Editorial
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://revista.farmacoterapia.pt/index.php/rpf/article/view/278 |
Resumo: | O investimento em tecnologias de saúde, nomeadamente medicamentos, tem passado por várias fases ao longo dos anos. Há 40 anos as grandes companhias apostavam nos medicamentos de grande consumo e relacionados com as patologias associadas às novas formas de vida nas sociedades modernas. Eram os medicamentos cardiovasculares, antidiabéticos, anticoagulantes, etc. Numa determinada fase tiveram também grande relevo os medicamentos antirretrovirais que, num somatório de sucessivos progressos, transformaram a SIDA numa doença crónica. Há cerca de 30 anos as denominadas doenças órfãs entraram nas prioridades das grandes companhias, recebendo igualmente o apoio das entidades reguladoras que criaram um estatuto especial com regras diferenciadas para a sua avaliação. A maior parte destes medicamentos foram investigados em pequenas companhias mais tarde adquiridas pelas grandes multinacionais com capacidade de comercialização a nível global.Já neste século, são os medicamentos destinados às mais diversas situações oncológicas que emergem com inovações espetaculares, a um ritmo sem precedentes. Analisando a entrada no mercado das novas moléculas inovadoras nos últimos 30 anos verificamos que é muito limitado o investimento em doenças infeciosas, nomeadamente em antibióticos, antivíricos e vacinas. Tal não estará certamente dissociado do facto de grande parte das doenças infeciosas serem essencialmente prevalentes nos países em vias de desenvolvimento, que representam para as grandes companhias farmacêuticas um fraco mercado, com pouca capacidade de compra. Vejamos os casos de Ébola, Cólera e Malária para, a título de exemplo, falarmos em vírus, em bactérias e em parasitas, respetivamente, que têm massacrado populações em territórios menos favorecidos.A inovação terapêutica é fundamental nas sociedades modernas e tem contribuído de forma significativa para a melhoria do estado de saúde da população e para o aumento da esperança de vida, constituindo-se inegavelmente como alicerce do desenvolvimento económico. Não podemos no entanto ignorar que a maior parte da população que utiliza medicamentos (cerca de 80%) está dependente de medicamentos essenciais que hoje, na maior parte dos países, são medicamentos denominados “genéricos”. Referimo-nos a medicamentos cuja patente caiu no domínio público, podendo assim ser comercializados por diversos fabricantes, caducado que está o período de exclusividade atribuído ao laboratório responsável pela primeira colocação no mercado. Uma grande maioria dos medicamentos para a diabetes, hipertensão, dislipidemias e diversas doenças cardiovasculares, que são as doenças com maior morbilidade e mortalidade em Portugal e nos países desenvolvidos, são hoje comercializados sob as condições que atrás descrevemos. Podendo ainda acrescentar-se alguns medicamentos para doenças respiratórias, oncológicas e outras menos representativas. Não obstante, tem “também havido dificuldade no acesso a alguns medicamentos inovadores, nomeadamente em oncologia e doenças raras. Nalguns casos, também em opções farmacológicas para a diabetes, doenças cardiovasculares e infeciosas se notam lacunas em termos de acesso. Sendo inovadores e resultado da investigação recente de um ou mais laboratórios, aportam necessariamente um valor acrescentado e relevante face aos demais nas patologias a que se destinam, apresentando como reverso da medalha preços diferenciados quando lançados no mercado.” (José Aranda da Silva, Visão Saúde Abril 2020). Serve esta pequena resenha histórica para constatar que a indústria farmacêutica, como de resto ocorrerá noutros sectores importantes para o desenvolvimento económico, tem concentrado os seus esforços nos produtos que lhe garantem as margens de lucro mais avultadas, bem como nas etapas do seu fabrico consideradas mais diferenciadoras na cadeia de produção.A Pandemia veio mostrar que “O rei vai nu”.Falamos na Globalização para rentabilizar as empresas internacionais, deslocando a produção para os países no Oriente, de mão-de-obra barata, que não cumprem as mais elementares regras de proteção social, obrigatórias nos países desenvolvidos, mas esquecemos que este fenómeno tem outras facetas como a universalidade das viagens dos seres humanos e dos microrganismos que os infetam, a que se soma a dependência da Europa de matérias-primas e produtos intermédios indispensáveis ao funcionamento das suas empresas.A pandemia alertou para esses problemas e hoje vemos a União Europeia a emitir recomendações sobre as Indústrias da Saúde, nomeadamente a Farmacêutica (https://www.consilium.europa.eu/pt/policies/coronavirus/covid-19-public-health/). Também a nível nacional são necessárias políticas públicas de apoio a estes setores estratégicos. São necessárias medidas de emergência de apoio a um tecido produtivo com cerca de 15 fábricas com milhares de trabalhadores, bem como ao sistema de investigação científica, que já existe e que é um exemplo de colaboração das instituições de saúde com a rede nacional de investigação.Estamos perante um exemplo de uma crise que poderá ser uma oportunidade para que a Saúde seja definitivamente encarada como um investimento que enriquece o país e não como um simples gerador de despesa. Oxalá venha a acontecer.A Revista Portuguesa de Farmacoterapia na impossibilidade de realizar a sua reunião anual em maio, tendo sido adiada para 29 de setembro, realizou um Webinar dia 14 de julho às 18 horas que pode agora ser visualizado em https://youtu.be/ZA95dVxQDU8. O Webinar contou com o seguinte programa e participantes: • Evolução do conhecimento acerca do vírus – Professor José Miguel Pereira (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa); • “Repurposing“ – Proposta de novas utilizações terapêuticas para moléculas antigas – Professor Jorge Gonçalves (Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto); • A segurança dos doentes – Professor Francisco Batel Marques (Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra);• Investigação clínica de novos fármacos e vacinas – Professor João Rocha (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa).Este número é totalmente dedicado à pandemia, procurando dar algumas respostas e contextualizar os desafios e oportunidades no âmbito do sector. A Revista inclui o artigo original «Os farmacêuticos hospitalares durante a pandemia COVID-19», os artigos de revisão «SARS-CoV-2 e COVID-19: Os aspetos virológicos de uma pandemia»; «Abordagens farmacológicas na terapêutica da COVID-19: ponto da situação»; «A importância dos dispositivos médicos na prevenção e combate ao SARS-CoV-2» e «Gestão do risco e proteção das vias aéreas no contexto do SARS-CoV-2». Disponibilizamos ainda os artigos de opinião «As farmácias comunitárias na pandemia COVID-19: Alianças estratégicas em contexto de incerteza» e «O laboratório de análises clínicas na pandemia COVID-19», e as secções de documentos publicados, normas aprovadas e em consulta, legislação relevante, agenda e prémios para o próximo trimestre, que julgamos ser de relevante interesse para os nossos leitores. O DiretorJosé Aranda da SilvaJulho 2020 |
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A maior parte destes medicamentos foram investigados em pequenas companhias mais tarde adquiridas pelas grandes multinacionais com capacidade de comercialização a nível global.Já neste século, são os medicamentos destinados às mais diversas situações oncológicas que emergem com inovações espetaculares, a um ritmo sem precedentes. Analisando a entrada no mercado das novas moléculas inovadoras nos últimos 30 anos verificamos que é muito limitado o investimento em doenças infeciosas, nomeadamente em antibióticos, antivíricos e vacinas. Tal não estará certamente dissociado do facto de grande parte das doenças infeciosas serem essencialmente prevalentes nos países em vias de desenvolvimento, que representam para as grandes companhias farmacêuticas um fraco mercado, com pouca capacidade de compra. Vejamos os casos de Ébola, Cólera e Malária para, a título de exemplo, falarmos em vírus, em bactérias e em parasitas, respetivamente, que têm massacrado populações em territórios menos favorecidos.A inovação terapêutica é fundamental nas sociedades modernas e tem contribuído de forma significativa para a melhoria do estado de saúde da população e para o aumento da esperança de vida, constituindo-se inegavelmente como alicerce do desenvolvimento económico. Não podemos no entanto ignorar que a maior parte da população que utiliza medicamentos (cerca de 80%) está dependente de medicamentos essenciais que hoje, na maior parte dos países, são medicamentos denominados “genéricos”. Referimo-nos a medicamentos cuja patente caiu no domínio público, podendo assim ser comercializados por diversos fabricantes, caducado que está o período de exclusividade atribuído ao laboratório responsável pela primeira colocação no mercado. 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Serve esta pequena resenha histórica para constatar que a indústria farmacêutica, como de resto ocorrerá noutros sectores importantes para o desenvolvimento económico, tem concentrado os seus esforços nos produtos que lhe garantem as margens de lucro mais avultadas, bem como nas etapas do seu fabrico consideradas mais diferenciadoras na cadeia de produção.A Pandemia veio mostrar que “O rei vai nu”.Falamos na Globalização para rentabilizar as empresas internacionais, deslocando a produção para os países no Oriente, de mão-de-obra barata, que não cumprem as mais elementares regras de proteção social, obrigatórias nos países desenvolvidos, mas esquecemos que este fenómeno tem outras facetas como a universalidade das viagens dos seres humanos e dos microrganismos que os infetam, a que se soma a dependência da Europa de matérias-primas e produtos intermédios indispensáveis ao funcionamento das suas empresas.A pandemia alertou para esses problemas e hoje vemos a União Europeia a emitir recomendações sobre as Indústrias da Saúde, nomeadamente a Farmacêutica (https://www.consilium.europa.eu/pt/policies/coronavirus/covid-19-public-health/). Também a nível nacional são necessárias políticas públicas de apoio a estes setores estratégicos. São necessárias medidas de emergência de apoio a um tecido produtivo com cerca de 15 fábricas com milhares de trabalhadores, bem como ao sistema de investigação científica, que já existe e que é um exemplo de colaboração das instituições de saúde com a rede nacional de investigação.Estamos perante um exemplo de uma crise que poderá ser uma oportunidade para que a Saúde seja definitivamente encarada como um investimento que enriquece o país e não como um simples gerador de despesa. Oxalá venha a acontecer.A Revista Portuguesa de Farmacoterapia na impossibilidade de realizar a sua reunião anual em maio, tendo sido adiada para 29 de setembro, realizou um Webinar dia 14 de julho às 18 horas que pode agora ser visualizado em https://youtu.be/ZA95dVxQDU8. O Webinar contou com o seguinte programa e participantes: • Evolução do conhecimento acerca do vírus – Professor José Miguel Pereira (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa); • “Repurposing“ – Proposta de novas utilizações terapêuticas para moléculas antigas – Professor Jorge Gonçalves (Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto); • A segurança dos doentes – Professor Francisco Batel Marques (Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra);• Investigação clínica de novos fármacos e vacinas – Professor João Rocha (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa).Este número é totalmente dedicado à pandemia, procurando dar algumas respostas e contextualizar os desafios e oportunidades no âmbito do sector. A Revista inclui o artigo original «Os farmacêuticos hospitalares durante a pandemia COVID-19», os artigos de revisão «SARS-CoV-2 e COVID-19: Os aspetos virológicos de uma pandemia»; «Abordagens farmacológicas na terapêutica da COVID-19: ponto da situação»; «A importância dos dispositivos médicos na prevenção e combate ao SARS-CoV-2» e «Gestão do risco e proteção das vias aéreas no contexto do SARS-CoV-2». Disponibilizamos ainda os artigos de opinião «As farmácias comunitárias na pandemia COVID-19: Alianças estratégicas em contexto de incerteza» e «O laboratório de análises clínicas na pandemia COVID-19», e as secções de documentos publicados, normas aprovadas e em consulta, legislação relevante, agenda e prémios para o próximo trimestre, que julgamos ser de relevante interesse para os nossos leitores. O DiretorJosé Aranda da SilvaJulho 2020Formifarma2020-07-21info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://revista.farmacoterapia.pt/index.php/rpf/article/view/278Revista Portuguesa de Farmacoterapia / Portuguese Journal of Pharmacotherapy; Vol 12 No 1-2 (2020): Janeiro/Fevereiro/Março e Abril/Maio/Junho; 7-8Revista Portuguesa de Farmacoterapia; v. 12 n. 1-2 (2020): Janeiro/Fevereiro/Março e Abril/Maio/Junho; 7-82183-73411647-354Xreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttp://revista.farmacoterapia.pt/index.php/rpf/article/view/278http://revista.farmacoterapia.pt/index.php/rpf/article/view/278/248Direitos de Autor (c) 2020 Revista Portuguesa de Farmacoterapiahttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessda Silva, José Aranda2023-09-01T04:34:43Zoai:ojs.farmacoterapia.pt:article/278Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:11:41.232851Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A maior parte destes medicamentos foram investigados em pequenas companhias mais tarde adquiridas pelas grandes multinacionais com capacidade de comercialização a nível global.Já neste século, são os medicamentos destinados às mais diversas situações oncológicas que emergem com inovações espetaculares, a um ritmo sem precedentes. Analisando a entrada no mercado das novas moléculas inovadoras nos últimos 30 anos verificamos que é muito limitado o investimento em doenças infeciosas, nomeadamente em antibióticos, antivíricos e vacinas. Tal não estará certamente dissociado do facto de grande parte das doenças infeciosas serem essencialmente prevalentes nos países em vias de desenvolvimento, que representam para as grandes companhias farmacêuticas um fraco mercado, com pouca capacidade de compra. Vejamos os casos de Ébola, Cólera e Malária para, a título de exemplo, falarmos em vírus, em bactérias e em parasitas, respetivamente, que têm massacrado populações em territórios menos favorecidos.A inovação terapêutica é fundamental nas sociedades modernas e tem contribuído de forma significativa para a melhoria do estado de saúde da população e para o aumento da esperança de vida, constituindo-se inegavelmente como alicerce do desenvolvimento económico. Não podemos no entanto ignorar que a maior parte da população que utiliza medicamentos (cerca de 80%) está dependente de medicamentos essenciais que hoje, na maior parte dos países, são medicamentos denominados “genéricos”. Referimo-nos a medicamentos cuja patente caiu no domínio público, podendo assim ser comercializados por diversos fabricantes, caducado que está o período de exclusividade atribuído ao laboratório responsável pela primeira colocação no mercado. Uma grande maioria dos medicamentos para a diabetes, hipertensão, dislipidemias e diversas doenças cardiovasculares, que são as doenças com maior morbilidade e mortalidade em Portugal e nos países desenvolvidos, são hoje comercializados sob as condições que atrás descrevemos. Podendo ainda acrescentar-se alguns medicamentos para doenças respiratórias, oncológicas e outras menos representativas. Não obstante, tem “também havido dificuldade no acesso a alguns medicamentos inovadores, nomeadamente em oncologia e doenças raras. Nalguns casos, também em opções farmacológicas para a diabetes, doenças cardiovasculares e infeciosas se notam lacunas em termos de acesso. Sendo inovadores e resultado da investigação recente de um ou mais laboratórios, aportam necessariamente um valor acrescentado e relevante face aos demais nas patologias a que se destinam, apresentando como reverso da medalha preços diferenciados quando lançados no mercado.” (José Aranda da Silva, Visão Saúde Abril 2020). Serve esta pequena resenha histórica para constatar que a indústria farmacêutica, como de resto ocorrerá noutros sectores importantes para o desenvolvimento económico, tem concentrado os seus esforços nos produtos que lhe garantem as margens de lucro mais avultadas, bem como nas etapas do seu fabrico consideradas mais diferenciadoras na cadeia de produção.A Pandemia veio mostrar que “O rei vai nu”.Falamos na Globalização para rentabilizar as empresas internacionais, deslocando a produção para os países no Oriente, de mão-de-obra barata, que não cumprem as mais elementares regras de proteção social, obrigatórias nos países desenvolvidos, mas esquecemos que este fenómeno tem outras facetas como a universalidade das viagens dos seres humanos e dos microrganismos que os infetam, a que se soma a dependência da Europa de matérias-primas e produtos intermédios indispensáveis ao funcionamento das suas empresas.A pandemia alertou para esses problemas e hoje vemos a União Europeia a emitir recomendações sobre as Indústrias da Saúde, nomeadamente a Farmacêutica (https://www.consilium.europa.eu/pt/policies/coronavirus/covid-19-public-health/). Também a nível nacional são necessárias políticas públicas de apoio a estes setores estratégicos. São necessárias medidas de emergência de apoio a um tecido produtivo com cerca de 15 fábricas com milhares de trabalhadores, bem como ao sistema de investigação científica, que já existe e que é um exemplo de colaboração das instituições de saúde com a rede nacional de investigação.Estamos perante um exemplo de uma crise que poderá ser uma oportunidade para que a Saúde seja definitivamente encarada como um investimento que enriquece o país e não como um simples gerador de despesa. Oxalá venha a acontecer.A Revista Portuguesa de Farmacoterapia na impossibilidade de realizar a sua reunião anual em maio, tendo sido adiada para 29 de setembro, realizou um Webinar dia 14 de julho às 18 horas que pode agora ser visualizado em https://youtu.be/ZA95dVxQDU8. O Webinar contou com o seguinte programa e participantes: • Evolução do conhecimento acerca do vírus – Professor José Miguel Pereira (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa); • “Repurposing“ – Proposta de novas utilizações terapêuticas para moléculas antigas – Professor Jorge Gonçalves (Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto); • A segurança dos doentes – Professor Francisco Batel Marques (Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra);• Investigação clínica de novos fármacos e vacinas – Professor João Rocha (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa).Este número é totalmente dedicado à pandemia, procurando dar algumas respostas e contextualizar os desafios e oportunidades no âmbito do sector. A Revista inclui o artigo original «Os farmacêuticos hospitalares durante a pandemia COVID-19», os artigos de revisão «SARS-CoV-2 e COVID-19: Os aspetos virológicos de uma pandemia»; «Abordagens farmacológicas na terapêutica da COVID-19: ponto da situação»; «A importância dos dispositivos médicos na prevenção e combate ao SARS-CoV-2» e «Gestão do risco e proteção das vias aéreas no contexto do SARS-CoV-2». Disponibilizamos ainda os artigos de opinião «As farmácias comunitárias na pandemia COVID-19: Alianças estratégicas em contexto de incerteza» e «O laboratório de análises clínicas na pandemia COVID-19», e as secções de documentos publicados, normas aprovadas e em consulta, legislação relevante, agenda e prémios para o próximo trimestre, que julgamos ser de relevante interesse para os nossos leitores. O DiretorJosé Aranda da SilvaJulho 2020 |
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Revista Portuguesa de Farmacoterapia / Portuguese Journal of Pharmacotherapy; Vol 12 No 1-2 (2020): Janeiro/Fevereiro/Março e Abril/Maio/Junho; 7-8 Revista Portuguesa de Farmacoterapia; v. 12 n. 1-2 (2020): Janeiro/Fevereiro/Março e Abril/Maio/Junho; 7-8 2183-7341 1647-354X reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
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