portadores da síndrome congênita do zika vírus (microcefalia), mas a batalha contra o vetor não foi ganha, a cada ano os casos notificados de dengue, transmitida pelo mesmo mosquito, têm aumentado. É possível que o controle efetivo seja estabelecido apenas quando houver uma maior atenção ao saneamento básico do país.
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Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi o de analisar as estratégias midiáticas de informação do Governo Federal brasileiro — nomeadamente as campanhas de saúde destinadas ao combate do mosquito transmissor do zika vírus, desenvolvidas pelo Ministério da Saúde (MS), especialmente devido ao cenário político, onde em 4 anos houve a mudança de 3 presidentes e 4 ministros da Saúde. As mencionadas campanhas foram mapeadas no portal do MS e os seus alcances aferidos através da análise do Instagram, Facebook e YouTube, verificando osrespectivos engajamentos: visualizações, impressões, alcance (curtidas, partilhas e comentários) e seguidores. O período desta análise foi de 3 meses de cada uma das cinco campanhas (entre os anos de 2016 e 2019). Uma segunda categoria de análise utilizada foi a identificação dos aspectos argumentativos retóricos: estratégia logos, mensurando o tecnicismo das mensagens; a estratégia ethos e a busca do apelo à autoridade e credibilidade; e, por fim, o apelo emocional do pathos: medo, força e piedade. E, ainda, da verificação dos argumentos linguísticos, detectou-se quais as peças que utilizaram a linguagem coloquial ou formal e a metáfora como figura de linguagem. Nas campanhas de 2016, houve um grande apelo ao logos e ethos, visando esclarecer a sociedade e cooptá-la ao combate. Nos anos de 2017 e 2018, houve a marca do apelo às emoções, através dos depoimentos das vítimas da microcefalia. Em 2019, observa-se um convite ao combate contra o mosquito vetor, sobretudo com o destaque para a dengue, pois o zika vírus já aparentava estar sob algum controle. Todas as campanhas utilizaram a linguagem coloquial e metáfora como recursos linguísticos. Assim, as campanhas de comunicação destinadas à saúde desenvolvidas pelo Ministério da Saúde no contexto do zika vírus buscam esclarecer à sociedade o problema específico de saúde pública, cooptando-a à ação junto ao governo para o controle da proliferação do mosquito causador das três patologias apontadas neste trabalho. O uso de canais apropriados e das técnicas de comunicação, adequam a mensagem ao atingimento dos objetivos estratégicos delimitados pelo governo. Muito foi feito ao longo dos quatro anos, com investimentos em pesquisa, suporte e atendimento na área da saúde e geração de renda através de pensão para os portadores da síndrome congênita do zika vírus (microcefalia), mas a batalha contra o vetor não foi ganha, a cada ano os casos notificados de dengue, transmitida pelo mesmo mosquito, têm aumentado. É possível que o controle efetivo seja estabelecido apenas quando houver uma maior atenção ao saneamento básico do país.In 2015, Brazil experienced a zika virus epidemic. Transmitted by the bite of the Aedes aegypti mosquito, it caused the scientific community to be aware that, for the first time, babies were developing microcephaly still in the womb of mothers infected by virus. In this context, this work aims to analyze Brazilian Federal Government media strategies, namely health campaigns developed by the Health Ministry, to fight the mosquito that bears the zika virus. The political scene was also considered because in four years Brazil had three presidents—Rousseff (2016), Temer (2016-2018), and Bolsonaro 2019)—and four Health ministers. The strategies were mapped from the Health Ministry website and their reach measured by assessing Instagram, Facebook, and YouTube interactions like visualization, impressions, comments, sharing, and followers. To each of the five campaigns were devoted 3 months of evaluation (2016 – 2019). A second analysis category employed was the identification of rhetoric argumentative aspects: the logos strategy, evaluating the technicality of messages, the appeal to logic; the ethos strategy and the quest for the appeal to authority and credibility; and finally the emotional appeal to pathos: fear, power, and mercy. Further, the analysis of the linguistic propositions included detecting which pieces used colloquial or formal speech, and metaphor as a figure of speech. In the 2016 campaign, there was a huge appeal to logos and ethos trying to lecture and convince society to join the fight. In 2017 and 2018, there was the emotional appeal strategy that used microcephaly victims’ testimony. In 2019, the battle was mostly against the dengue mosquito is observed since the zika virus had been somewhat controlled. All campaigns used informal and metaphoric language as the main linguistic instrument. Therefore, communication campaigns on health developed by the Health Ministry regarding zika virus intend to educate society about this specific problem of public health. They are inviting everyone to act together with the government to control the proliferation of the mosquito responsible for the three pathologies mentioned in this paper. The use of proper channels and communication techniques make the message reach the strategic goals defined by the government. A lot has been done for the last four years through investments in research, health care support and assistance and income generation through pensions for those afflicted by microcephaly. But the battle against the agent has not been yet won, and every year reported cases of dengue increase, which is transmitted by the same mosquito. It is possible that effective control will be established only when major attention is drawn to the country’s sanitation problems.Silva, Ivone Marília Carinhas Ferreira daMacagno, FabrízioRUNDias, Sara Sobral2023-09-07T00:30:39Z2020-09-072020-11-022020-09-07T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/106691TID:202523527porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:51:26Zoai:run.unl.pt:10362/106691Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:40:43.643834Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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