Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/109861 |
Resumo: | Caetano, com o novo meio. No mesmo sentido, considerei da maior importância aprofundar as condicionantes da actividade jornalística de Mário Castrim, em particular, das suas crónicas televisivas, dando relevo à caracterização do Diário de Lisboa, como dinamizador de um jornalismo mais diversificado, em termos de conteúdo, que apostava na modernização técnica e abria a sua redacção a profissionais mais jovens e qualificados. Da análise de estudo de caso que desenvolvi, foi possível destacar a relação desigual, quotidiana, do crítico com a censura, revelando a sua enorme tenacidade perante os sucessivos cortes, que lhe destruíam, frequentemente, os textos. Salientei como nessa luta lhe valeram as suas qualidades literárias, em particular o seu estilo irónico, cáustico, corrosivo, que o distinguiu no panorama do jornalismo português. A sua “pena” afiada, que recorria a frases curtas e acutilantes, às vezes a despropósito, desafiava diariamente o censor, como se procurasse fintá-lo, a ver se “passava”. Pelas crónicas televisivas que analisei, verifiquei que Castrim teve a capacidade de valorizar a televisão como meio de comunicação influente, capaz de moldar a leitura da realidade. Mas Mário Castrim não se ficou pela crítica à programação, à qualidade técnica e humana da RTP, pelo contrário, aproveitou para tratar de outros temas mais abrangentes que remetem para questões sociais e políticas vividas em Portugal, durante o marcelismo. Podemos mesmo afirmar que, pela “lente” do autor, a pretexto dos mais variados assuntos televisivos, vemos desfilar os portugueses, com os seus problemas por resolver, as suas questões por discutir, as suas esperanças no futuro, a par da crítica aos governantes do presente. A análise das práticas deste jornalista do Diário de Lisboa, católico e militante do partido comunista português, permitiu tornar mais clara a forma como a luta política oposicionista se desenrolou em vários tabuleiros, um deles o jornalismo diário. Por último, do trabalho desenvolvido resulta a necessidade de valorizar o lugar do jornalismo crítico no período do marcelismo. |
id |
RCAP_a1be9fe91b861cc54e93975f393c916a |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:run.unl.pt:10362/109861 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
|
spelling |
Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974PortugalMário CastrimDiário de LisboaCrítica televisivaMarcelismoCensuraTelevision criticismCensorshipDomínio/Área Científica::Humanidades::História e ArqueologiaCaetano, com o novo meio. No mesmo sentido, considerei da maior importância aprofundar as condicionantes da actividade jornalística de Mário Castrim, em particular, das suas crónicas televisivas, dando relevo à caracterização do Diário de Lisboa, como dinamizador de um jornalismo mais diversificado, em termos de conteúdo, que apostava na modernização técnica e abria a sua redacção a profissionais mais jovens e qualificados. Da análise de estudo de caso que desenvolvi, foi possível destacar a relação desigual, quotidiana, do crítico com a censura, revelando a sua enorme tenacidade perante os sucessivos cortes, que lhe destruíam, frequentemente, os textos. Salientei como nessa luta lhe valeram as suas qualidades literárias, em particular o seu estilo irónico, cáustico, corrosivo, que o distinguiu no panorama do jornalismo português. A sua “pena” afiada, que recorria a frases curtas e acutilantes, às vezes a despropósito, desafiava diariamente o censor, como se procurasse fintá-lo, a ver se “passava”. Pelas crónicas televisivas que analisei, verifiquei que Castrim teve a capacidade de valorizar a televisão como meio de comunicação influente, capaz de moldar a leitura da realidade. Mas Mário Castrim não se ficou pela crítica à programação, à qualidade técnica e humana da RTP, pelo contrário, aproveitou para tratar de outros temas mais abrangentes que remetem para questões sociais e políticas vividas em Portugal, durante o marcelismo. Podemos mesmo afirmar que, pela “lente” do autor, a pretexto dos mais variados assuntos televisivos, vemos desfilar os portugueses, com os seus problemas por resolver, as suas questões por discutir, as suas esperanças no futuro, a par da crítica aos governantes do presente. A análise das práticas deste jornalista do Diário de Lisboa, católico e militante do partido comunista português, permitiu tornar mais clara a forma como a luta política oposicionista se desenrolou em vários tabuleiros, um deles o jornalismo diário. Por último, do trabalho desenvolvido resulta a necessidade de valorizar o lugar do jornalismo crítico no período do marcelismo.This dissertation has as main objective to reflect on the journalistic activity of the first critic of Portuguese television, Mário Castrim. Starting from a precise framework: the last years of the Estado Novo, the years of Marcelo Caetano's governance, years of expectation and reorganization of opposition forces, years also of weighing up the regime's reform capacity, but, above all, years of reaffirmation of lines of continuity, regarding, for example, the continuation of the colonial war and the maintenance of control of the political debate. I highlighted here the growing expansion and influence of the new media, Television, highlighting how the growth of audiences coincided with greater political attention, on the part of Marcelo Caetano, with the new media. In the same sense, I considered it of the greatest importance to deepen the conditions of Mário Castrim's journalistic activity, in particular, of his television chronicles, emphasizing the characterization of Diário de Lisboa, as a driver of a more diversified journalism, in terms of content, which I bet technical modernization and opened its wording to younger and more qualified professionals. From the analysis of the case study that I developed, it was possible to highlight the unequal, daily relationship between the critic and the censorship, revealing his enormous tenacity in the face of successive cuts, which frequently destroyed his texts. I emphasized how in this fight he was worth his literary qualities, in particular his ironic, caustic, corrosive style, which distinguished him in the panorama of Portuguese journalism. His sharp “pen”, which used short, sharp phrases, sometimes irrelevant, challenged the censor daily, as if trying to fake it, to see if it “passed”. From the television chronicles that I analyzed, I found that Castrim had the ability to value television as an influential means of communication, capable of shaping the reading of reality. But Mário Castrim did not stop at criticizing the programming, the technical and human quality of RTP, on the contrary, he took the opportunity to address other broader themes that refer to social and political issues experienced in Portugal, during marcelismo. We can even affirm that, through the author's “lens”, under the pretext of the most varied television subjects, we see the Portuguese parading, with their problems to be resolved, their questions to be discussed, their hopes for the future, along with the criticism of government officials of the present. The analysis of the practices of this journalist from the Diário de Lisboa, a Catholic and activist of the Portuguese communist party, made it possible to clarify the way in which the opposition political struggle unfolded on various boards, one of them being daily journalism. Finally, from the work developed, there is a need to value the place of critical journalism in the period of marcelismo.Barros, Júlia Leitão deHenriques, RaquelRUNLencastre, José Manuel Sousa Teixeira de2021-01-07T15:53:37Z2020-11-112020-11-11T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/109861TID:202552381porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-10T15:57:47ZPortal AgregadorONG |
dc.title.none.fl_str_mv |
Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974 |
title |
Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974 |
spellingShingle |
Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974 Lencastre, José Manuel Sousa Teixeira de Portugal Mário Castrim Diário de Lisboa Crítica televisiva Marcelismo Censura Television criticism Censorship Domínio/Área Científica::Humanidades::História e Arqueologia |
title_short |
Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974 |
title_full |
Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974 |
title_fullStr |
Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974 |
title_full_unstemmed |
Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974 |
title_sort |
Portugal pela lente de Mário Castrim: Crónicas de televisão no Diário de Lisboa entre 1969 a 1974 |
author |
Lencastre, José Manuel Sousa Teixeira de |
author_facet |
Lencastre, José Manuel Sousa Teixeira de |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Barros, Júlia Leitão de Henriques, Raquel RUN |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Lencastre, José Manuel Sousa Teixeira de |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Portugal Mário Castrim Diário de Lisboa Crítica televisiva Marcelismo Censura Television criticism Censorship Domínio/Área Científica::Humanidades::História e Arqueologia |
topic |
Portugal Mário Castrim Diário de Lisboa Crítica televisiva Marcelismo Censura Television criticism Censorship Domínio/Área Científica::Humanidades::História e Arqueologia |
description |
Caetano, com o novo meio. No mesmo sentido, considerei da maior importância aprofundar as condicionantes da actividade jornalística de Mário Castrim, em particular, das suas crónicas televisivas, dando relevo à caracterização do Diário de Lisboa, como dinamizador de um jornalismo mais diversificado, em termos de conteúdo, que apostava na modernização técnica e abria a sua redacção a profissionais mais jovens e qualificados. Da análise de estudo de caso que desenvolvi, foi possível destacar a relação desigual, quotidiana, do crítico com a censura, revelando a sua enorme tenacidade perante os sucessivos cortes, que lhe destruíam, frequentemente, os textos. Salientei como nessa luta lhe valeram as suas qualidades literárias, em particular o seu estilo irónico, cáustico, corrosivo, que o distinguiu no panorama do jornalismo português. A sua “pena” afiada, que recorria a frases curtas e acutilantes, às vezes a despropósito, desafiava diariamente o censor, como se procurasse fintá-lo, a ver se “passava”. Pelas crónicas televisivas que analisei, verifiquei que Castrim teve a capacidade de valorizar a televisão como meio de comunicação influente, capaz de moldar a leitura da realidade. Mas Mário Castrim não se ficou pela crítica à programação, à qualidade técnica e humana da RTP, pelo contrário, aproveitou para tratar de outros temas mais abrangentes que remetem para questões sociais e políticas vividas em Portugal, durante o marcelismo. Podemos mesmo afirmar que, pela “lente” do autor, a pretexto dos mais variados assuntos televisivos, vemos desfilar os portugueses, com os seus problemas por resolver, as suas questões por discutir, as suas esperanças no futuro, a par da crítica aos governantes do presente. A análise das práticas deste jornalista do Diário de Lisboa, católico e militante do partido comunista português, permitiu tornar mais clara a forma como a luta política oposicionista se desenrolou em vários tabuleiros, um deles o jornalismo diário. Por último, do trabalho desenvolvido resulta a necessidade de valorizar o lugar do jornalismo crítico no período do marcelismo. |
publishDate |
2020 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2020-11-11 2020-11-11T00:00:00Z 2021-01-07T15:53:37Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10362/109861 TID:202552381 |
url |
http://hdl.handle.net/10362/109861 |
identifier_str_mv |
TID:202552381 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
|
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1777303023059468288 |