A microtributação nas autarquias locais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Machado, Paula Braz
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/32175
Resumo: O paradigma da fiscalidade não se esgota na figura do imposto. O Estado está obrigado a repensar as suas fontes de financiamento atendendo ao desmesurado aumento de funções e inerentes exigências sociais que se criaram com a proliferação da matriz de liberdade, igualdade e fraternidade. A receita proveniente dos impostos já não é suficiente para cobrir as necessidades financeiras do Estado Central, colocando-se em causa as transferências do orçamento para o poder local. Ao mesmo tempo, o Estado Central redistribui responsabilidades, delegando poderes de gestão às autarquias que se vêm a braços com um aumento de funções sem uma necessária correspondência financeira. O engenho leva as Autarquias Locais a criar mecanismos de financiamento alternativo às tradicionais transferências do Orçamento de Estado, criando figuras tributárias assentes na comutatividade, com vista à cobertura de custos da atividade mas também como meio de regulação e de prossecução dos interesses da comunidade. A proliferação de tributos comutativos não se cingiu a um modelo de resolução de problemas económicos mas também de puro financiamento, o que levou a abusos na criação de figuras tributárias sem consistência legal. Mesmo a jurisprudência, na apreciação da denúncia dos cidadãos foi permissiva às fundamentações pouco consistentes das Autarquias, tendo-se criado um clima de crispação em redor dos poderes tributários das Autarquias Locais e a forma como esse poder era exercido perante os munícipes. A criação de legislação base veio reforçar o estabelecimento de princípios que passaram a ser denominadores comuns para as figuras tributárias, mormente os tributos locais de cariz comutativo. O périplo pelos limites constitucionais à tributação e a caracterização genérica da dicotomia impostos/ taxas foi reforçado pela emanação do Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais e uma série de leis chapéu que são enformadoras do regime económico e tributário das entidades locais. A coerência do sistema baseia-se na tomada de posição sobre os limites admissíveis. Mas tal não significa que o sistema não esteja eivado de falhas, falhas essas que fomos indicando e sobre as quais tomando posição. Uma reflexão económica e sobre os princípios do sistema tributário e, em especial, da microtributação local é uma análise necessariamente ampla, pelo que, na aplicação de uma proposta de método de análise casuística de tributos, ousámos a apreciação concreta de alguns exemplos de tributos locais sem, no entanto, termos tido a preocupação de esgotamento de soluções. Da análise que nos propusemos efetuar fica a certeza que é imperioso que o Estado se reveja. Nessa reformulação os cidadãos, numa intervenção proactiva, devem tomar posição sobre os seus interesses e os da comunidade, em prol da vivência em sociedade e do Bem-Estar.
id RCAP_a85602a80bf0789a49caf07dadda825e
oai_identifier_str oai:repositorio.ul.pt:10451/32175
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling A microtributação nas autarquias locaisDireito fiscalTributaçãoAutarquias locaisPrincípio da igualdadeLegalidadeTeses de mestrado - 2017DireitoO paradigma da fiscalidade não se esgota na figura do imposto. O Estado está obrigado a repensar as suas fontes de financiamento atendendo ao desmesurado aumento de funções e inerentes exigências sociais que se criaram com a proliferação da matriz de liberdade, igualdade e fraternidade. A receita proveniente dos impostos já não é suficiente para cobrir as necessidades financeiras do Estado Central, colocando-se em causa as transferências do orçamento para o poder local. Ao mesmo tempo, o Estado Central redistribui responsabilidades, delegando poderes de gestão às autarquias que se vêm a braços com um aumento de funções sem uma necessária correspondência financeira. O engenho leva as Autarquias Locais a criar mecanismos de financiamento alternativo às tradicionais transferências do Orçamento de Estado, criando figuras tributárias assentes na comutatividade, com vista à cobertura de custos da atividade mas também como meio de regulação e de prossecução dos interesses da comunidade. A proliferação de tributos comutativos não se cingiu a um modelo de resolução de problemas económicos mas também de puro financiamento, o que levou a abusos na criação de figuras tributárias sem consistência legal. Mesmo a jurisprudência, na apreciação da denúncia dos cidadãos foi permissiva às fundamentações pouco consistentes das Autarquias, tendo-se criado um clima de crispação em redor dos poderes tributários das Autarquias Locais e a forma como esse poder era exercido perante os munícipes. A criação de legislação base veio reforçar o estabelecimento de princípios que passaram a ser denominadores comuns para as figuras tributárias, mormente os tributos locais de cariz comutativo. O périplo pelos limites constitucionais à tributação e a caracterização genérica da dicotomia impostos/ taxas foi reforçado pela emanação do Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais e uma série de leis chapéu que são enformadoras do regime económico e tributário das entidades locais. A coerência do sistema baseia-se na tomada de posição sobre os limites admissíveis. Mas tal não significa que o sistema não esteja eivado de falhas, falhas essas que fomos indicando e sobre as quais tomando posição. Uma reflexão económica e sobre os princípios do sistema tributário e, em especial, da microtributação local é uma análise necessariamente ampla, pelo que, na aplicação de uma proposta de método de análise casuística de tributos, ousámos a apreciação concreta de alguns exemplos de tributos locais sem, no entanto, termos tido a preocupação de esgotamento de soluções. Da análise que nos propusemos efetuar fica a certeza que é imperioso que o Estado se reveja. Nessa reformulação os cidadãos, numa intervenção proactiva, devem tomar posição sobre os seus interesses e os da comunidade, em prol da vivência em sociedade e do Bem-Estar.The taxation paradigm is not limited to tax. Governments are obliged to rethink the income sources, as the number of social functions exponential increase and society still expect French revolutions values, liberty, equality and fraternity to be a given right. The federal/state tax is no longer sufficient to cover the financial needs, bringing additional challenges on how to fund public expense. Across Europe, national legislators empower local and regional levels to take new responsibilities but without the financial support from central state. The only way to coupe with this challenge is for Local Authorities to create new tax figures to cover the activity cost. This new trend, brings new issues, requiring new forms of regulation as a safeguard for the community. What are the limits of this commutative taxes and how they can be defined? This study represents an economic and legal reflection on the local micro taxation From the analysis we set out is clear that State must review himself – and the main functions to persecute - and the citizens must to take a lead roll on that and make a position about the community interests.Lobo, Carlos BaptistaRepositório da Universidade de LisboaMachado, Paula Braz2018-03-06T18:54:13Z2017-02-022017-02-02T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/32175porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:26:15Zoai:repositorio.ul.pt:10451/32175Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:47:29.479500Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv A microtributação nas autarquias locais
title A microtributação nas autarquias locais
spellingShingle A microtributação nas autarquias locais
Machado, Paula Braz
Direito fiscal
Tributação
Autarquias locais
Princípio da igualdade
Legalidade
Teses de mestrado - 2017
Direito
title_short A microtributação nas autarquias locais
title_full A microtributação nas autarquias locais
title_fullStr A microtributação nas autarquias locais
title_full_unstemmed A microtributação nas autarquias locais
title_sort A microtributação nas autarquias locais
author Machado, Paula Braz
author_facet Machado, Paula Braz
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Lobo, Carlos Baptista
Repositório da Universidade de Lisboa
dc.contributor.author.fl_str_mv Machado, Paula Braz
dc.subject.por.fl_str_mv Direito fiscal
Tributação
Autarquias locais
Princípio da igualdade
Legalidade
Teses de mestrado - 2017
Direito
topic Direito fiscal
Tributação
Autarquias locais
Princípio da igualdade
Legalidade
Teses de mestrado - 2017
Direito
description O paradigma da fiscalidade não se esgota na figura do imposto. O Estado está obrigado a repensar as suas fontes de financiamento atendendo ao desmesurado aumento de funções e inerentes exigências sociais que se criaram com a proliferação da matriz de liberdade, igualdade e fraternidade. A receita proveniente dos impostos já não é suficiente para cobrir as necessidades financeiras do Estado Central, colocando-se em causa as transferências do orçamento para o poder local. Ao mesmo tempo, o Estado Central redistribui responsabilidades, delegando poderes de gestão às autarquias que se vêm a braços com um aumento de funções sem uma necessária correspondência financeira. O engenho leva as Autarquias Locais a criar mecanismos de financiamento alternativo às tradicionais transferências do Orçamento de Estado, criando figuras tributárias assentes na comutatividade, com vista à cobertura de custos da atividade mas também como meio de regulação e de prossecução dos interesses da comunidade. A proliferação de tributos comutativos não se cingiu a um modelo de resolução de problemas económicos mas também de puro financiamento, o que levou a abusos na criação de figuras tributárias sem consistência legal. Mesmo a jurisprudência, na apreciação da denúncia dos cidadãos foi permissiva às fundamentações pouco consistentes das Autarquias, tendo-se criado um clima de crispação em redor dos poderes tributários das Autarquias Locais e a forma como esse poder era exercido perante os munícipes. A criação de legislação base veio reforçar o estabelecimento de princípios que passaram a ser denominadores comuns para as figuras tributárias, mormente os tributos locais de cariz comutativo. O périplo pelos limites constitucionais à tributação e a caracterização genérica da dicotomia impostos/ taxas foi reforçado pela emanação do Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais e uma série de leis chapéu que são enformadoras do regime económico e tributário das entidades locais. A coerência do sistema baseia-se na tomada de posição sobre os limites admissíveis. Mas tal não significa que o sistema não esteja eivado de falhas, falhas essas que fomos indicando e sobre as quais tomando posição. Uma reflexão económica e sobre os princípios do sistema tributário e, em especial, da microtributação local é uma análise necessariamente ampla, pelo que, na aplicação de uma proposta de método de análise casuística de tributos, ousámos a apreciação concreta de alguns exemplos de tributos locais sem, no entanto, termos tido a preocupação de esgotamento de soluções. Da análise que nos propusemos efetuar fica a certeza que é imperioso que o Estado se reveja. Nessa reformulação os cidadãos, numa intervenção proactiva, devem tomar posição sobre os seus interesses e os da comunidade, em prol da vivência em sociedade e do Bem-Estar.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-02-02
2017-02-02T00:00:00Z
2018-03-06T18:54:13Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10451/32175
url http://hdl.handle.net/10451/32175
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134401695580160