Teatro e Embriaguez: Uma perspectiva da atividade artística a partir de Nietzsche e Artaud
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/94335 |
Resumo: | Esta dissertação pretende relacionar o pensamento de Nietzsche sobre a tragédia grega com o de Artaud sobre o Teatro da Crueldade, essencialmente a partir das obras O Nascimento da tragédia e O Teatro e seu Duplo. Ao associar conceitos desse filósofo ao pensamento/obra deste artista, tem-se como objetivo geral pensar o jogo de forças envolvido na criação de uma linguagem artística, como um campo de intensificação afetiva, ou ainda, como um cultivo da embriaguez. A primeira parte da dissertação aborda n’O Nascimento da Tragédia, a defesa nietzschiana de que o acordo dissonante entre as forças opostas dionisíaca e apolínea é constitutivo da tragédia. Procura-se analisar, então, como essas forças primordiais se manifestam no corpo enquanto impulsos artísticos imediatos, análogos aos processos da embriaguez e do sonho. E reflete-se, também, sobre a figura paradigmática do artista trágico, capaz de jogar com a embriaguez, performar o informe ou representar o irrepresentável. Ressalta-se ainda que a afirmação nietzschiana da tragédia como campo de intensificação (dionisíaca-apolínea) opõe-se à invasão da força socrática no palco trágico, isto é, à representação racionalista que privilegia o entendimento em detrimento do acontecimento. Na segunda parte da dissertação, a análise sobre as forças postas no nascimento e na morte da tragédia, abre dois caminhos principais de investigação sobre o teatro artaudiano. Em primeiro lugar, busca-se analisar em que medida a luta de forças entre crueldade e linguagem é determinante na concepção do Teatro da Crueldade. Esse campo de luta apresenta-se na evocação de um teatro cruel capaz de ativar uma linguagem concreta e mágica que se opõe radicalmente à estética racionalista do teatro moderno burguês. Em segundo lugar, procura-se abordar de que modo o ator artaudiano joga com essas forças conflitantes. Em O Teatro e seu Duplo, Artaud enuncia a geração de um corpo duplo, ao mesmo tempo físico e afetivo, que permite pensar a prática do ator como um cultivo da embriaguez. A análise da dualidade entre princípios desproporcionais permite, portanto, abordar as relações entre as noções de embriaguez, sonho e imitação em Nietzsche e as de crueldade, magia e duplo em Artaud. Por fim, através da análise da peça radiofónica de Artaud, Para acabar de vez com o juízo de Deus, pretende-se dar a ver o jogo de forças implicado nas propostas do Teatro da Crueldade, destacando o engendramento do corpo sem órgãos como expressão máxima da luta de Artaud com a linguagem e como concretização de suas propostas enunciadas em O Teatro e seu Duplo. |
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Teatro e Embriaguez: Uma perspectiva da atividade artística a partir de Nietzsche e ArtaudTeatroNietzscheArtaudcrueldade,EmbriaguezForçasImitaçãoTeatroDomínio/Área Científica::Humanidades::Filosofia, Ética e ReligiãoEsta dissertação pretende relacionar o pensamento de Nietzsche sobre a tragédia grega com o de Artaud sobre o Teatro da Crueldade, essencialmente a partir das obras O Nascimento da tragédia e O Teatro e seu Duplo. Ao associar conceitos desse filósofo ao pensamento/obra deste artista, tem-se como objetivo geral pensar o jogo de forças envolvido na criação de uma linguagem artística, como um campo de intensificação afetiva, ou ainda, como um cultivo da embriaguez. A primeira parte da dissertação aborda n’O Nascimento da Tragédia, a defesa nietzschiana de que o acordo dissonante entre as forças opostas dionisíaca e apolínea é constitutivo da tragédia. Procura-se analisar, então, como essas forças primordiais se manifestam no corpo enquanto impulsos artísticos imediatos, análogos aos processos da embriaguez e do sonho. E reflete-se, também, sobre a figura paradigmática do artista trágico, capaz de jogar com a embriaguez, performar o informe ou representar o irrepresentável. Ressalta-se ainda que a afirmação nietzschiana da tragédia como campo de intensificação (dionisíaca-apolínea) opõe-se à invasão da força socrática no palco trágico, isto é, à representação racionalista que privilegia o entendimento em detrimento do acontecimento. Na segunda parte da dissertação, a análise sobre as forças postas no nascimento e na morte da tragédia, abre dois caminhos principais de investigação sobre o teatro artaudiano. Em primeiro lugar, busca-se analisar em que medida a luta de forças entre crueldade e linguagem é determinante na concepção do Teatro da Crueldade. Esse campo de luta apresenta-se na evocação de um teatro cruel capaz de ativar uma linguagem concreta e mágica que se opõe radicalmente à estética racionalista do teatro moderno burguês. Em segundo lugar, procura-se abordar de que modo o ator artaudiano joga com essas forças conflitantes. Em O Teatro e seu Duplo, Artaud enuncia a geração de um corpo duplo, ao mesmo tempo físico e afetivo, que permite pensar a prática do ator como um cultivo da embriaguez. A análise da dualidade entre princípios desproporcionais permite, portanto, abordar as relações entre as noções de embriaguez, sonho e imitação em Nietzsche e as de crueldade, magia e duplo em Artaud. Por fim, através da análise da peça radiofónica de Artaud, Para acabar de vez com o juízo de Deus, pretende-se dar a ver o jogo de forças implicado nas propostas do Teatro da Crueldade, destacando o engendramento do corpo sem órgãos como expressão máxima da luta de Artaud com a linguagem e como concretização de suas propostas enunciadas em O Teatro e seu Duplo.This dissertation intends to correlate Nietzsche’s work on Greek tragedy with Artaud’s Theatre of Cruelty, departing primarily from The Birth of Tragedy and The Theatre and its Double. By associating Nietzsche’s philosophy with Artaud’s thought/work as an artist, it is proposed to consider the interplay of forces in artistic language as a field of affective intensification or as cultivation of intoxication. In the first part of this work, we will depart from The Birth of Tragedy, where Nietzsche argues that tragedy is constituted by a dissonant agreement between Dionysian and Apollonian conflictive forces. Departing from this constitutive reading, we will analyse how these primordial forces manifest themselves in the body as immediate artistic impulses, analogous to the process of intoxication and dreaming. We will also reflect on the paradigmatic figure of the tragedy artist, one that is be capable of playing with intoxication, performing the formless or representing the unrepresentable. It will be highlighted that Nietzsche’s affirmation of tragedy as a field of (Dionysian-Apollonian) intensification is opposed to the invasion of tragedy by Socratic forces, there is, a rationalist representation that privileges understanding over the event. In the second part of this research, the analysis of forces convoked by both the birth and death of tragedy will open two main tracks to our investigation on Artaudian theatre. First, we will analyse to what extent the struggle between cruelty and language is decisive to the conception of the Theatre of Cruelty. The evocation of a cruel theatre, one that is able of activate concrete magical language, is radically opposed to a rationalist aesthetics that dominates modern bourgeois theatre. Secondly, we will question the Artaudian actor and how he/she plays with these conflicting forces. In The Theater and its Double, Artaud enunciates the generation of a double body, both physical and affective, which allows one to think the actor's practice as a cultivation of intoxication. This analysis on duality between disproportionate principles allows, therefore, to establish a comparison between Nieztschian concepts of intoxication, dream and imitation, side by side with Artaudian proposals on cruelty, magic and doubles. To conclude, we will address and comment on Artaud's radiophonic play To Have Done With the Judgment of God as practical exposure of The Theatre of Cruelty and The Theatre and its Double’s proposals, generating the body without organs as the ultimate expression of Artaud's struggle with language.Branco, Maria João MayerRUNRezende, Joana Levi Mortera de2021-01-31T01:30:33Z2020-01-312020-03-162020-01-31T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/94335TID:202446930porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:42:19Zoai:run.unl.pt:10362/94335Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:37:55.608605Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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