Avaliação da suscetibilidade a antibióticos de isolados ambientais de Legionella spp. identificados em Portugal

• Autor(a) principal: BERNARDINO, Carolina da Cruz
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/159183
• topic: Microbiologia médica; Doença dos legionários; Legionella; Ambiental; Padrões de suscetibilidade; Resistência a antibióticos; Domínio/Área Científica::Ciências Médicas

A Doença dos Legionários é uma pneumonia causada por bactérias do género Legionella das quais se destaca Legionella pneumophila. Estas bactérias são ubíquas em sistemas aquáticos naturais e artificiais sendo que a infeção é adquirida através de aerossóis disseminado a partir de uma fonte contaminada . Dado que vários casos de resistência têm sido reportados e que os isolados portugueses ambientais de Legionella estão fracamente caracterizados, o objetivo deste estudo foi descrever os padrões de suscetibilidade destes, bem como avaliar a presença de mecanismos de resistência aos principais antibióticos usados no tratamento desta patologia, estudar o comportamento de estirpes resistentes na ausência de pressão seletiva de antibióticos e determinar a influência que concentrações sub-inibitórias, alcançáveis em ecossistemas, naturais poderão ter no desenvolvimento de resistências. Os padrões de suscetibilidade de 57 isolados ambientais de Legionella foram caracterizados através do método de microdiluição em meio líquido para os antibióticos azitromicina, claritromicina, ciprofloxacina, levofloxacina e doxiciclina. A presença de mecanismos de resistência foi determinada através da amplificação por PCR dos genes lpeAB, tet56 e gyrA. Para analisar o comportamento de estirpes resistentes, previamente produzidas em laboratório no decurso do presente estudo, estas foram passadas na ausência de qualquer antibiótico. Para avaliar a influência dos antibióticos em concentrações sub-inibitórias, duas estirpes foram passadas sucessivamente durante, no máximo 20 passagens à concentração mínima seletiva. A distribuição de MICs é similar ao descrito na literatura apesar de os valores obtidos superarem a distribuição de referência do EUCAST. As fluoroquinolonas obtiveram as menores MICs, seguidas pela claritromicina e a azitromicina, que apresentou valores relativamente elevados. A doxiciclina foi o antibiótico que apresentou as MICs mais elevadas. Durante este estudo foram detetados dois isolados, IST2 e IST24, que apresentaram resistência às duas fluoroquinolonas, o isolado IST24 apresentou ainda resistência a todos os antibióticos estudados. As MIC elevadas para azitromicina são explicadas pela ampla presença do gene lpeAB, reportado em 59% dos isolados cujas MIC superou os valores de referência do EUCAST. O gene tet56 foi detetado pela primeira vez numa L. anisa. A análise das regiões relevantes do gene gyrA não revelou nenhuma mutação que fosse responsável pela resistência dos isolados IST2 e IST24. Observou-se que as estirpes resistentes desenvolvidas durante o estudo tendem a não reverter na totalidade para o fenótipo suscetível uma vez retirada a pressão seletiva do antibiótico, uma das duas estirpes demonstrou perda incompleta de resistência para apenas um dos dois antibióticos estudados. Relativamente à influência exercida pelas concentrações sub inibitórias de antibióticos, os ensaios revelaram que das duas das estirpes uma desenvolveu um MICs 32x e 64x vezes superiores aos valores iniciais, à azitromicina e levofloxacina, respetivamente. Os nossos resultados revelam a existência de Legionella ambientais resistentes e multirresistentes, tornando imperativo a monitorização dos padrões de suscetibilidade e ao rápido estabelecimento de um método de teste gold standard, bem como de valores de referência para os ECOFFs.