Paredes pão-de-açúcar em edifícios de Aveiro Evolução, materiais e características

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nobre, João Manuel Tavares
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/34379
Resumo: A zona de Aveiro é rica em solos argilosos, mas a ausência de pedra fez com que, com a necessidade do desenvolvimento da construção na cidade, fosse necessário recorrer a materiais locais, para além de outros oriundos de outras paragens. Desenvolveram-se então as características paredes de adobe, com base em terras arenosas locais estabilizadas com cal aérea. No entanto, devido à carência de materiais, estas paredes continham também frequentemente resíduos cerâmicos provenientes da exaustiva produção de cerâmicas na região. De entre o espólio de resíduos de cerâmica encontrada em vários edifícios antigos destacam-se as formas pão-de-açúcar. Estas formas não foram produzidas com o intuito de serem materiais de construção, mas sim com o objetivo de serem usadas no transporte da produção de açúcar. Contudo, há data de hoje, ainda se encontram aplicadas como material de construção de algumas alvenarias de paredes, disseminadas pela cidade de Aveiro. Essa aplicação única gerou a designação de “paredes pão-de-açúcar”. Levantaram-se então questões relacionadas com estas mesmas paredes pão-de-açúcar qua a presente dissertação pretender ajudar a responder. O porquê de as formas pão-de-açúcar serem produzidas em Aveiro, se a região nunca produziu açúcar? Quais os locais de produção dentro da região? Quais as características geométricas, físicas, químicas e mecânicas das formas e das paredes com elas executadas? A produção em Aveiro deveu-se à junção de vários factores: a sua boa localização para exportação via marítima, os bons barreiros para extração do material argiloso, a tradição da olaria e a necessidade de Aveiro comercializar e trocar algo por pedra, já que a região não é rica em pedra e necessita da mesma para a construção. Este último fator está comprovado pela presença de pedra basáltica, proveniente da ilha da Madeira, na região através de trocas comerciais com as formas pão-de-açúcar. Procurou-se também identificar e datar a fundação das primeiras fábricas de cerâmica na região de Aveiro e perceber se as mesmas poderiam ter sido as unidades de produção das formas pão-de-açúcar. Este facto, não se veio a confirmar, porque a produção das formas cerâmicas do açúcar iniciou-se em meados do século XV e a primeira fábrica que se conseguiu datar iniciou a produção em 1774. Os resultados de análises geométricas, químicas, mineralógicas e de resistência à compressão simples das formas pão-de-açúcar comparativamente a outros elementos cerâmicos utilizados na construção mais antiga da cidade de Aveiro, percebendo que tanto química como mineralogicamente não existem grandes diferenças e que quanto à resistência à compressão, as amostras pão-de-açúcar, apesar de apresentarem desvios padrões mais elevados têm resistências mecânicas também mais elevadas o que fez delas outrora as formas preferidas para exportação para vários países do mundo.
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