Heuristics : smart and frugal but also biased

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Catarino, Mafalda
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/47372
Resumo: Dissertação de Mestrado, Psicologia (Área de Especialização em Cognição Social Aplicada), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2020
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spelling Heuristics : smart and frugal but also biasedHeurísticasIntuiçãoSilogismoTeses de mestrado - 2020Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::PsicologiaDissertação de Mestrado, Psicologia (Área de Especialização em Cognição Social Aplicada), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2020When it comes to decision-making under uncertainty, there is a well-known confrontation between two approaches: Kahneman and Tversky’s Heuristics and Biases and Gigerenzer’s Fast and Frugal Heuristics. Even though both approaches defend that heuristics correspond to intuitive processes, one postulates systematic and characteristic heuristic-based errors that are costly for individuals and the other refers that heuristics mostly lead to accurate judgments. This present work addresses this apparent paradox: “how can human intuition be simultaneously right and wrong?” by putting together in the same study judgment tasks coming from each theorical approach. One hundred and twenty participants responded to problems presenting a conflict between intuitive (heuristic-based) and deliberate answers (CRT, syllogisms and semantic illusions), commonly used by the heuristics and biases approach; and to a pairwise comparisons task, typically used to study the recognition heuristic by the Fast and Frugal approach. Furthermore, we manipulated instructions to be rational versus intuitive, in order to affect participants’ reliance on intuition. Results show that rational instructions increased performance to conflict problems (i.e., lead to reduced reliance on heuristic-based intuitions) and increased the use of the recognition heuristic. These results defy the view that all heuristics stem from the same intuitive, largely autonomous processes, and suggest that the recognition heuristic also involves a more deliberate type of processing. Limitations and follow up studies are discussed.De entre várias abordagens e autores que se dedicaram ao estudo da tomada de decisão em situações de incerteza, existem duas que receberam uma atenção sistemática e consistente: a investigação em Heurísticas e Vieses iniciada por Kanhneman e Tversky (e.g., Gilovich, et al., 2002; Kahneman, et al., 1982; Tversky & Kahneman, 1974) e a investigação em heurísticas rápidas e frugais de Gigerenzer e colaboradores (e.g., Gigerenzer, 1991, 2004; Gigerenzer, et al., 1999; Goldstein & Gigerenzer, 2002). Estas abordagens concordam que o julgamento e tomada de decisão dependem bastante das heurísticas. Ou seja, baseia-se frequentemente em atalhos cognitivos ou formas simplificadas de fazer julgamentos e tomar decisões. Para além disso, concordam que a) as heurísticas não só são formas simplificadas de tomar decisões como também são qualitativamente diferentes dos modelos normativos de julgamento e decisão; b) as heurísticas correspondem à intuição humana, produzindo respostas que surgem na mente sem se ter acesso consciente aos processos psicológicos subjacentes (sendo que o Tversky e Kanhneman (1974) lhes chama “natural assessments” enquanto que Gigerenzer lhes chama “gut feelings”); c) as heurísticas têm uma natureza não compensatória, ou seja ignoram parte da informação disponível no ambiente; d) as heurísticas funcionam por substituição – veja-se, por exemplo, os casos das heurísticas do reconhecimento (Gigerenzer & Goldstein, 1996; 2002) e da disponibilidade (Tversky & Kanhneman, 1973). no caso da heurística do reconhecimento, a pergunta “qual das duas cidades tem mais habitantes” é substituída por “qual das cidades é reconhecida”, se uma das cidades for reconhecida e a outra não, conclui-se que a primeira é a que tem mais habitantes. No caso da heurística da disponibilidade, a probabilidade ou frequência de ocorrência de exemplares (eventos) de uma determinada categoria é substituída pela facilidade com que se consegue recuperar da memória exemplares dessa categoria; e) finalmente, ambas as abordagens, consideram que as heurísticas são ecologicamente validas (i.e., exploram de forma eficaz a estrutura do ambiente na qual a tomada de decisão acontece). No entanto, as heurísticas são, por definição, suscetíveis a erros. As duas abordagens divergem principalmente na importância que dão a estes erros. De acordo com o programa de investigação em heurísticas e vieses, estes erros são comuns e prejudiciais tanto para os indivíduos como para a sociedade. Assim, a sensibilização para a existência destes erros e para o desenvolvimento de estratégias mais deliberadas de julgamento e decisão que permitam reduzir a sua frequência, é vista como crucial por este programa. De acordo com a abordagem das heurísticas rápidas e frugais, os erros que advêm do uso de heurísticas são mais raros, menos graves e mais ilusórios do que reais, no sentido em que muitas vezes resultam de tarefas de raciocínio criadas propositadamente (pelo programa de investigação em heurísticas e vieses) para levar as pessoas a darem erros, não tendo propriamente ligação com a tomada de decisão do dia-a-dia. A investigação tem mostrado que os erros decorrentes das heurísticas propostas pelas abordagem de Kanhneman e Tversky ocorrem também nas decisões tomadas no dia-a-dia (e.g., Toplak et al., 2017). No entanto, quando os participantes estão a responder a tarefas mais características da abordagem das heurísticas rápidas e frugais (i.e., Gigerenzer & Goldstein, 1996), as respostas baseadas heurísticas são frequentemente bastante precisas. No caso da heurística do reconhecimento, a validade estimada é de 80% (Czerlinski et al., 1999). Em suma, as heurísticas referem-se ao julgamento intuitivo humano e este parece ser simultaneamente “bom” e “mau”, dependendo da abordagem teórica adotada! Curiosamente, não existe investigação que, num mesmo estudo, inclua tarefas tradicionais de ambas as abordagens e assim permita um teste mais direto desta aparente contradição. A minha tese procura colmatar este lapso na literatura. Para isso, na experiência aqui reportada, cento e vinte participantes responderam a tarefas caraterísticas da abordagem de heurísticas e vieses: CRT (cognitive reflection test, Frederick, 2005), ilusões semânticas (e.g., Erickson & Mattson, 1981; Mata, et al., 2013; Park & Reder, 2004) e silogismos (e.g., De Neys & Franssens, 2009; Evans et al., 1983;). Em todos estes problemas, existe uma resposta intuitiva e psicologicamente apelativa, mas errada (baseada em heurísticas), em oposição a uma resposta mais deliberada que está estatística ou logicamente correta. Ademais, os mesmos participantes realizaram uma tarefa de comparação de pares de cidades em que tinham de escolher, em cada par, qual das cidades era maior (uma tarefa tipicamente usada para estudar a heurística do reconhecimento). Assumindo que ambas as tarefas (de ambas as abordagens) capturam de forma equivalente a noção de intuição, avançamos uma primeira hipótese: quanto mais os participantes dependerem da sua intuição, pior será o seu desempenho nas tarefas de raciocínio e melhor será o desempenho na tarefa de comparação de objetos. O padrão inverso será de esperar quanto mais os participantes evitarem usar a sua intuição e, em vez disso, responderem com base em raciocínio ou processamento deliberado. Por outro lado, pode ser que os participantes sejam capazes de regular a forma como tomam decisões, o que nos leva a uma segunda hipótese: os participantes baseiam-se na intuição quando esta é uma forma válida de tomar decisões (i.e., baseiam-se na heurística do reconhecimento na tarefa de comparação de pares) e evitam usá-la caso contrário (i.e., inibem as respostas heurísticas nos restantes problemas de raciocínio). Para melhor explorar estas hipóteses, manipulámos também as instruções. Os participantes foram convidados a pensar de uma forma mais deliberativa ou, pelo contrário, a dar a primeira resposta que lhes ocorria (i.e., resposta intuitiva). De acordo com a primeira hipótese acima referida, as instruções para ser mais racional deveriam reduzir o uso de heurísticas. Ou seja, reduzir os erros dados pelos participantes nos problemas de raciocínio e reduzir o uso do reconhecimento na tarefa de comparação de pares. Em contraste, de acordo com a segunda hipótese, pode ser que as instruções para os participantes serem mais racionais faça com que estes consigam controlar melhor a sua intuição, não a usando nos problemas de conflito (tarefas de raciocínio) e dependendo dela na tarefa de comparação de pares. Instruções para deliberar e responder de forma racional levaram a melhor desempenho global comparativamente a instruções para responder com base na intuição. Para além disto, estas instruções levaram a um maior uso da heurística do reconhecimento. Ou seja, parece que participantes induzidos a adotar um “settting” mental mais racional controlaram melhor a sua intuição, usando menos as heurísticas na presença de conflito entre intuição e razão (tarefas de raciocínio) e mais na tarefa de comparação de pares. Os nossos resultados parecem estar alinhados com a posição de Gigerenzer (2008) de acordo com a qual, diferenças de aptidão cognitiva (no nosso caso meramente instruções para usar mais ou menos tais aptidões) estão mais “ligadas à seleção adaptativa da resposta heurística e menos à execução da heurística” (Gigerenzer, 2008, p. 21). Por outro lado, do ponto de vista das teorias dualistas de julgamento e decisão (e.g., Evans & Stanovich, 2013) os nossos resultados podem ser lidos como sugerindo que a heurística do reconhecimento não se baseia inteiramente em processamento autónomo, Tipo 1, mas envolve também processamento mais deliberado, Tipo 2. Kanhneman e Frederick (2002) já tinham posto esta possibilidade, defendendo que esta heurística, poderia envolver uma componente estratégica deliberada. Com efeito, caso a heurística do reconhecimento funcionasse puramente com base em “gut-feelings” instruções para ser racional e inibir as intuições deveriam ter interferido com (e talvez não reforçado) o seu uso.Ferreira, Mário Augusto Boto, 1967-Repositório da Universidade de LisboaCatarino, Mafalda2021-04-13T10:02:33Z20202020-10-012020-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/47372TID:202694550enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:50:14Zoai:repositorio.ul.pt:10451/47372Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:59:25.867084Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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