Health care acess in times of Covid-19: the experiences of refugees in Lisbon
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | eng |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/159185 |
Resumo: | Resumo ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE EM TEMPOS DE COVID 19: AS EXPERIÊNCIAS DOS REFUGIADOS EM LISBOA Introdução De forma a endereçar as necessidades em saúde dos refugiados é essencial que os serviços de saúde sejam dotados de competência cultural e facilitem o acesso desta população aos cuidados de saúde, especialmente num contexto amplificador de iniquidades sociais, como a pandemia da COVID-19. No entanto, não existem estudos em Portugal que explorem o acesso aos cuidados de saúde pelos refugiados durante a pandemia. O objectivo desta tese consiste em descrever as características demográficas e socioeconómicas dos refugiados em Lisboa, e explorar os seus padrões de acesso aos cuidados de saúde durante a pandemia. Métodos Foi realizado um estudo transversal descritivo entre Maio e Novembro 2022. Foram entrevistados 36 refugiados a viver em Lisboa mediante a aplicação de um questionário com 38 itens. Foram calculadas estatísticas descritivas para caracterizar o perfil sociodemográfico e de acesso aos cuidados de saúde durante a pandemia. Resultados A maioria de participantes era do género masculino (56%), com uma média de idades de 35 anos, casados (72%), detinham pelo menos o ensino secundário (69%), e estavam desempregados (77.8%). Os respondentes eram provenientes de sete países e todos tinham integrado o Programa Municipal de Acolhimento aos Refugiados; a média de estadia era de 17 meses. Todos estavam registados num centro de saúde e durante a pandemia, 94% usaram serviços de saúde. Apesar de a maioria ter testado negativo para o coronavírus (58%), um foi internado devido a COVID-19; 97% foram vacinados contra a COVID-19 e 69% tinham o esquema vacinal incompleto. A maioria conhecia os sintomas mais comuns da COVID-19 (86%) e cumpriu com medidas preventivas (83%). Um quarto dos respondentes não teve acesso a informação sobre a COVID-19 numa língua que compreendesse e apesar de 97% terem precisado de cuidados de saúde durante a pandemia, mais de metade (63%) não os procurou devido a barreiras estruturais e culturais. Metade dos participantes teve dificuldade em conseguir aconselhamento médico por telefone ou email e 39.4% não pôde pagar exames médicos ou tratamentos. Apenas 18.2% procurou apoio psicológico. Um total de 58.8% dos participantes sentiu que os profissionais de saúde nem sempre respeitaram a sua cultura e 64.7% reportaram que os profissionais não discutiram com eles opções terapêuticas. Conclusões e Implicações O acesso aos cuidados de saúde é um conceito complexo, no qual várias dimensões de oferta e de procura de cuidados desempenham um papel. O acesso aos cuidados de saúde pelos refugiados requer uma abordagem holística, que implica endereçar as especificidades da sua vulnerabilidade. Os resultados desta tese sugerem que a pandemia da COVID-19 pode ter intensificado iniquidades e barreiras preexistentes no acesso aos cuidados de saúde. Adicionalmente, sublinha a necessidade de investimento numa comunicação inclusiva, em competência cultural e no envolvimento dos doentes nos cuidados, além da melhoria da condição socioeconómica dos refugiados. As características da população refugiada e barreiras no acesso aos cuidados de saúde identificadas nesta tese, poderão servir para informar estudos futuros sobre as necessidades em saúde dos refugiados e assistir no delineamento de estratégias para reduzir as iniquidades no acesso aos cuidados de saúde. |
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Métodos Foi realizado um estudo transversal descritivo entre Maio e Novembro 2022. Foram entrevistados 36 refugiados a viver em Lisboa mediante a aplicação de um questionário com 38 itens. Foram calculadas estatísticas descritivas para caracterizar o perfil sociodemográfico e de acesso aos cuidados de saúde durante a pandemia. Resultados A maioria de participantes era do género masculino (56%), com uma média de idades de 35 anos, casados (72%), detinham pelo menos o ensino secundário (69%), e estavam desempregados (77.8%). Os respondentes eram provenientes de sete países e todos tinham integrado o Programa Municipal de Acolhimento aos Refugiados; a média de estadia era de 17 meses. Todos estavam registados num centro de saúde e durante a pandemia, 94% usaram serviços de saúde. Apesar de a maioria ter testado negativo para o coronavírus (58%), um foi internado devido a COVID-19; 97% foram vacinados contra a COVID-19 e 69% tinham o esquema vacinal incompleto. A maioria conhecia os sintomas mais comuns da COVID-19 (86%) e cumpriu com medidas preventivas (83%). Um quarto dos respondentes não teve acesso a informação sobre a COVID-19 numa língua que compreendesse e apesar de 97% terem precisado de cuidados de saúde durante a pandemia, mais de metade (63%) não os procurou devido a barreiras estruturais e culturais. Metade dos participantes teve dificuldade em conseguir aconselhamento médico por telefone ou email e 39.4% não pôde pagar exames médicos ou tratamentos. Apenas 18.2% procurou apoio psicológico. Um total de 58.8% dos participantes sentiu que os profissionais de saúde nem sempre respeitaram a sua cultura e 64.7% reportaram que os profissionais não discutiram com eles opções terapêuticas. Conclusões e Implicações O acesso aos cuidados de saúde é um conceito complexo, no qual várias dimensões de oferta e de procura de cuidados desempenham um papel. O acesso aos cuidados de saúde pelos refugiados requer uma abordagem holística, que implica endereçar as especificidades da sua vulnerabilidade. Os resultados desta tese sugerem que a pandemia da COVID-19 pode ter intensificado iniquidades e barreiras preexistentes no acesso aos cuidados de saúde. Adicionalmente, sublinha a necessidade de investimento numa comunicação inclusiva, em competência cultural e no envolvimento dos doentes nos cuidados, além da melhoria da condição socioeconómica dos refugiados. As características da população refugiada e barreiras no acesso aos cuidados de saúde identificadas nesta tese, poderão servir para informar estudos futuros sobre as necessidades em saúde dos refugiados e assistir no delineamento de estratégias para reduzir as iniquidades no acesso aos cuidados de saúde.Abstract HEALTH CARE ACCESS IN TIMES OF COVID-19: THE EXPERIENCES OF REFUGEES IN LISBON Background & objective To address the health needs of refugees, it is essential that health services are culturally competent and facilitate the access of this population to health care, especially in a context prone to the amplification of social inequities, such as the COVID-19 pandemic. However, no studies exist in Portugal exploring refugees’ access to health during the pandemic. The objective of this thesis is to describe the socioeconomic and demographic characteristics of refugees living in Lisbon and to explore their health care access patterns during the COVID-19 pandemic. Methods A cross-sectional descriptive study was conducted from May to November 2022. A 38- item questionnaire was applied to 36 refugees living in Lisbon through face-to-face interviews. Descriptive statistics were used to characterize sociodemographic and healthcare access profiles during the pandemic. Results The mean age of participants was 35 years, and the majority were male (56%), married (72%), had at least a secondary education (69%), and unemployed (77.8%). The respondents came from seven countries and had all been integrated into the Municipal Refugee Reception Program with a median length of stay of 17 months. All were registered in a primary care center and, during the pandemic, 94% used healthcare services. While the majority never tested positive for the coronavirus (58%), one was admitted to hospital due to severe COVID-19. A total of 97% received COVID-19 vaccination, of which 69% had an incomplete schedule. Most participants were knowledgeable about the most common symptoms of COVID-19 (86%) and were compliant with preventive measures (83%). A quarter of the participants didn´t have access to information about COVID-19 in a language they understood, and although 97% needed health care during the pandemic, more than half (63%) didn’t seek it because of structural and cultural barriers. Half of the respondents had difficulty getting medical advice by phone or email and 39.4% could not afford a medical examination or treatment. Only 18.2% sought counselling services. A total of 58.8% of the participants felt like healthcare professionals didn’t always show respect towards their culture and 64.7% reported that healthcare professionals did not discuss treatment options with them. Conclusions and Implications Access to health care is a complex concept, in which several dimensions on both the supply and demand sides play a role. Health care access by refugees requires a comprehensive approach, that entails addressing the specificities of their vulnerability. This thesis's findings suggest that the COVID-19 pandemic may have enhanced long standing inequalities and barriers to health care in Portugal. Moreover, it highlights the need to endow inclusive communication, cultural competency, and patient involvement in health care, alongside improving the socioeconomic condition of refugees. Identified population characteristics and barriers to health care access by refugees in this thesis, may inform future studies on the health care needs of refugees in Portugal and ultimately assist in the devising of strategies to reduce inequalities in health care access.MARTINS, Maria do Rosário OliveiraHAMWI, Sousan alRUNCOSTA, Vanessa Andreia Portela dos Santos2023-022023-022023-02-01T00:00:00Z2024-06-02T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/159185TID:203371658enginfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T05:41:37Zoai:run.unl.pt:10362/159185Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:57:26.118331Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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