Brincadeiras e fantasias do turista literário /Playfulness and Fantasies of the Literary Tourist
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25746/ruiips.v11.i3.32432 |
Resumo: | O ato de ler obriga o leitor a passar pela materialidade do texto, a atravessar a linguagem e adentrar na história, na ficção. Fascinado pela narrativa, o leitor permanece nesse lugar fictício, encantado pela obra. Brandão (1995) ressalta que é necessário ocorrer um pacto para se ler com a paixão do imaginário e deixá-la fluir. No ato de ler o texto, uma vez o pacto estabelecido, as paixões e fantasias podem ser vivenciadas. Mas, como o texto literário pode influenciar o leitor a ponto de fazê-lo agir, realizar uma viagem ao desconhecido? Existe literatura que revela os motivos de viagem do turista literário (Naipeng, et al, 2021; Çevik, 2022; Faria et al, 2017) relacionados ao interesse em conhecer o local de nascimento ou morte do escritor e o local cenário das obras. Mas quais os fatores influenciadores desta deslocação? O objetivo da pesquisa é investigar a origem do elo formado entre escritor e leitor e os fatores determinantes na visita a lugares literários, tornando o leitor um turista literário. Trata-se de uma pesquisa teórica cuja metodologia compreende a pesquisa bibliográfica em áreas distintas do conhecimento, a saber: psicanálise, literatura e turismo. A relação forte entre a criação literária, o brincar, o sonhar e fantasiar é desenvolvida por Freud, em seu texto Escritores Criativos e Devaneios (1908). O autor arrisca-se a dizer que, quando um escritor criativo nos apresenta suas peças, ou nos relata o que julgamos ser seus próprios devaneios, sentimos um grande prazer, que nos possibilita a liberação de um prazer ainda maior, proveniente de fontes psíquicas mais profundas, de uma libertação de tensões em nossas mentes. Por sua vez, Winnicott (1975) elabora o conceito de espaço potencial, uma área de alívio da criança e do adulto frente à tensão ao relacionar a realidade interna com a externa. Inseridos nesse espaço sentem-se livres para expor as fantasias, permitindo uma relação criativa com o mundo. Pode-se inferir que o pacto formado entre leitor e obra se constitui nesse espaço potencial estabelecido a partir de uma relação de confiança e amorosa com a obra ou escritor. A visita a um lugar relacionado a obra literária, o movimento, é devido ao desejo de continuar e ampliar a experiência, a satisfação encontrada durante a leitura. |
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Brincadeiras e fantasias do turista literário /Playfulness and Fantasies of the Literary TouristBrincadeiras e fantasias do turista literário /Playfulness and Fantasies of the Literary TouristResumoO ato de ler obriga o leitor a passar pela materialidade do texto, a atravessar a linguagem e adentrar na história, na ficção. Fascinado pela narrativa, o leitor permanece nesse lugar fictício, encantado pela obra. Brandão (1995) ressalta que é necessário ocorrer um pacto para se ler com a paixão do imaginário e deixá-la fluir. No ato de ler o texto, uma vez o pacto estabelecido, as paixões e fantasias podem ser vivenciadas. Mas, como o texto literário pode influenciar o leitor a ponto de fazê-lo agir, realizar uma viagem ao desconhecido? Existe literatura que revela os motivos de viagem do turista literário (Naipeng, et al, 2021; Çevik, 2022; Faria et al, 2017) relacionados ao interesse em conhecer o local de nascimento ou morte do escritor e o local cenário das obras. Mas quais os fatores influenciadores desta deslocação? O objetivo da pesquisa é investigar a origem do elo formado entre escritor e leitor e os fatores determinantes na visita a lugares literários, tornando o leitor um turista literário. Trata-se de uma pesquisa teórica cuja metodologia compreende a pesquisa bibliográfica em áreas distintas do conhecimento, a saber: psicanálise, literatura e turismo. A relação forte entre a criação literária, o brincar, o sonhar e fantasiar é desenvolvida por Freud, em seu texto Escritores Criativos e Devaneios (1908). O autor arrisca-se a dizer que, quando um escritor criativo nos apresenta suas peças, ou nos relata o que julgamos ser seus próprios devaneios, sentimos um grande prazer, que nos possibilita a liberação de um prazer ainda maior, proveniente de fontes psíquicas mais profundas, de uma libertação de tensões em nossas mentes. Por sua vez, Winnicott (1975) elabora o conceito de espaço potencial, uma área de alívio da criança e do adulto frente à tensão ao relacionar a realidade interna com a externa. Inseridos nesse espaço sentem-se livres para expor as fantasias, permitindo uma relação criativa com o mundo. Pode-se inferir que o pacto formado entre leitor e obra se constitui nesse espaço potencial estabelecido a partir de uma relação de confiança e amorosa com a obra ou escritor. A visita a um lugar relacionado a obra literária, o movimento, é devido ao desejo de continuar e ampliar a experiência, a satisfação encontrada durante a leitura.The act of reading entails the reader's engagement with the materiality of the text, traversing the linguistic constructs to immerse oneself in the narrative and fictional world. Captivated by the storytelling, readers willingly dwell within these fictitious realms, fascinated by the literary work. Brandão (1995) emphasizes the necessity of a pact to read with the passion of the imaginary and allow it to flow. Once this pact is established during the act of reading, passions and fantasies can be experienced. But how can literary texts influence readers to the extent of inspiring them to take action, embarking on journeys into the unknown? There exists literature that reveals the motives behind the literary tourist's desire to visit locations associated with authors' lives and the settings of their works (Naipeng et al., 2021; Çevik, 2022; Faria et al., 2017). However, the factors influencing this displacement remain to be explored. This research aims to investigate the origins of the bond formed between the writer and the reader, as well as the determining factors in visiting literary places, thereby transforming the reader into a literary tourist. This is theoretical research whose methodology comprises bibliographical research in different areas of knowledge: psychoanalysis, literature and tourism. The strong relationship between literary creation, play, dreaming, and fantasizing, as developed by Freud in his work Creative Writers and Day-dreaming (1908), suggests that when a creative writer presents their pieces or recounts what we perceive to be their own daydreams, a profound pleasure ensues. This pleasure stems from even deeper psychic sources, representing a release of tensions within our minds. In turn, Winnicott (1975) elaborates the concept of potential space, an area of relief for children and adults in the face of tension when relating internal reality to external reality. Inserted in this area, they feel free to expose their fantasies, allowing a creative relationship with the world. It can be inferred that the pact formed between reader and book is constituted in this potential space established from a trusting and loving relationship with the writer. Visiting a place related to a literary work, the movement, is due to the desire to continue and expand the experience, the satisfaction found during reading.Research Unit of Polytechnic Institute of Santarém2023-12-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25746/ruiips.v11.i3.32432por2182-9608C.P.Faria, Diomira MariaMadeira, Silvia QBorges , Soniainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-04T19:15:56Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/32432Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:30:04.264151Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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O ato de ler obriga o leitor a passar pela materialidade do texto, a atravessar a linguagem e adentrar na história, na ficção. Fascinado pela narrativa, o leitor permanece nesse lugar fictício, encantado pela obra. Brandão (1995) ressalta que é necessário ocorrer um pacto para se ler com a paixão do imaginário e deixá-la fluir. No ato de ler o texto, uma vez o pacto estabelecido, as paixões e fantasias podem ser vivenciadas. Mas, como o texto literário pode influenciar o leitor a ponto de fazê-lo agir, realizar uma viagem ao desconhecido? Existe literatura que revela os motivos de viagem do turista literário (Naipeng, et al, 2021; Çevik, 2022; Faria et al, 2017) relacionados ao interesse em conhecer o local de nascimento ou morte do escritor e o local cenário das obras. Mas quais os fatores influenciadores desta deslocação? O objetivo da pesquisa é investigar a origem do elo formado entre escritor e leitor e os fatores determinantes na visita a lugares literários, tornando o leitor um turista literário. Trata-se de uma pesquisa teórica cuja metodologia compreende a pesquisa bibliográfica em áreas distintas do conhecimento, a saber: psicanálise, literatura e turismo. A relação forte entre a criação literária, o brincar, o sonhar e fantasiar é desenvolvida por Freud, em seu texto Escritores Criativos e Devaneios (1908). O autor arrisca-se a dizer que, quando um escritor criativo nos apresenta suas peças, ou nos relata o que julgamos ser seus próprios devaneios, sentimos um grande prazer, que nos possibilita a liberação de um prazer ainda maior, proveniente de fontes psíquicas mais profundas, de uma libertação de tensões em nossas mentes. Por sua vez, Winnicott (1975) elabora o conceito de espaço potencial, uma área de alívio da criança e do adulto frente à tensão ao relacionar a realidade interna com a externa. Inseridos nesse espaço sentem-se livres para expor as fantasias, permitindo uma relação criativa com o mundo. Pode-se inferir que o pacto formado entre leitor e obra se constitui nesse espaço potencial estabelecido a partir de uma relação de confiança e amorosa com a obra ou escritor. A visita a um lugar relacionado a obra literária, o movimento, é devido ao desejo de continuar e ampliar a experiência, a satisfação encontrada durante a leitura. |
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