O feminino na obra de Uanhenga Xitu

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ramos, Marilúcia Mendes
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.22/2862
Resumo: Interessa-nos para este artigo perscrutar as representações da vida social em narrativas do escritor angolano Uanhenga Xitu, mormente no que diz respeito à personagem feminina e ao papel da mulher nas sociedades tradicionais angolanas. Nas narrativas cujas ações se passam no interior de Angola, as representações sociais da mulher revelam um modus vivendi diferenciado daquele experimentado por mulheres que migram para a capital, Luanda, espaço em que a noção de vida comunitária, tão significativa nas sociedades tradicionais, perde seu significado. Os trabalhos lá executados, por exemplo, serão em favor do colono, como os dos empregados domésticos, e não para a coletividade. Já nos espaços interiores, mais distantes da mão pesada do colonizador, as representações da vida social dos angolanos são mais expressivas e essa diferenciação revela que a migração do campo para a cidade, no caso de um país dominado pela colonização, metaforiza o abandono de um tipo de (con)vivência social em favor de outro. Como a política colonial portuguesa foi assimilacionista, essa migração será sinônimo de busca de adesão ao modus vivendi do outro, muitas vezes para sofrer menos os efeitos da dominação. Para essa discussão, não é por livre escolha que se tratará das personagens femininas na obra de Xitu, posto que as mulheres em seus textos ganham vez e voz para a expressão do proprium angolano, como se o autor as quisesse homenagear em sinal do reconhecimento de sua importância na construção e preservação da memória, que é capaz de criar laços identitários entre as milenares gerações passadas e as futuras, como esboçaremos (Esta reflexão teve origem no estudo desenvolvido no doutoramento, intitulado Entre dois contares: o espaço da tradição na escrita de Uanhenga Xitu, defendida em 1996 na FFLCH-USP, e orientada pela Dra. Maria Aparecida Santilli, falecida em março de 2008).
id RCAP_e2d00e14fda804eaceb0f6aac92b2466
oai_identifier_str oai:recipp.ipp.pt:10400.22/2862
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling O feminino na obra de Uanhenga XituIdentidadeUanhenga XituPersonagem femininaLiteratura angolanaMemóriaIdentityMemoryFeminine characterAngolan literatureInteressa-nos para este artigo perscrutar as representações da vida social em narrativas do escritor angolano Uanhenga Xitu, mormente no que diz respeito à personagem feminina e ao papel da mulher nas sociedades tradicionais angolanas. Nas narrativas cujas ações se passam no interior de Angola, as representações sociais da mulher revelam um modus vivendi diferenciado daquele experimentado por mulheres que migram para a capital, Luanda, espaço em que a noção de vida comunitária, tão significativa nas sociedades tradicionais, perde seu significado. Os trabalhos lá executados, por exemplo, serão em favor do colono, como os dos empregados domésticos, e não para a coletividade. Já nos espaços interiores, mais distantes da mão pesada do colonizador, as representações da vida social dos angolanos são mais expressivas e essa diferenciação revela que a migração do campo para a cidade, no caso de um país dominado pela colonização, metaforiza o abandono de um tipo de (con)vivência social em favor de outro. Como a política colonial portuguesa foi assimilacionista, essa migração será sinônimo de busca de adesão ao modus vivendi do outro, muitas vezes para sofrer menos os efeitos da dominação. Para essa discussão, não é por livre escolha que se tratará das personagens femininas na obra de Xitu, posto que as mulheres em seus textos ganham vez e voz para a expressão do proprium angolano, como se o autor as quisesse homenagear em sinal do reconhecimento de sua importância na construção e preservação da memória, que é capaz de criar laços identitários entre as milenares gerações passadas e as futuras, como esboçaremos (Esta reflexão teve origem no estudo desenvolvido no doutoramento, intitulado Entre dois contares: o espaço da tradição na escrita de Uanhenga Xitu, defendida em 1996 na FFLCH-USP, e orientada pela Dra. Maria Aparecida Santilli, falecida em março de 2008).In this article, we are interested in the representations of social life in the narratives of the Angolan writer Uanhenga Xitu, mainly in his concern with the feminine character and the feminine role in the traditional Angolan societies. In these narratives, which take place in Angola, the social representations of the woman reveal a ―modus vivendi‖ that is different from those women who migrate to the capital, Luanda, a place where the notion of a life in community, so meaningful in the traditional societies, has lost its meaning. There, the work is done to favor the colonist and not the whole community. On the other hand, in the spaces of the countryside, which are far from the colonizer‘s stern hand, the representations of the Angolan social life are more expressive and this difference reveals that the migration from the country-side to the capital, in the case of a country driven by colonization, represents, as in a metaphor, the abandonment of a kind of social living in the terms of the another. Because Portugal‘s colonization process was assimilationist, this migration will mean an adherence to the ―modus vivendi‖ of the other, in many ways an effort to do not suffer so much the impacts of the domination. It is no wonder that Xitu‘s feminine characters were chosen in this discussion; in his texts, these women are given voice to express the Angolan ―proprium‖, as if the writer wanted to recognize and acknowledge their contribution in the construction and preservation of the memory, which is able to create identity links, among as many generations, both from the past and the future, as it will be shown here (The reflections presented in this paper are the result of my doctorate studies, called ―Entre dois contares: o espaço da tradição na escrita de Uanhenga Xitu‖, presented at FFLCH-USP in 1996 and under the supervision of Dra. Maria Aparecida Santilli, who died in March 2008).Instituto Politécnico do Porto. Instituto Superior de Contabilidade e Administração do PortoRepositório Científico do Instituto Politécnico do PortoRamos, Marilúcia Mendes2013-11-18T10:35:08Z20082008-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.22/2862por1645-193710.34630/polissema.vi8.3291info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-13T12:42:27Zoai:recipp.ipp.pt:10400.22/2862Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:23:52.672288Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv O feminino na obra de Uanhenga Xitu
title O feminino na obra de Uanhenga Xitu
spellingShingle O feminino na obra de Uanhenga Xitu
Ramos, Marilúcia Mendes
Identidade
Uanhenga Xitu
Personagem feminina
Literatura angolana
Memória
Identity
Memory
Feminine character
Angolan literature
title_short O feminino na obra de Uanhenga Xitu
title_full O feminino na obra de Uanhenga Xitu
title_fullStr O feminino na obra de Uanhenga Xitu
title_full_unstemmed O feminino na obra de Uanhenga Xitu
title_sort O feminino na obra de Uanhenga Xitu
author Ramos, Marilúcia Mendes
author_facet Ramos, Marilúcia Mendes
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Repositório Científico do Instituto Politécnico do Porto
dc.contributor.author.fl_str_mv Ramos, Marilúcia Mendes
dc.subject.por.fl_str_mv Identidade
Uanhenga Xitu
Personagem feminina
Literatura angolana
Memória
Identity
Memory
Feminine character
Angolan literature
topic Identidade
Uanhenga Xitu
Personagem feminina
Literatura angolana
Memória
Identity
Memory
Feminine character
Angolan literature
description Interessa-nos para este artigo perscrutar as representações da vida social em narrativas do escritor angolano Uanhenga Xitu, mormente no que diz respeito à personagem feminina e ao papel da mulher nas sociedades tradicionais angolanas. Nas narrativas cujas ações se passam no interior de Angola, as representações sociais da mulher revelam um modus vivendi diferenciado daquele experimentado por mulheres que migram para a capital, Luanda, espaço em que a noção de vida comunitária, tão significativa nas sociedades tradicionais, perde seu significado. Os trabalhos lá executados, por exemplo, serão em favor do colono, como os dos empregados domésticos, e não para a coletividade. Já nos espaços interiores, mais distantes da mão pesada do colonizador, as representações da vida social dos angolanos são mais expressivas e essa diferenciação revela que a migração do campo para a cidade, no caso de um país dominado pela colonização, metaforiza o abandono de um tipo de (con)vivência social em favor de outro. Como a política colonial portuguesa foi assimilacionista, essa migração será sinônimo de busca de adesão ao modus vivendi do outro, muitas vezes para sofrer menos os efeitos da dominação. Para essa discussão, não é por livre escolha que se tratará das personagens femininas na obra de Xitu, posto que as mulheres em seus textos ganham vez e voz para a expressão do proprium angolano, como se o autor as quisesse homenagear em sinal do reconhecimento de sua importância na construção e preservação da memória, que é capaz de criar laços identitários entre as milenares gerações passadas e as futuras, como esboçaremos (Esta reflexão teve origem no estudo desenvolvido no doutoramento, intitulado Entre dois contares: o espaço da tradição na escrita de Uanhenga Xitu, defendida em 1996 na FFLCH-USP, e orientada pela Dra. Maria Aparecida Santilli, falecida em março de 2008).
publishDate 2008
dc.date.none.fl_str_mv 2008
2008-01-01T00:00:00Z
2013-11-18T10:35:08Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.22/2862
url http://hdl.handle.net/10400.22/2862
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 1645-1937
10.34630/polissema.vi8.3291
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Instituto Politécnico do Porto. Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto
publisher.none.fl_str_mv Instituto Politécnico do Porto. Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799131333919768576