Avaliação da saúde emocional e comportamental das crianças imigrantes utilizadoras do ACES da Amadora

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SÁ, Silva
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/116298
Resumo: Introdução: Quando os indivíduos imigram, enfrentam diferentes riscos para a saúde, fazendo com que os padrões de morbilidade entre os imigrantes sejam diversos devido a inúmeros fatores em interação. Apesar de nem sempre consensuais, os estudos sobre a saúde das crianças imigrantes mostram que estas tendem a apresentar pior desempenho em saúde em comparação com as crianças nativas, nomeadamente no desenvolvimento de problemas emocionais e comportamentais. Em Portugal existem lacunas no conhecimento sobre o estado de saúde das crianças imigrantes. É uma prioridade desenvolver estudos nesta área, de modo a planear intervenções atempadas para que as crianças possam atingir todo o seu potencial e garantir a equidade em saúde. Objetivos: Analisar os fatores de risco associados ao desenvolvimento de dificuldades emocionais e comportamentais das crianças imigrantes e nativas residentes no concelho de Amadora Métodos: Estudo quantitativo, transversal realizado no ACES da Amadora entre julho de 2019 e Março de 2020. Foram recrutadas 400 crianças nascidas em 2015, nativas e imigrantes, a cujos cuidadores foram aplicados dois questionários por entrevista face a face: um sobre as características das crianças e perfil sociodemográfico das famílias, o outro foi o Questionário de Dificuldades e Capacidades (SDQ) para avaliação de problemas emocionais e comportamentais nas crianças. Foi feita uma análise descritiva de todas as variáveis, com comparação entre crianças imigrantes, nativas e imigrantes de 1ª geração. Recorreu-se à regressão logística para analisar quais os fatores de risco para o desenvolvimento de dificuldades emocionais e comportamentais nas crianças imigrantes e nativas. Resultados: Das 400 crianças recrutadas, 186 (46.5%) são nativas e 214 (53.5%) são imigrantes. Os principais países de origem das famílias imigrantes são os países da CPLP. A maioria das crianças vive com ambos os progenitores e frequenta o ensino pré-escolar. As crianças que ficam em casa durante o dia são sobretudo as crianças imigrantes de 1ª geração. Não existem diferenças significativas no nível de escolaridade entre os cuidadores das crianças imigrantes e nativas, contudo os níveis de rendimento mais baixos, a precaridade no emprego e o trabalho em profissões não qualificadas, são mais frequentes nos cuidadores de crianças imigrantes. Em comparação com as crianças nascidas em Portugal, as crianças imigrantes de 1ª geração apresentam mais dificuldades emocionais e comportamentais em geral e mais sintomas de hiperatividade. As dificuldades emocionais são mais presentes nas crianças imigrantes em geral, assim como os comportamentos internalizantes. Os resultados do ajustamento através da regressão logística mostram, ajustando aos outros fatores, que crianças imigrantes de 1ª geração têm uma chance 2,7 vezes maior de ter problemas emocionais e comportamentais, quando comparadas com as nativas; também as crianças de famílias mais pobres (rendimentos inferiores a 500€/mês) têm uma chance 5 vezes maior de ter este tipo de problemas quando comparadas com as crianças de famílias mais ricas (rendimento superior a 2000€/mês). Conclusão: As crianças imigrantes de 1ª geração têm um risco acrescido de ter problemas emocionais e comportamentais em relação às crianças nascidas em Portugal. Os baixos rendimentos das famílias são também um fator de risco para os problemas emocionais e comportamentais nas crianças.
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É uma prioridade desenvolver estudos nesta área, de modo a planear intervenções atempadas para que as crianças possam atingir todo o seu potencial e garantir a equidade em saúde. Objetivos: Analisar os fatores de risco associados ao desenvolvimento de dificuldades emocionais e comportamentais das crianças imigrantes e nativas residentes no concelho de Amadora Métodos: Estudo quantitativo, transversal realizado no ACES da Amadora entre julho de 2019 e Março de 2020. Foram recrutadas 400 crianças nascidas em 2015, nativas e imigrantes, a cujos cuidadores foram aplicados dois questionários por entrevista face a face: um sobre as características das crianças e perfil sociodemográfico das famílias, o outro foi o Questionário de Dificuldades e Capacidades (SDQ) para avaliação de problemas emocionais e comportamentais nas crianças. Foi feita uma análise descritiva de todas as variáveis, com comparação entre crianças imigrantes, nativas e imigrantes de 1ª geração. Recorreu-se à regressão logística para analisar quais os fatores de risco para o desenvolvimento de dificuldades emocionais e comportamentais nas crianças imigrantes e nativas. Resultados: Das 400 crianças recrutadas, 186 (46.5%) são nativas e 214 (53.5%) são imigrantes. Os principais países de origem das famílias imigrantes são os países da CPLP. A maioria das crianças vive com ambos os progenitores e frequenta o ensino pré-escolar. As crianças que ficam em casa durante o dia são sobretudo as crianças imigrantes de 1ª geração. Não existem diferenças significativas no nível de escolaridade entre os cuidadores das crianças imigrantes e nativas, contudo os níveis de rendimento mais baixos, a precaridade no emprego e o trabalho em profissões não qualificadas, são mais frequentes nos cuidadores de crianças imigrantes. Em comparação com as crianças nascidas em Portugal, as crianças imigrantes de 1ª geração apresentam mais dificuldades emocionais e comportamentais em geral e mais sintomas de hiperatividade. As dificuldades emocionais são mais presentes nas crianças imigrantes em geral, assim como os comportamentos internalizantes. Os resultados do ajustamento através da regressão logística mostram, ajustando aos outros fatores, que crianças imigrantes de 1ª geração têm uma chance 2,7 vezes maior de ter problemas emocionais e comportamentais, quando comparadas com as nativas; também as crianças de famílias mais pobres (rendimentos inferiores a 500€/mês) têm uma chance 5 vezes maior de ter este tipo de problemas quando comparadas com as crianças de famílias mais ricas (rendimento superior a 2000€/mês). Conclusão: As crianças imigrantes de 1ª geração têm um risco acrescido de ter problemas emocionais e comportamentais em relação às crianças nascidas em Portugal. Os baixos rendimentos das famílias são também um fator de risco para os problemas emocionais e comportamentais nas crianças.Introduction: When people migrate they face different health risks, leading to diverse morbidity patterns among immigrants as the result of several interacting factors. Although not always consensual, studies on the health of immigrant children show that they tend to have worse health outcomes compared to native children, namely in the development of emotional and behavioral problems. In Portugal, there is a gap in knowledge about the health status of immigrant children. It is a priority to conduct studies in this subject in order to plan timely interventions so that children can reach their full potential and ensure equity in health. Objectives: To analyze the risk factors associated with the development of emotional and behavioral difficulties in immigrant and native children living in the municipality of Amadora Methods: Quantitative, cross-sectional study carried out in the ACES of Amadora between July 2019 and March 2020. 400 native and immigrant children born in 2015 were recruited and two questionnaires were administered as face-to-face interviews with their parents: one on the children and their families sociodemographic profile and the other assessing the emotional and behavioral problems in the children using the Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ.) A descriptive analysis of all variables was conducted, comparing immigrant, native and 1st generation immigrant children. Logistic regression analysis was used to examine the risk factors for the development of emotional and behavioral difficulties in immigrant and native children. Results: In the 400 children recruited, 186 (46.5%) are native and 214 (53.5%) are immigrants. The main countries of origin of immigrant families are CPLP countries. Most children live with both parents and attend pre-school. Children who stay at home during the day are mostly 1st generation immigrant children. There are no significant differences in the level of education between the caregivers of immigrant and native children, however lower income levels, job insecurity and work in lower-skilled professions are more frequent in the caregivers of immigrant children. In comparison with children born in Portugal, 1st generation immigrant children have more emotional and behavioral difficulties in general, as well as more symptoms of hyperactivity. Emotional difficulties are more present in immigrant children as a whole, as well as internalizing behaviors. The results of the logistic regression show that , adjusting to the other factors, 1st generation immigrant children have a 2,7 times greater chance of having emotional and behavioral problems compared to native ones; and children in poorer families (income below 500 € /month) have a 5 times greater chance of having this type of problems compared with children in richer families (income above € 2000 / month Conclusion: 1st generation immigrant children are at an increased risk of having emotional and behavioral problems compared to children born in Portugal. Low household income is also a risk factor for emotional and behavioral problems in childrenMARTINS, Maria do Rosário OliveiraMUGGLI, Zélia Maria Araújo da SilvaRUNSÁ, Silva2021-10-24T00:30:29Z202020202020-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/116298TID:202557642porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:58:47Zoai:run.unl.pt:10362/116298Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:43:01.473265Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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