O Impacto da Pandemia COVID-19 na Saúde Mental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rocha, Susana Raquel Costa da
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/11386
Resumo: Introdução: A pandemia da COVID-19 pode ser considerada a maior emergência em Saúde Pública que a comunidade internacional enfrentou nas últimas décadas. Para além das implicações físicas da doença, tem trazido graves consequências sociais, económicas e para a saúde e bem-estar mental dos indivíduos. Objetivos: Com a presente revisão da literatura pretende-se clarificar o impacto da pandemia da COVID-19 na saúde mental global. Para tal, daremos a conhecer os principais resultados e conclusões dos estudos publicados sobre o impacto da pandemia na saúde mental e de algumas medidas adotadas para a controlar, bem como os fatores, protetores e de risco, que mais foram associados a esta relação. Metodologia: Uma revisão sistemática da literatura foi realizada a partir das seguintes bases de dados: PubMed, Medline, Embase, Scopus e Web of Science. Os termos que se seguem foram usados em diferentes combinações e permutações: COVID-19; SARS-CoV-2; saúde mental; perturbação mental; psiquiatria; psicologia; público em geral e profissionais de saúde. Apenas artigos em inglês e português foram considerados. Um total de 22 estudos foram incluídos. Destes, 10 avaliaram o impacto psicológico da pandemia no público em geral e 12 nos profissionais de saúde. Todos os estudos seguiram um desenho transversal. Resultados: Incidências relativamente altas de perturbações mentais foram obtidas pela maioria dos estudos sobre o impacto da pandemia na saúde mental. Sintomas de ansiedade, sintomas de depressão, stress e distress psicológico, insónia, sintomas de Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) e burnout foram os achados psicológicos mais comuns. Estas incidências são significativamente superiores às encontradas em estudos realizados antes da pandemia. O sexo feminino, os grupos etários mais jovens (=40 anos), aqueles em desvantagem socioeconómica ou indivíduos com comorbilidades, doenças crónicas e/ou aqueles com história prévia ou atual de doença mental são particularmente vulneráveis aos efeitos psicológicos da pandemia. Além disso, profissionais de saúde, em especial, médicos e enfermeiros de primeira linha no combate à COVID-19, também apresentam piores desfechos mentais. Contrariamente, indivíduos do sexo masculino, aqueles com mais de quarenta anos de idade ou, no caso dos prestadores de cuidados de saúde, com mais anos de experiência laboral foram consistentemente associados a melhores resultados psicológicos. Discussão e Conclusões: A generalidade dos estudos indica que a pandemia da COVID-19 tem tido um forte impacto na saúde mental. As incidências de problemas psicológicas são elevadas e, substancialmente, mais altas do que as obtidas em estudos realizados antes da pandemia. As mulheres, os inquiridos com menos de quarenta anos de idade, os desempregados e aqueles com menos rendimentos são quem mais frequentemente apresenta sintomas de ansiedade, sintomas de depressão, stress e distress psicológico, insónia, sintomas de PTSD. Em relação à população em geral, nos profissionais de saúde essas incidências são ainda mais elevadas, sendo os mais afetados aqueles que tratam pacientes com a COVID-19. É também neste grupo de profissionais de saúde que os níveis de burnout são mais elevados. Estudos que avaliem os resultados psicológicos da pandemia, a longo-prazo, são necessários. Autoridades de saúde e governos deverão formular estratégias com vista à promoção da saúde e bem-estar psicossocial. Tais estratégias deverão ser dirigidas a grupos mais vulneráveis, garantindo o apoio na gestão de respostas psicológicas e comportamentais adequadas a este desafio e o tratamento efetivo dos casos mais graves.
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Metodologia: Uma revisão sistemática da literatura foi realizada a partir das seguintes bases de dados: PubMed, Medline, Embase, Scopus e Web of Science. Os termos que se seguem foram usados em diferentes combinações e permutações: COVID-19; SARS-CoV-2; saúde mental; perturbação mental; psiquiatria; psicologia; público em geral e profissionais de saúde. Apenas artigos em inglês e português foram considerados. Um total de 22 estudos foram incluídos. Destes, 10 avaliaram o impacto psicológico da pandemia no público em geral e 12 nos profissionais de saúde. Todos os estudos seguiram um desenho transversal. Resultados: Incidências relativamente altas de perturbações mentais foram obtidas pela maioria dos estudos sobre o impacto da pandemia na saúde mental. Sintomas de ansiedade, sintomas de depressão, stress e distress psicológico, insónia, sintomas de Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) e burnout foram os achados psicológicos mais comuns. Estas incidências são significativamente superiores às encontradas em estudos realizados antes da pandemia. O sexo feminino, os grupos etários mais jovens (=40 anos), aqueles em desvantagem socioeconómica ou indivíduos com comorbilidades, doenças crónicas e/ou aqueles com história prévia ou atual de doença mental são particularmente vulneráveis aos efeitos psicológicos da pandemia. Além disso, profissionais de saúde, em especial, médicos e enfermeiros de primeira linha no combate à COVID-19, também apresentam piores desfechos mentais. Contrariamente, indivíduos do sexo masculino, aqueles com mais de quarenta anos de idade ou, no caso dos prestadores de cuidados de saúde, com mais anos de experiência laboral foram consistentemente associados a melhores resultados psicológicos. Discussão e Conclusões: A generalidade dos estudos indica que a pandemia da COVID-19 tem tido um forte impacto na saúde mental. As incidências de problemas psicológicas são elevadas e, substancialmente, mais altas do que as obtidas em estudos realizados antes da pandemia. As mulheres, os inquiridos com menos de quarenta anos de idade, os desempregados e aqueles com menos rendimentos são quem mais frequentemente apresenta sintomas de ansiedade, sintomas de depressão, stress e distress psicológico, insónia, sintomas de PTSD. Em relação à população em geral, nos profissionais de saúde essas incidências são ainda mais elevadas, sendo os mais afetados aqueles que tratam pacientes com a COVID-19. É também neste grupo de profissionais de saúde que os níveis de burnout são mais elevados. Estudos que avaliem os resultados psicológicos da pandemia, a longo-prazo, são necessários. Autoridades de saúde e governos deverão formular estratégias com vista à promoção da saúde e bem-estar psicossocial. Tais estratégias deverão ser dirigidas a grupos mais vulneráveis, garantindo o apoio na gestão de respostas psicológicas e comportamentais adequadas a este desafio e o tratamento efetivo dos casos mais graves.Introduction: The COVID-19 pandemic can be considered the most significant Public Health emergency that the international community has faced in recent decades. In addition to the physical implications of the disease, it has brought severe social, economic, and health consequences to individuals' mental health and well-being. Objectives: The present literature review is intended to clarify the impact of the COVID-19 pandemic on global mental health. To this end, we will make known the main results and conclusions of published studies on the impact of the pandemic on mental health and some measures adopted to control it and the factors, protective and risk, which were most associated with this relationship. Methodology: A systematic review of the literature was carried out from the following databases: PubMed, Medline, Embase, Scopus and Web of Science. The following terms were used in different combinations and permutations: COVID-19; SARS-CoV-2; mental health; mental disorder; psychiatry; psychology; general public and health professionals. Only articles in English and Portuguese were considered. A total of 22 studies were included. Of these, 10 assessed the psychological impact of the pandemic on the general public and 12 on health professionals. All studies followed a cross-sectional design. Results: Relatively high incidences of mental disorders have been obtained by most studies on the impact of the pandemic on mental health. Anxiety symptoms, symptoms of depression, stress and psychological distress, insomnia, Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) symptoms and burnout were the most common psychological findings. These incidences are significantly higher than those found in studies carried out before the pandemic. Females, younger age groups (=40 years), those at a socio-economic disadvantage or individuals with comorbidities, chronic illnesses and/or those with a previous or current history of mental illness are particularly vulnerable to the psychological effects of the pandemic. In addition, health professionals, especially first-rate doctors and nurses in the fight against COVID-19, also have worse mental outcomes. Conversely, male individuals, those over forty years of age or, in the case of health care providers, with more years of work experience were consistently associated with better psychological results. Discussion and Conclusions: Most studies indicate that the COVID-19 pandemic has had a strong impact on mental health. The incidences of psychological problems are high and substantially higher than those obtained in studies carried out before the pandemic. Women, respondents under the age of forty, the unemployed and those on the lowest income are those who most often experience symptoms of anxiety, symptoms of depression, stress and psychological distress, insomnia, symptoms of PTSD. In relation to the general population, in health professionals these incidences are even higher, with those who treat patients with COVID-19 being the most affected. It is also in this group of health professionals that the levels of burnout are highest. Studies that assess the long-term psychological results of the pandemic are needed. Health authorities and governments should formulate strategies to promote psychosocial health and well-being. Such strategies should be aimed at the most vulnerable groups, guaranteeing support in the management of psychological and behavioral responses appropriate to this challenge and the effective treatment of the most serious cases.Vitória, Paulo dos Santos DuarteuBibliorumRocha, Susana Raquel Costa da2021-12-02T14:32:57Z2021-07-202021-05-052021-07-20T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/11386TID:202789942porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:53:50Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/11386Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:51:11.581300Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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