As Universidades Populares nas primeiras décadas do século XX. O exemplo da Academia de Estudos Livres

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pintassilgo, Joaquim
Data de Publicação: 2011
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/8354
Resumo: O ambiente cultural português do final do século XIX e primeiras décadas do século XX foi propício ao desenvolvimento das preocupações com a educação popular. A crença de raiz positivista no papel decisivo da educação e da cultura como fonte de progresso e regeneração social, o investimento político republicano, considerado inseparável do combate contra o analfabetismo, e o labor cultural de pendor iluminista da maçonaria são algumas das condições que favorecem a afirmação de um discurso que coloca o povo e a sua educação no centro do debate político e social. A educação e a cultura surgem, assim, como peças chave da formação de um cidadão consciente e participativo e da construção de uma sociedade nova, sem lugar para a ignorância e para os preconceitos, crença esta que se torna uma das grandes referências míticas desse momento histórico e cultural. Nesta conformidade, vai conhecer a luz do dia todo um conjunto de experiências nos terrenos da educação popular e da divulgação científica e cultural de que as Universidades Livres e Populares são um exemplo entre muitos outros. Dessas instituições é parte integrante a Academia de Estudos Livres, objecto do nosso estudo, fundada em 1889 e que se define, a partir de 1904, como Universidade Popular. Esta associação assegura o funcionamento da Escola Marquês de Pombal (que possui ensino diurno e nocturno, este último destinado a adultos), para além de dinamizar actividades diversificadas na área da chamada extensão cultural, de que é exemplo a realização de cursos, conferências e visitas de estudo. Entre os promotores destas iniciativas encontramos algumas das figuras de referência do campo pedagógico português, como Bernardino Machado, Adolfo Coelho e Álvaro Viana de Lemos. A Academia dedicou-se também à edição de publicações, com destaque para os Anais da Academia de Estudos Livres - Universidade Popular (1912-1916), uma espécie de órgão da associação, e para o periódico estudantil A Mocidade (1910-1911), formalmente propriedade de um Núcleo de Instrução da Academia de Estudos Livres. Além das referidas publicações periódicas, a Academia foi ainda responsável pela edição de separatas das mesmas e de outras obras. É este conjunto de objectos impressos que constitui o corpus documental que serve de fonte ao presente trabalho. O período de vida da instituição aqui em análise é o delimitado pelas datas extremas das publicações referenciadas, ou seja, a fase inicial e mais dinâmica de recém instaurada República portuguesa. Através da presente comunicação pretendemos caracterizar o projecto de educação popular desenvolvido sob o impulso do republicanismo (de feições várias) e, simultaneamente, reflectir acerca da dimensão pedagógica desse projecto, na sua relação com o ideário renovador então em fase de afirmação, para além de avaliar o seu contributo para a formação do campo pedagógico português.
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