Espaço, justiça e políticas públicas: análise da Política POLIS XXI numa perspetiva de justiça espacial

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Diogo Alexandre Rosa
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/43053
Resumo: A presente investigação parte do conceito de justiça espacial como instrumento para analisar a política de cidades POLIS XXI. Da reflexão teórica sobre o conceito de justiça espacial e da relação entre os conceitos de justiça, espaço e políticas públicas propõe-se uma grelha analítica experimental destinada a avaliar a implementação da política de cidades, que é testada empiricamente pela sua aplicação ao caso da POLIS XXI no Médio Tejo. Com isto, para além da avaliação concreta da política no âmbito do quadro analítico estabelecido, pretende-se refletir sobre os efeitos dos processos de desenvolvimento urbano nas relações de justiça e poder associadas à produção do espaço e à participação e apropriação por parte das comunidades. Nesta reflexão, o conceito de justiça espacial não é apresentado como uma alternativa ao conceito de justiça social mas antes como uma perspetiva de análise das questões de justiça numa ótica espacial ou geográfica, na qual a organização política do espaço se assume como elemento central na promoção da injustiça espacial. Nesta perspetiva, a matriz de análise de políticas públicas proposta assenta no conceito da justiça espacial, devendo este ser interpretado ao nível da distribuição de benefícios do desenvolvimento urbano (efeitos) e das condições institucionais necessárias ao desenvolvimento e exercício das capacidades individuais e à comunicação e cooperação coletiva (processos). Esta grelha assenta em quatro dimensões da justiça espacial: i) efeitos e partilha do desenvolvimento urbano; ii) alargamento das capacidades e liberdades individuais; iii) participação e iv) ligação no território. Estudou-se assim o contributo da POLIS XXI para as diferentes dimensões apresentadas, considerando, numa primeira fase, uma análise global dos instrumentos de ação política - seus principais resultados e constrangimentos à implementação - e, numa segunda fase, uma análise mais detalhada com a aplicação ao estudo de caso da implementação da política na região do Médio Tejo. Este exercício permitiu concluir que, globalmente, a política evidencia uma ausência de perspetiva de espaço como construção social e política, parecendo clara a sua visão do espaço como recetáculo ou palco inerte. Assim, ainda que se registem princípios norteadores da política e ações específicas que apresentam um contributo assinalável para as dimensões de justiça espacial, considera-se que a dimensão social do espaço foi remetida para um segundo plano, em detrimento de uma visão assente na competitividade (que privilegia dimensões materiais, económicas e de competição entre cidades) e na aposta na criação de polos de atratividade nos municípios analisados.
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Nesta reflexão, o conceito de justiça espacial não é apresentado como uma alternativa ao conceito de justiça social mas antes como uma perspetiva de análise das questões de justiça numa ótica espacial ou geográfica, na qual a organização política do espaço se assume como elemento central na promoção da injustiça espacial. Nesta perspetiva, a matriz de análise de políticas públicas proposta assenta no conceito da justiça espacial, devendo este ser interpretado ao nível da distribuição de benefícios do desenvolvimento urbano (efeitos) e das condições institucionais necessárias ao desenvolvimento e exercício das capacidades individuais e à comunicação e cooperação coletiva (processos). Esta grelha assenta em quatro dimensões da justiça espacial: i) efeitos e partilha do desenvolvimento urbano; ii) alargamento das capacidades e liberdades individuais; iii) participação e iv) ligação no território. Estudou-se assim o contributo da POLIS XXI para as diferentes dimensões apresentadas, considerando, numa primeira fase, uma análise global dos instrumentos de ação política - seus principais resultados e constrangimentos à implementação - e, numa segunda fase, uma análise mais detalhada com a aplicação ao estudo de caso da implementação da política na região do Médio Tejo. Este exercício permitiu concluir que, globalmente, a política evidencia uma ausência de perspetiva de espaço como construção social e política, parecendo clara a sua visão do espaço como recetáculo ou palco inerte. Assim, ainda que se registem princípios norteadores da política e ações específicas que apresentam um contributo assinalável para as dimensões de justiça espacial, considera-se que a dimensão social do espaço foi remetida para um segundo plano, em detrimento de uma visão assente na competitividade (que privilegia dimensões materiais, económicas e de competição entre cidades) e na aposta na criação de polos de atratividade nos municípios analisados.The present research is based on the concept of spatial justice, which is used as an instrument to analyse the Portuguese Urban Policy POLIS XXI. From the theoretical reflection on the concept of spatial justice and the relationship between the concepts of justice, space and public policies, an experimental analytical grid is proposed to assess the implementation of the above mentioned urban policy which is empirically tested in the Médio Tejo region. The evaluation of the policy within the scope of the proposed analytical framework is complemented with the reflection on the effects of urban development processes in the relations of justice and power associated with the production of space and the participation and appropriation of these processes by the communities. In this reflection, the concept of spatial justice is not presented as an alternative to the concept of social justice but rather as a perspective of analysing justice from a spatial or geographical perspective, in which the political organization of space is assumed to be a central element in the promotion of spatial injustices. In this perspective, the proposed grid on public policy analysis is based on the concept of spatial justice, which must be considered in terms of the distribution of benefits from urban development (outcomes) and the institutional conditions needed for the development and exercise of individual capabilities and collective cooperation (processes). This grid is based on four dimensions of spatial justice: i) outcomes of urban development; ii) individual and collective capabilities and freedoms; iii) participation and iv) connection within the territory. The contribution of POLIS XXI to the above-mentioned components was analysed, considering, in a first stage, a global analysis of the instruments of political action - their main results and constraints to implementation - and, in a second stage, a more detailed analysis with the application of a case study on the Medio Tejo region. This exercise made it possible to conclude that, globally, POLIS XXI implementation demonstrated a lack of perspective of space as a social and political construction, although some of the guiding principles of the public policy and some specific actions represent relevant contributions to spatial justice. Nonetheless, it can be considered that in POLIS XXI implementation, the social dimension of space has been neglected, in favour of a competitiveness perspective ( which favours material and economic dimensions and competition between cities) as well as, of a focus on creating attractiveness centres in the municipalities.Malheiros, JorgeJulião, Fernanda do CarmoRepositório da Universidade de LisboaFerreira, Diogo Alexandre Rosa2020-04-22T16:05:20Z2020-04-132020-04-13T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/43053TID:202471861porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:43:20Zoai:repositorio.ul.pt:10451/43053Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:55:58.546820Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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