(DES)CONSTRUINDO HISTÓRIAS: PROCESSOS CRIATIVOS EM CRIANÇAS REFERENCIADAS PARA DIAGNÓSTICO DE SOBREDOTAÇÃO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Manuela Sofia da Conceição
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.8/9487
Resumo: A sobredotação continua a ser objeto de interesse e debate no contexto académico, mas é sobretudo na escola que as crianças sobredotadas mais sentem a falta de respostas adequadas ao seu perfil. As atuais políticas educativas são insuficientes, tanto nas respostas escolares, como no diagnóstico de sobredotação. Acresce a falta de sensibilidade da comunidade educativa para esta problemática, com ideias pré-concebidas quanto às características da sobredotação. Estes fatores comprometem grandemente o desenvolvimento das crianças sobredotadas no nosso país. O potencial criativo do aluno sobredotado é, frequentemente, subaproveitado por falta de estímulo e de atividades promotoras do desenvolvimento da criatividade, sobretudo no contexto das humanidades e da expressão linguístico-literária – onde se enquadra a escrita criativa – entendidas como áreas menores e menos "úteis" para o desenvolvimento do sobredotado. A presente investigação parte do reconhecimento da importância das atividades criativas para o desenvolvimento completo das crianças com sobredotação e da emergência de entender a escrita criativa como potenciadora das suas capacidades. A análise realizada incide sobre e tem como objetivo conhecer os processos criativos envolvidos na criação de narrativas, a partir de determinados elementos selecionados ao acaso por crianças apontadas como sobredotadas a frequentar o 3.º ano de escolaridade, no âmbito do Programa de enriquecimento curricular Investir na Capacidade (PIC). Pretende-se, outrossim, caracterizar os hábitos de leitura e escrita dos participantes; conhecer a tipologia textual que gostam de escrever; apreender o grau de motivação para a leitura e para a escrita e, finalmente, promover o prazer da escrita. Optou-se por uma abordagem metodológica mista, quantitativa, para a análise das variáveis, relacionadas com os dados demográficos e a frequência com que leem e/ou escrevem e qualitativa para a análise de conteúdo dos registos escritos (o produto da escrita) e áudio (o processo criativo). Assim, as técnicas de recolha de dados utilizados foram o inquérito por questionário aplicados aos participantes, a observação direta, assim como a análise de conteúdo dos textos criativos e da interação no processo. Os resultados obtidos permitem perceber que as crianças que constituem o grupo de estudo não se destacam por hábitos de leitura e escrita excecionalmente elevados, apesar de referirem que gostam de ler e escrever e que o fazem com frequência. No que se refere aos processos de escrita criativa, de um modo geral, as crianças não planificam o texto, discutindo, brevemente, as ideias e passando automaticamente à textualização, sendo a revisão e reformulação feitas à medida que escrevem a história, notando-se, contudo, uma preocupação com a correção ortográfica e com a coerência dos textos produzidos.
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