Quando um Governo de Esquerda assusta os media: A formação da "geringonça" nos jornais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barros,Susana
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-59542019000100011
Resumo: Perante uma tendência interpretativa crescente do jornalismo político em detrimento de um estilo descritivo, os media têm privilegiado a tática face à substância. Longe de ser um mero observador dos acontecimentos, o jornalista assume protagonismo no jogo político, contribuindo quer para o seu desenvolvimento, quer para a construção da perceção publica do mesmo. Incidindo sobre a formação do Governo do PS com o apoio parlamentar do PCP, BE e PEV - conhecido por "Geringonça" -, olhamos para as capas dos jornais Público, Diário de Notícias, Correio de Manhã e Observador, desde as eleições legislativas de 4 de Outubro de 2015 até à aprovação do programa do Governo a 3 de Dezembro de 2015, procurando captar padrões sobre a narrativa jornalística construída acerca de um processo pós-eleitoral inédito em Portugal. Com um corpus composto por 356 peças (233 capas de jornais e 123 editoriais), neste artigo apontamos para o enquadramento dado a este processo político nas primeiras páginas e para a visão da elite jornalística sobre este período manifestado nos editoriais. Situamos pois este trabalho na área do Agenda-Setting e do Framing na medida em que analisamos a forma como os media apresentam a formação do Governo e as questões que mais salientam durante a negociação política que, no nosso entender, não se podem desligar da maneira como noticiaram os anos de austeridade e a presença da Troika em Portugal. Os resultados mostram que, apesar de derrotado nas urnas, o Secretário-Geral do PS António Costa é a figura principal de um período que é apresentado em torno de dois eixos centrais: Estabilidade (associada à coligação PSD/CDS) / Instabilidade (associada ao PS e à esquerda). Acompanhando a tendência do jornalismo político, é o jogo das negociações e não as políticas em causa que surge destacado pela imprensa cujo discurso dominante chumba a formação de um Governo de Esquerda por motivos económicos e simbólicos.
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