Estudo da bioacessibilidade de compostos fenólicos presentes em Extratos de Prunus avium L. após processo digestivo In Vitro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ramos, Rodrigo Carvalho
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/8316
Resumo: presente relatório divide-se em três capítulos que pretendem descrever a experiência e funções desempenhadas durante o estágio em Farmácia Comunitária na Farmácia Moderna, sita na vila de Tortosendo, sob a direção técnica da Dra. Octávia Monteiro Vaz, nos Serviços Farmacêuticos do Hospital Sousa Martins, sob a direção do Dr. Jorge Aperta, bem como o trabalho de investigação desenvolvido no Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (Covilhã), sob a orientação da Professora Doutora Ana Paula Duarte e coorientação da Professora Eugenia Gallardo. O Capítulo 1 descreve o trabalho de investigação realizado. A região do Fundão produz anualmente 7000 toneladas de cereja, o fruto de Prunus avium L.. Este é um importante motor da região, e o seu cultivo e comércio representam uma fração considerável da economia local. Apesar de se cultivarem diversas variedades nesta região, é particularmente conhecida a variedade Saco, uma cereja carnuda, com uma coloração vermelha escura e um sabor adocicado e agradável. Os compostos fenólicos são um conjunto heterogéneo de metabolitos secundários das plantas, altamente diversificado e amplamente distribuído. Na verdade, são responsáveis por diversas características no fruto, nomeadamente o cheiro, cor, sabor e adstringência. A sua importância, porém, vai muito além destas importantes características. Estes compostos são conhecidos por estarem diretamente relacionados com muitas das propriedades promotoras de saúde associadas às cerejas. Múltiplos estudos têm demonstrado o poder antioxidante deste fruto, sendo-lhe atribuídas propriedades anticancerígenas, antimicrobianas, e antiinflamatórias, bem como tendo um efeito protetor a nível cardiovascular e na prevenção e controlo da diabetes. No entanto, e apesar de o valor nutritivo da cereja estar bem definido e estudado, a capacidades destes compostos estarem efetivamente disponíveis para absorção não havia sido estudada previamente. A digestão é um processo fisiologicamente muito agressivo. Os diversos passos que a constituem, seja pela influência química ou enzimática, provocam a detioração de muitos dos compostos existentes, seja a nível farmacológico ou nutricional. O estudo da bioacessibilidade, a fração dum alimento que fica disponível para posterior absorção, e que resiste ao processo digestivo, torna-se necessário para compreender a real extensão da biodisponibilidade, sendo estes estudos indissociáveis. Partindo de amostras de cereja liofilizada foi utilizado um protocolo de extração direcionado para compostos fenólicos, obtendo-se um extrato avermelhado para cada uma das variedades em estudo. Foi desenvolvido e validado um método por cromatografia líquida de alta eficiência acoplado a um detetor de fotodiodos (HPLC-DAD), para a determinação de nove compostos fenólicos. Este método mostrou ser linear no intervalo de concentrações 2-50 µg/mL. Os restantes parâmetros analíticos se situaram dentro dos critérios estabelecidos pelas normas internacionais da Food and Drug Administration. Através dum método digestivo simulado, com quantificação por HPLC-DAD no final de cada passo digestivo, salivar, gástrico e intestinal, foi possível compreender como respondem os compostos selecionados durante a digestão. Verificou-se que a maioria dos compostos fenólicos parece apresentar resistência ao processo digestivo, com exceção dos glicosídeos, nomeadamente a cianidina-3-O-glicosídeo, quercetina-3-4’di-O-glicosídeo e a rutina, um rutinósido da quercetina. Paralelamente, as concentrações de quercetina e epicatequina mostraram aumentos consideráveis. É importante destacar que este é o primeiro trabalho que avalia a bioacessibilidade de compostos fenólicos em cerejas. Por fim, e recorrendo ao mesmo método HPLC-DAD, foi comparado um conjunto de variedades oriundas da região do Fundão, Saco, colheita de 2015 e 2017, Summit, Earlise, Brooks, Sweetheart e Primulat. O estudo realizado permitiu quantificar os compostos fenólicos de cada uma destas variedades, tendo sido encontradas diferenças significativas. A variedade Saco, colheita de 2017, apresenta o maior teor em cianidina-3-O-glicosídeo, sendo esta uma das principais antocianinas das cerejas e grande responsável pela cor característica. No entanto, é a variedade Primulat que apresenta o maior teor de compostos fenólicos, pela aportação considerável de quercetina-3-4’di-O-glicosídeo. A variedade Earlise apresenta a menor quantidade de compostos fenólicos e também de cianidina-3-O-glicosídeo, o que também se reflete na coloração do próprio extrato. Foi comparada a colheita de 2015 e 2017 da variedade Saco, tendo sido o teor de cianidina-3- O-glicosídeo a principal diferença encontrada, sendo várias vezes superior na colheita de 2017. No Capítulo 2, encontram-se descritas as funções realizadas durante o estágio realizado entre janeiro e abril de 2017, incluindo todas as vicissitudes da prática farmacêutica. Por fim, o Capítulo 3 descreve a experiência obtida a nível de Farmácia Hospitalar, as tarefas do quotidiano e o conhecimento legislativo e normativo adquirido, concluindo assim a presente dissertação.
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Octávia Monteiro Vaz, nos Serviços Farmacêuticos do Hospital Sousa Martins, sob a direção do Dr. Jorge Aperta, bem como o trabalho de investigação desenvolvido no Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (Covilhã), sob a orientação da Professora Doutora Ana Paula Duarte e coorientação da Professora Eugenia Gallardo. O Capítulo 1 descreve o trabalho de investigação realizado. A região do Fundão produz anualmente 7000 toneladas de cereja, o fruto de Prunus avium L.. Este é um importante motor da região, e o seu cultivo e comércio representam uma fração considerável da economia local. Apesar de se cultivarem diversas variedades nesta região, é particularmente conhecida a variedade Saco, uma cereja carnuda, com uma coloração vermelha escura e um sabor adocicado e agradável. Os compostos fenólicos são um conjunto heterogéneo de metabolitos secundários das plantas, altamente diversificado e amplamente distribuído. Na verdade, são responsáveis por diversas características no fruto, nomeadamente o cheiro, cor, sabor e adstringência. A sua importância, porém, vai muito além destas importantes características. Estes compostos são conhecidos por estarem diretamente relacionados com muitas das propriedades promotoras de saúde associadas às cerejas. Múltiplos estudos têm demonstrado o poder antioxidante deste fruto, sendo-lhe atribuídas propriedades anticancerígenas, antimicrobianas, e antiinflamatórias, bem como tendo um efeito protetor a nível cardiovascular e na prevenção e controlo da diabetes. No entanto, e apesar de o valor nutritivo da cereja estar bem definido e estudado, a capacidades destes compostos estarem efetivamente disponíveis para absorção não havia sido estudada previamente. A digestão é um processo fisiologicamente muito agressivo. Os diversos passos que a constituem, seja pela influência química ou enzimática, provocam a detioração de muitos dos compostos existentes, seja a nível farmacológico ou nutricional. O estudo da bioacessibilidade, a fração dum alimento que fica disponível para posterior absorção, e que resiste ao processo digestivo, torna-se necessário para compreender a real extensão da biodisponibilidade, sendo estes estudos indissociáveis. Partindo de amostras de cereja liofilizada foi utilizado um protocolo de extração direcionado para compostos fenólicos, obtendo-se um extrato avermelhado para cada uma das variedades em estudo. Foi desenvolvido e validado um método por cromatografia líquida de alta eficiência acoplado a um detetor de fotodiodos (HPLC-DAD), para a determinação de nove compostos fenólicos. Este método mostrou ser linear no intervalo de concentrações 2-50 µg/mL. Os restantes parâmetros analíticos se situaram dentro dos critérios estabelecidos pelas normas internacionais da Food and Drug Administration. Através dum método digestivo simulado, com quantificação por HPLC-DAD no final de cada passo digestivo, salivar, gástrico e intestinal, foi possível compreender como respondem os compostos selecionados durante a digestão. Verificou-se que a maioria dos compostos fenólicos parece apresentar resistência ao processo digestivo, com exceção dos glicosídeos, nomeadamente a cianidina-3-O-glicosídeo, quercetina-3-4’di-O-glicosídeo e a rutina, um rutinósido da quercetina. Paralelamente, as concentrações de quercetina e epicatequina mostraram aumentos consideráveis. É importante destacar que este é o primeiro trabalho que avalia a bioacessibilidade de compostos fenólicos em cerejas. Por fim, e recorrendo ao mesmo método HPLC-DAD, foi comparado um conjunto de variedades oriundas da região do Fundão, Saco, colheita de 2015 e 2017, Summit, Earlise, Brooks, Sweetheart e Primulat. O estudo realizado permitiu quantificar os compostos fenólicos de cada uma destas variedades, tendo sido encontradas diferenças significativas. A variedade Saco, colheita de 2017, apresenta o maior teor em cianidina-3-O-glicosídeo, sendo esta uma das principais antocianinas das cerejas e grande responsável pela cor característica. No entanto, é a variedade Primulat que apresenta o maior teor de compostos fenólicos, pela aportação considerável de quercetina-3-4’di-O-glicosídeo. A variedade Earlise apresenta a menor quantidade de compostos fenólicos e também de cianidina-3-O-glicosídeo, o que também se reflete na coloração do próprio extrato. Foi comparada a colheita de 2015 e 2017 da variedade Saco, tendo sido o teor de cianidina-3- O-glicosídeo a principal diferença encontrada, sendo várias vezes superior na colheita de 2017. No Capítulo 2, encontram-se descritas as funções realizadas durante o estágio realizado entre janeiro e abril de 2017, incluindo todas as vicissitudes da prática farmacêutica. Por fim, o Capítulo 3 descreve a experiência obtida a nível de Farmácia Hospitalar, as tarefas do quotidiano e o conhecimento legislativo e normativo adquirido, concluindo assim a presente dissertação.The presented dissertation is divided into three chapters, which intended to describe the experience and functions performed during the internship in Community Pharmacy, at Farmácia Moderna, in Tortosendo, under the technical direction of Mrs. Octávia Monteiro Vaz, PharmD; at the Pharmaceutical Services of the Hospital Sousa Martins, with the supervision of Mr. Jorge Aperta, PharmD, as well as the investigation undertook at the Centre of Investigation in Health Sciences at the Faculty of Health Sciences of the University of Beira Interior (Covilhã), uder the guidance of Professors Ana Paula Duarte, PhD and Eugenia Gallardo, PhD. Chapter 1 describes the developed research. The region of Fundão produces annually 7000 metric tons of sweet cherry, the fruit of Prunus avium L.. This is an important engine of the region, and its production and trade represent an important fraction of the local economy. Although there are several cultivars in this region, it’s particularly well know the Saco cultivar, a fleshy, deep red coloured cherry with a sweet and pleasant flavour. Phenolic compounds are a wide and heterogeneous set of secondary metabolites in plants, highly diversified and broadly distributed. In fact, they are responsible for several characteristics in the fruit, namely the smell, colour, flavour and astringency. Its importance, however, goes far beyond these important characteristics. These compounds are known for being directly related with many of the health promoting capabilities associated with sweet cherries. Many studies have shown the antioxidant power of the fruit, being linked to anticancer, antimicrobial and anti-inflammatory capabilities, as well as a protective effect of the cardiovascular system and preventing and controlling diabetes. However, and although the nutritional value of sweet cherry is rather well defined and studied, the possibility of these compounds being effectively available for absorption has not been previously studied. Digestion is a physiologically aggressive process. Its several steps, whether chemically or enzymatically, incite the degradation the many of the available compounds, both in pharmacology and nutrition. The study of bioaccessibility, the fraction of the food that is available for absorption and resists digestion is necessary to understand the real extent of bioavailability, making these studies indissociably intimate. Starting with lyophilized sweet cherry samples, and using a phenolic compound directed extraction protocol, a red extract was obtained for each of the studied cultivars. A high performance liquid chromatography method with a photodiode detector (HPLC-DAD) method was developed and validated to determine nine phenolic compounds. This method was linear between the 2-50 µg/mL. The remaining analytical parameters were within the international criteria defined by the Food and Drug Administration. Through a simulated digestive method, with HPLC-DAD quantification at the end of each step, mouth, gastric and intestinal, it was possible to understand how the selected compounds respond during digestion. We noted that most of the selected phenolics resist the digestive process, except for the glucosides such as cyanidin-3-O-glucoside, quercetin-3-4’-di-Oglucoside and rutin, a quercetin rutinoside. Quercetin and epicatechin concentration showed considerable increases. It’s important to notice that this is the first work that evaluates the bioaccessibility of phenolic compounds in sweet cherries. At last, and using the same HPLC-DAD method, we compared a set of Fundão’s cultivars: Saco, harvest of 2015 and 2017, Summit, Earlise, Brooks, Sweetheart and Primulat. The performed study allowed to quantify the phenolic compounds of these cultivars, and we found significate differences between them. Saco, harvest of 2017, presented the largest content in cyanidin-3-O-glucoside, one of the major anthocyanins in sweet cherries and one of the main responsibles for its colour. However, it’s Primulat who presents the major content in total phenolics, mainly due to the content of quercetin-3-4‘di-O-glucoside. The cultivar with the lest phenolic content is Earlise. We compared Saco’s 2015 and 2017 harvests, and found that the content in cyanidin-3-Oglicoside was several time superior in the 2017 harvest. Chapter 2 describes the obtained experience during the internship that took place between January and April 2017, including all the details of pharmacy practice. At last, Chapter 3 describes the acquired experience in hospital pharmacy, the daily tasks and the legislative and normative knowledge acquired, therefore concluding the present dissertation.Duarte, Ana Paula CoelhoAlba, Maria Eugénia GallardouBibliorumRamos, Rodrigo Carvalho2020-01-15T16:04:05Z2017-10-242017-10-22017-10-24T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/8316TID:202340880porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:48:15Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/8316Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:48:40.623011Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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description presente relatório divide-se em três capítulos que pretendem descrever a experiência e funções desempenhadas durante o estágio em Farmácia Comunitária na Farmácia Moderna, sita na vila de Tortosendo, sob a direção técnica da Dra. Octávia Monteiro Vaz, nos Serviços Farmacêuticos do Hospital Sousa Martins, sob a direção do Dr. Jorge Aperta, bem como o trabalho de investigação desenvolvido no Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (Covilhã), sob a orientação da Professora Doutora Ana Paula Duarte e coorientação da Professora Eugenia Gallardo. O Capítulo 1 descreve o trabalho de investigação realizado. A região do Fundão produz anualmente 7000 toneladas de cereja, o fruto de Prunus avium L.. Este é um importante motor da região, e o seu cultivo e comércio representam uma fração considerável da economia local. Apesar de se cultivarem diversas variedades nesta região, é particularmente conhecida a variedade Saco, uma cereja carnuda, com uma coloração vermelha escura e um sabor adocicado e agradável. Os compostos fenólicos são um conjunto heterogéneo de metabolitos secundários das plantas, altamente diversificado e amplamente distribuído. Na verdade, são responsáveis por diversas características no fruto, nomeadamente o cheiro, cor, sabor e adstringência. A sua importância, porém, vai muito além destas importantes características. Estes compostos são conhecidos por estarem diretamente relacionados com muitas das propriedades promotoras de saúde associadas às cerejas. Múltiplos estudos têm demonstrado o poder antioxidante deste fruto, sendo-lhe atribuídas propriedades anticancerígenas, antimicrobianas, e antiinflamatórias, bem como tendo um efeito protetor a nível cardiovascular e na prevenção e controlo da diabetes. No entanto, e apesar de o valor nutritivo da cereja estar bem definido e estudado, a capacidades destes compostos estarem efetivamente disponíveis para absorção não havia sido estudada previamente. A digestão é um processo fisiologicamente muito agressivo. Os diversos passos que a constituem, seja pela influência química ou enzimática, provocam a detioração de muitos dos compostos existentes, seja a nível farmacológico ou nutricional. O estudo da bioacessibilidade, a fração dum alimento que fica disponível para posterior absorção, e que resiste ao processo digestivo, torna-se necessário para compreender a real extensão da biodisponibilidade, sendo estes estudos indissociáveis. Partindo de amostras de cereja liofilizada foi utilizado um protocolo de extração direcionado para compostos fenólicos, obtendo-se um extrato avermelhado para cada uma das variedades em estudo. Foi desenvolvido e validado um método por cromatografia líquida de alta eficiência acoplado a um detetor de fotodiodos (HPLC-DAD), para a determinação de nove compostos fenólicos. Este método mostrou ser linear no intervalo de concentrações 2-50 µg/mL. Os restantes parâmetros analíticos se situaram dentro dos critérios estabelecidos pelas normas internacionais da Food and Drug Administration. Através dum método digestivo simulado, com quantificação por HPLC-DAD no final de cada passo digestivo, salivar, gástrico e intestinal, foi possível compreender como respondem os compostos selecionados durante a digestão. Verificou-se que a maioria dos compostos fenólicos parece apresentar resistência ao processo digestivo, com exceção dos glicosídeos, nomeadamente a cianidina-3-O-glicosídeo, quercetina-3-4’di-O-glicosídeo e a rutina, um rutinósido da quercetina. Paralelamente, as concentrações de quercetina e epicatequina mostraram aumentos consideráveis. É importante destacar que este é o primeiro trabalho que avalia a bioacessibilidade de compostos fenólicos em cerejas. Por fim, e recorrendo ao mesmo método HPLC-DAD, foi comparado um conjunto de variedades oriundas da região do Fundão, Saco, colheita de 2015 e 2017, Summit, Earlise, Brooks, Sweetheart e Primulat. O estudo realizado permitiu quantificar os compostos fenólicos de cada uma destas variedades, tendo sido encontradas diferenças significativas. A variedade Saco, colheita de 2017, apresenta o maior teor em cianidina-3-O-glicosídeo, sendo esta uma das principais antocianinas das cerejas e grande responsável pela cor característica. No entanto, é a variedade Primulat que apresenta o maior teor de compostos fenólicos, pela aportação considerável de quercetina-3-4’di-O-glicosídeo. A variedade Earlise apresenta a menor quantidade de compostos fenólicos e também de cianidina-3-O-glicosídeo, o que também se reflete na coloração do próprio extrato. Foi comparada a colheita de 2015 e 2017 da variedade Saco, tendo sido o teor de cianidina-3- O-glicosídeo a principal diferença encontrada, sendo várias vezes superior na colheita de 2017. No Capítulo 2, encontram-se descritas as funções realizadas durante o estágio realizado entre janeiro e abril de 2017, incluindo todas as vicissitudes da prática farmacêutica. Por fim, o Capítulo 3 descreve a experiência obtida a nível de Farmácia Hospitalar, as tarefas do quotidiano e o conhecimento legislativo e normativo adquirido, concluindo assim a presente dissertação.
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