Vivências académicas dos estudantes do curso de Licenciatura em Enfermagem: contributos para a intervenção comunitária

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Hugo Manuel Ventura
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/4677
Resumo: Introdução: O número de estudantes no sistema de ensino superior em Portugal tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, refletindo uma progressiva tomada de consciência da importância de se investigar as circunstâncias e os acontecimentos que os estudantes vivenciam e que influenciam o seu percurso académico. Neste contexto, o estudo centrou-se na análise das vivências académicas dos estudantes do curso de licenciatura em enfermagem de uma instituição de ensino superior do interior norte de Portugal, no sentido de se poder equacionar como campo de intervenção no âmbito da enfermagem comunitária. Objetivos: i) Caracterizar, em termos sociodemográficos e escolares, os participantes do estudo; ii) Caracterizar as vivências académicas através do Questionário de Vivências Académicas (QVA); iii) Analisar a relação entre as variáveis sociodemográficas e escolares e as dimensões do QVA; iv); Compreender os processos de adaptação e transição ao ensino superior; v) Enquadrar as vivências académicas no percurso desenvolvimental dos estudantes; vi) Identificar a forma de gestão dos recursos pessoais; vii) Explorar o sentido das expectativas profissionais dos estudantes. Métodos: O presente estudo utilizou uma abordagem quantitativa, sendo este descritivo, correlacional e transversal. Para a recolha de dados foi utilizado o Questionário de Vivências Académicas de Almeida e Ferreira (1997), constituído por 170 itens, dividido em 17 dimensões, e utilizou-se o programa Statistical Package for the Social Sciences, versão 20.0, no tratamento de dados. Utilizou-se também uma abordagem qualitativa, através do estudo de caso exploratório, realizando entrevistas semiestruturadas, que foram submetidas a análise de conteúdo. A população do estudo era constituída por todos os estudantes a frequentar o 1º ciclo de estudos do curso de licenciatura em enfermagem de uma universidade do interior norte de Portugal, num total de 316 estudantes, da qual se obteve uma amostra de 212 (60,09%) participantes para a abordagem quantitativa. Na abordagem qualitativa, nomeadamente nas entrevistas, participaram de forma voluntária 6 estudantes, 2 do sexo masculino e 4 do sexo feminino. Resultados: A maioria dos estudantes era do sexo feminino (75,9%), da classe etária dos 19-20 anos de idade (50,0%), deslocada do seu local de residência habitual (65,6%) e não usufruía de bolsa de estudo (54,7%). Quanto às dimensões do QVA, foram os estudantes da classe etária 17-20 anos que mais ativamente se envolveram em atividades extracurriculares (34,92) e da classe etária 21-22 anos que apresentaram um valor superior de bem-estar psicológico (49,39). Nas dimensões relacionamento com os colegas, com a família e com os professores, constata-se que foi sempre menor no sexo masculino e nos estudantes que frequentavam os 1º, 2º e 4º anos do curso. Quanto às dimensões bases de conhecimentos para o curso, ansiedade na realização de exames, autoconfiança, bem-estar físico e perceção pessoal de competências cognitivas, foram superiores para os estudantes que frequentavam o 4º ano. Constatou-se que, à medida que aumenta a idade, menor é a adaptação à instituição de ensino e o envolvimento em atividades extracurriculares e aumentam as bases de conhecimentos para o curso. Relativamente à correlação entre a média de curso e as dimensões do QVA, verificou-se que quanto maior é a média de curso, mais positiva é a sua perceção sobre as bases de conhecimentos para o curso, maior é a capacidade quanto aos métodos de estudo, gestão do tempo e da ansiedade, maior é a autoconfiança e melhor é a perceção sobre as competências cognitivas. Quanto aos resultados do estudo de natureza qualitativa e tendo em conta que o que se pretendia relevar era o carácter interpretativo que os estudantes fazem das vivências académicas, emergem como categoriais: a adaptação ao ensino superior, com expectativas em relação à instituição de ensino, no qual se destaca a participação na praxe académica, enquanto acontecimento que assegura a transição e adaptação ao ensino superior; as vivências académicas, que redefinem as experiências de vida e fomentam o crescimento pessoal e a autonomia; a gestão dos recursos pessoais, relacionada com a gestão do tempo e a gestão emocional, sublinhando-se a importância do suporte dos pais, familiares e amigos para o bem-estar psicológico dos estudantes; as expectativas profissionais, que reafirmam o interesse pela continuidade dos processos formativos, vinculados a uma maior especialização da intervenção em enfermagem e a desesperança pelo exercício da profissão de enfermagem em Portugal. De um modo geral, a adaptação ao ensino superior, vivida como uma transição desenvolvimental, concorre para a autonomia, independência emocional e instrumental, por isso, é expectável e desejável que esta transição fique inscrita na vida dos estudantes e possa orientar os seus projetos e dar sentido ao futuro. Conclusões: Os resultados obtidos contribuíram para a clarificação das vivências académicas e adaptação ao ensino superior. No entanto, é importante considerar a análise desta problemática noutras instituições de ensino superior para se constatar a influência de variáveis contextuais. Importa, por exemplo, explorar de que modo a praxe, como realidade académica, se inscreve nas vivências dos estudantes. Esta será, pelas particularidades do contexto, uma das áreas de intervenção dos enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária que importa dinamizar.
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Objetivos: i) Caracterizar, em termos sociodemográficos e escolares, os participantes do estudo; ii) Caracterizar as vivências académicas através do Questionário de Vivências Académicas (QVA); iii) Analisar a relação entre as variáveis sociodemográficas e escolares e as dimensões do QVA; iv); Compreender os processos de adaptação e transição ao ensino superior; v) Enquadrar as vivências académicas no percurso desenvolvimental dos estudantes; vi) Identificar a forma de gestão dos recursos pessoais; vii) Explorar o sentido das expectativas profissionais dos estudantes. Métodos: O presente estudo utilizou uma abordagem quantitativa, sendo este descritivo, correlacional e transversal. Para a recolha de dados foi utilizado o Questionário de Vivências Académicas de Almeida e Ferreira (1997), constituído por 170 itens, dividido em 17 dimensões, e utilizou-se o programa Statistical Package for the Social Sciences, versão 20.0, no tratamento de dados. Utilizou-se também uma abordagem qualitativa, através do estudo de caso exploratório, realizando entrevistas semiestruturadas, que foram submetidas a análise de conteúdo. A população do estudo era constituída por todos os estudantes a frequentar o 1º ciclo de estudos do curso de licenciatura em enfermagem de uma universidade do interior norte de Portugal, num total de 316 estudantes, da qual se obteve uma amostra de 212 (60,09%) participantes para a abordagem quantitativa. Na abordagem qualitativa, nomeadamente nas entrevistas, participaram de forma voluntária 6 estudantes, 2 do sexo masculino e 4 do sexo feminino. Resultados: A maioria dos estudantes era do sexo feminino (75,9%), da classe etária dos 19-20 anos de idade (50,0%), deslocada do seu local de residência habitual (65,6%) e não usufruía de bolsa de estudo (54,7%). Quanto às dimensões do QVA, foram os estudantes da classe etária 17-20 anos que mais ativamente se envolveram em atividades extracurriculares (34,92) e da classe etária 21-22 anos que apresentaram um valor superior de bem-estar psicológico (49,39). Nas dimensões relacionamento com os colegas, com a família e com os professores, constata-se que foi sempre menor no sexo masculino e nos estudantes que frequentavam os 1º, 2º e 4º anos do curso. Quanto às dimensões bases de conhecimentos para o curso, ansiedade na realização de exames, autoconfiança, bem-estar físico e perceção pessoal de competências cognitivas, foram superiores para os estudantes que frequentavam o 4º ano. Constatou-se que, à medida que aumenta a idade, menor é a adaptação à instituição de ensino e o envolvimento em atividades extracurriculares e aumentam as bases de conhecimentos para o curso. Relativamente à correlação entre a média de curso e as dimensões do QVA, verificou-se que quanto maior é a média de curso, mais positiva é a sua perceção sobre as bases de conhecimentos para o curso, maior é a capacidade quanto aos métodos de estudo, gestão do tempo e da ansiedade, maior é a autoconfiança e melhor é a perceção sobre as competências cognitivas. Quanto aos resultados do estudo de natureza qualitativa e tendo em conta que o que se pretendia relevar era o carácter interpretativo que os estudantes fazem das vivências académicas, emergem como categoriais: a adaptação ao ensino superior, com expectativas em relação à instituição de ensino, no qual se destaca a participação na praxe académica, enquanto acontecimento que assegura a transição e adaptação ao ensino superior; as vivências académicas, que redefinem as experiências de vida e fomentam o crescimento pessoal e a autonomia; a gestão dos recursos pessoais, relacionada com a gestão do tempo e a gestão emocional, sublinhando-se a importância do suporte dos pais, familiares e amigos para o bem-estar psicológico dos estudantes; as expectativas profissionais, que reafirmam o interesse pela continuidade dos processos formativos, vinculados a uma maior especialização da intervenção em enfermagem e a desesperança pelo exercício da profissão de enfermagem em Portugal. De um modo geral, a adaptação ao ensino superior, vivida como uma transição desenvolvimental, concorre para a autonomia, independência emocional e instrumental, por isso, é expectável e desejável que esta transição fique inscrita na vida dos estudantes e possa orientar os seus projetos e dar sentido ao futuro. Conclusões: Os resultados obtidos contribuíram para a clarificação das vivências académicas e adaptação ao ensino superior. No entanto, é importante considerar a análise desta problemática noutras instituições de ensino superior para se constatar a influência de variáveis contextuais. Importa, por exemplo, explorar de que modo a praxe, como realidade académica, se inscreve nas vivências dos estudantes. Esta será, pelas particularidades do contexto, uma das áreas de intervenção dos enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária que importa dinamizar.Introduction: The number of students in the Portugal superior education system has been substantially growing in the past few years, reflecting a progressive awareness of the importance of investigating the circumstances and facts that the students experience and how those influences determinate the academic path. In this context, it is defined as the main objective to study and to analyze the academic experiences of the students in the course of nursing degree of an institution of higher education in the interior North of Portugal, in order to equate it as an intervention field in the community nursing. Objectives: i) Characterize in socio-demographic and school terms, the study participants; ii) Characterize the academic experiences through Academic Experiences Questionnaire (QVA); iii) Analyze the relationship between socio-demographic and school variables and dimensions of QVA; iv); Understand the processes of adaptation and transition to higher education; v) Framing the academic experiences of students in developmental path; vi) Identify the form of management of personal resources; vii) Explore the meaning of professional expectations from the students. Methods: This study used a quantitative approach, which is descriptive, correlacional and cross. For the data collection was used the Academic Experiences Questionnaire from “Almeida and Ferreira” (1997), compound of 170 items, divided into 17 dimensions, and was used the Statistical Package for the Social Sciences, version 20.0, to data management. You also used a qualitative approach, through the exploratory case study, conducting semi-structured interviews, which were subjected to content analysis. The study population consisted of all students attending the 1st cycle course studies in nursing at a university in the interior north of Portugal, a total of 316 students, from which we obtained a sample of 212 (60.09%) participants for the quantitative approach. In the qualitative approach, including interviews, participated voluntarily 6 students, 2 males and 4 females. Results: The majority of students was female (75.9%), the age group of 19-20 years (50.0%), displaced from their place of habitual residence (65.6%) and did not enjoy of scholarship (54.7%). Concerning the dimensions of QVA, students of the age group 17-20 years were those who more actively were involved in extracurricular activities (34,92) and the age group 21-22 years had a higher value of psychological well-being (49,39). In the relationship dimensions with colleagues, family and teachers, it appears that was always lower in males and students who attended the 1st, 2nd and 4th years of the course. The bases knowledge dimensions for the course, anxiety in exams, confidence, physical well-being and personal perception of cognitive skills were higher for students who attended the 4th year. It was found that, as age increases, the less is the adaptation to the university and involvement in extracurricular activities and that the bases knowledge for the course increase. Concerning the correlation between the average current and the dimensions of QVA, it was found that as higher as the average course is, the most positive is the perception on the bases knowledge for the course, the greatest is the capacity for the methods of study, time management and anxiety, the greatest is the confidence and the best is the perception of cognitive skills. Regarding the results of the qualitative study and taking into account that what was meant was the interpretive character reveal that students make academic experiences, emerge as categorical: adaptation to higher education, with expectations for the educational institution, in which emphasizes participation in “Praxe”, as an event that ensures the transition and adjustment to higher education; academic experiences that redefine life experiences and foster personal growth and autonomy; the management of personal resources related to time management and emotional management, stressing the importance of the support of parents, family and friends for the psychological well-being of students; professional expectations, reaffirming the continuity of interest in the formative processes linked to greater specialization of nursing intervention and hopelessness by the profession of nursing in Portugal. In general way, adaptation to higher education, lived as a developmental transition, competes for autonomy, emotional independence and instrumental, so it is expected and desirable that this transition is inscribed in the lives of students and to guide its projects and to give the future a sense. Conclusions: The results contributed to the clarification of academic experiences and adaptation to higher education. However, it is important to consider the analysis of this problem in other higher education institutions to observe the influence of contextual variables. It matters, for instance, to explore how the “Praxe” as an academic situation falls in the experiences of students. This will be, by the particularities of context, one of the areas of intervention of nurse specialists in the nursing community to boost care.2015-06-02T18:23:29Z2015-06-02T00:00:00Z2015-06-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/4677porCosta, Hugo Manuel Venturainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:48:35Zoai:repositorio.utad.pt:10348/4677Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:04:39.406973Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Objetivos: i) Caracterizar, em termos sociodemográficos e escolares, os participantes do estudo; ii) Caracterizar as vivências académicas através do Questionário de Vivências Académicas (QVA); iii) Analisar a relação entre as variáveis sociodemográficas e escolares e as dimensões do QVA; iv); Compreender os processos de adaptação e transição ao ensino superior; v) Enquadrar as vivências académicas no percurso desenvolvimental dos estudantes; vi) Identificar a forma de gestão dos recursos pessoais; vii) Explorar o sentido das expectativas profissionais dos estudantes. Métodos: O presente estudo utilizou uma abordagem quantitativa, sendo este descritivo, correlacional e transversal. Para a recolha de dados foi utilizado o Questionário de Vivências Académicas de Almeida e Ferreira (1997), constituído por 170 itens, dividido em 17 dimensões, e utilizou-se o programa Statistical Package for the Social Sciences, versão 20.0, no tratamento de dados. Utilizou-se também uma abordagem qualitativa, através do estudo de caso exploratório, realizando entrevistas semiestruturadas, que foram submetidas a análise de conteúdo. A população do estudo era constituída por todos os estudantes a frequentar o 1º ciclo de estudos do curso de licenciatura em enfermagem de uma universidade do interior norte de Portugal, num total de 316 estudantes, da qual se obteve uma amostra de 212 (60,09%) participantes para a abordagem quantitativa. Na abordagem qualitativa, nomeadamente nas entrevistas, participaram de forma voluntária 6 estudantes, 2 do sexo masculino e 4 do sexo feminino. Resultados: A maioria dos estudantes era do sexo feminino (75,9%), da classe etária dos 19-20 anos de idade (50,0%), deslocada do seu local de residência habitual (65,6%) e não usufruía de bolsa de estudo (54,7%). Quanto às dimensões do QVA, foram os estudantes da classe etária 17-20 anos que mais ativamente se envolveram em atividades extracurriculares (34,92) e da classe etária 21-22 anos que apresentaram um valor superior de bem-estar psicológico (49,39). Nas dimensões relacionamento com os colegas, com a família e com os professores, constata-se que foi sempre menor no sexo masculino e nos estudantes que frequentavam os 1º, 2º e 4º anos do curso. Quanto às dimensões bases de conhecimentos para o curso, ansiedade na realização de exames, autoconfiança, bem-estar físico e perceção pessoal de competências cognitivas, foram superiores para os estudantes que frequentavam o 4º ano. Constatou-se que, à medida que aumenta a idade, menor é a adaptação à instituição de ensino e o envolvimento em atividades extracurriculares e aumentam as bases de conhecimentos para o curso. Relativamente à correlação entre a média de curso e as dimensões do QVA, verificou-se que quanto maior é a média de curso, mais positiva é a sua perceção sobre as bases de conhecimentos para o curso, maior é a capacidade quanto aos métodos de estudo, gestão do tempo e da ansiedade, maior é a autoconfiança e melhor é a perceção sobre as competências cognitivas. Quanto aos resultados do estudo de natureza qualitativa e tendo em conta que o que se pretendia relevar era o carácter interpretativo que os estudantes fazem das vivências académicas, emergem como categoriais: a adaptação ao ensino superior, com expectativas em relação à instituição de ensino, no qual se destaca a participação na praxe académica, enquanto acontecimento que assegura a transição e adaptação ao ensino superior; as vivências académicas, que redefinem as experiências de vida e fomentam o crescimento pessoal e a autonomia; a gestão dos recursos pessoais, relacionada com a gestão do tempo e a gestão emocional, sublinhando-se a importância do suporte dos pais, familiares e amigos para o bem-estar psicológico dos estudantes; as expectativas profissionais, que reafirmam o interesse pela continuidade dos processos formativos, vinculados a uma maior especialização da intervenção em enfermagem e a desesperança pelo exercício da profissão de enfermagem em Portugal. De um modo geral, a adaptação ao ensino superior, vivida como uma transição desenvolvimental, concorre para a autonomia, independência emocional e instrumental, por isso, é expectável e desejável que esta transição fique inscrita na vida dos estudantes e possa orientar os seus projetos e dar sentido ao futuro. Conclusões: Os resultados obtidos contribuíram para a clarificação das vivências académicas e adaptação ao ensino superior. No entanto, é importante considerar a análise desta problemática noutras instituições de ensino superior para se constatar a influência de variáveis contextuais. Importa, por exemplo, explorar de que modo a praxe, como realidade académica, se inscreve nas vivências dos estudantes. Esta será, pelas particularidades do contexto, uma das áreas de intervenção dos enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária que importa dinamizar.
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