Traduzir a gastronomia: análise das ementas da corte portuguesa, do final do século XIX até à implantação da República

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Louchet, Chantal Marie Joelle
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/9107
Resumo: Este trabalho surgiu de uma vontade de voltar a dar à cultura portuguesa uma parte da sua história na sua própria língua visto as ementas da corte serem redigidas em francês no final do século XIX. De igual forma, a riqueza da linguagem culinária usada na construção das ementas, com todas as suas especificidades próprias da época e da cultura gastronómica do seculo XIX, foi um elemento determinante na escolha deste trabalho. É de realçar o aspeto da reversão para língua portuguesa de todo um habitus cultural entretanto desaparecido. Os textos de partida são escritos na língua francesa, o francês sendo na altura a “langue reine des menus historiques”1 na aristocracia europeia. Vem-nos logo à mente a seguinte pergunta: «Porque é que as ementas da corte portuguesa eram redigidas numa outra língua que não a língua vernácula?» Como o mencionou Jean-Pierre Poulain2, a gastronomia francesa teve essa capacidade de se impor como modelo às elites de outros espaços culturais. É interessante perceber a razão da minha escolha pois não se trata apenas de um trabalho de tradução, mas também da clarificação de toda uma parte cultural visível nas ementas. A ementa pode ser interpretada como um testemunho da vida da corte, um testemunho cultural, social e politico dessa época, da mesma forma que é um importante testemunho artístico, devido à sua estética própria, fazendo parte integrante da nossa memória coletiva. A história da ementa é bem mais complexa do que poderia parecer. Este objeto, colocado em cima da mesa - a ementa -, é uma invenção do seculo XIX com a passagem do “service à la française” para o “service à la russe”. Sendo indicador e um primeiro contato antecipado dos prazeres gastronómicos, é um instrumento-chave no estudo da história culinária e da sua evolução, da etiqueta e das relações sociais num determinado espaço temporal; ### ABSTRACT This work arose from a desire to give back to the Portuguese culture a part of their story in their own language because the menus are written in the French court in the late nineteenth century. Similarly, the culinary richness of language used in the construction of menus, with all its specificities of time and gastronomic culture of the nineteenth century, was an element of choice especially motivating this work. Noteworthy is the aspect of reversion to an all Portuguese cultural habitus however disappeared. Thus, the source texts are written in the French language, French is the time to "langue reine des menus historiques"3 in European aristocracy. It comes to our mind the following question: "Why do the menus of the Portuguese court were drafted in a language other than the vernacular?" As mentioned Jean-Pierre Poulain4, a French cuisine had this ability to impose as a model the elites of other cultural spaces. It is interesting to note the reason for my choice, is not only a work of translation itself but also the clarification of a whole that transcends cultural part on menus. The menu can be interpreted as a testimony of court life, a cultural, social and political testimony, this time, as an important artistic testimony due to his own aesthetic, an integral part of our collective memory. The story of the menu is far more complex than it might seem. This object placed on the table that is the menu - the invention of the nineteenth century with the passing of "service à la française" to "service à la russe". First contact and early indicator of gastronomic pleasures followed, is a key instrument in the study of culinary history and its evolution, label and social relations in a given timeframe.
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