António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte Barroca

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Lúcio Craveiro da
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://revistas.uminho.pt/index.php/forum/article/view/3285
Resumo: Um trecho muito interessante da Hístória do Futuro do Padre António Vieira é a análise que ele desenvolve no «Capítulo VII do Livro Primeiro» sobre a situação política, militar, económica, artística e de algum modo até sociológica de Portugal nos 25 anos seguintes a 1640. Este capítulo é originariamente dirigido aos espanhóis ou castelhanos pois ele declara no inicio: «A lição desta História pode ser igualmente útil e proveitosa aos inimigos, se, deixada a dissonância e escândalo deste nome. quiserem antes ser companheiros de nossas felicidades, que padecê-las dobradamente na dor e inveja dos émulos.Lerão aqui nossos vizinhos e confinantes (que muito a pesar meu sou forçado alguma vez a lhes chamar inimigos, havendo tantas razões, ainda da mesma natureza, para o não serem), lerão aqui com boa conjectura as promessas e decretos divinos, provada a verdade dos futuros com a experiência dos passados»'· Vieira ao mencionar «as promessas e decretos divinos» evoca naturalmente o Bandarra, S. Frei Gil e outras profecias mas sobretudo a aludida aparição de Cristo a D. Afonso Henriques, lenda persistente que só desapareceu definitivamente da nossa narrativa no século XIX com as investigações históricas de Alexandre Herculano. Mas de facto essas lendas, então tomadas a sério, muito contribuíram para a generalizada aceitação da nossa independência, aquém e além-mar, proclamada pelos quarenta fidalgos em Lisboa. Aliás esta mesma moda de lendas proféticas igualmente invadia a literatura castelhana contra Portugal e Vieira, no capítulo VIII, ao refutá-las, escreve: «De maneira que quando as profecias de Portugal profetizam que Portugal se há-de juntar a Castela, são profecias; e quando as profecias profetizam que Portugal se há-de tornar a separar de Castela e se há-de restituir à liberdade, não são profecias!".
id RCAP_f9018516094292b1c36fa65684ddf706
oai_identifier_str oai:journals.uminho.pt:article/3285
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte BarrocaUm trecho muito interessante da Hístória do Futuro do Padre António Vieira é a análise que ele desenvolve no «Capítulo VII do Livro Primeiro» sobre a situação política, militar, económica, artística e de algum modo até sociológica de Portugal nos 25 anos seguintes a 1640. Este capítulo é originariamente dirigido aos espanhóis ou castelhanos pois ele declara no inicio: «A lição desta História pode ser igualmente útil e proveitosa aos inimigos, se, deixada a dissonância e escândalo deste nome. quiserem antes ser companheiros de nossas felicidades, que padecê-las dobradamente na dor e inveja dos émulos.Lerão aqui nossos vizinhos e confinantes (que muito a pesar meu sou forçado alguma vez a lhes chamar inimigos, havendo tantas razões, ainda da mesma natureza, para o não serem), lerão aqui com boa conjectura as promessas e decretos divinos, provada a verdade dos futuros com a experiência dos passados»'· Vieira ao mencionar «as promessas e decretos divinos» evoca naturalmente o Bandarra, S. Frei Gil e outras profecias mas sobretudo a aludida aparição de Cristo a D. Afonso Henriques, lenda persistente que só desapareceu definitivamente da nossa narrativa no século XIX com as investigações históricas de Alexandre Herculano. Mas de facto essas lendas, então tomadas a sério, muito contribuíram para a generalizada aceitação da nossa independência, aquém e além-mar, proclamada pelos quarenta fidalgos em Lisboa. Aliás esta mesma moda de lendas proféticas igualmente invadia a literatura castelhana contra Portugal e Vieira, no capítulo VIII, ao refutá-las, escreve: «De maneira que quando as profecias de Portugal profetizam que Portugal se há-de juntar a Castela, são profecias; e quando as profecias profetizam que Portugal se há-de tornar a separar de Castela e se há-de restituir à liberdade, não são profecias!".Conselho Cultural da Universidade do Minho2021-02-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttps://revistas.uminho.pt/index.php/forum/article/view/3285Forum; N.º 22 (1997); 3-90871-0422reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttps://revistas.uminho.pt/index.php/forum/article/view/3285https://revistas.uminho.pt/index.php/forum/article/view/3285/3288Silva, Lúcio Craveiro dainfo:eu-repo/semantics/openAccess2023-03-23T16:55:49Zoai:journals.uminho.pt:article/3285Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:45:49.870110Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte Barroca
title António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte Barroca
spellingShingle António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte Barroca
Silva, Lúcio Craveiro da
title_short António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte Barroca
title_full António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte Barroca
title_fullStr António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte Barroca
title_full_unstemmed António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte Barroca
title_sort António Vieira na "Prosperidade" da Revolução e a Arte Barroca
author Silva, Lúcio Craveiro da
author_facet Silva, Lúcio Craveiro da
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Silva, Lúcio Craveiro da
description Um trecho muito interessante da Hístória do Futuro do Padre António Vieira é a análise que ele desenvolve no «Capítulo VII do Livro Primeiro» sobre a situação política, militar, económica, artística e de algum modo até sociológica de Portugal nos 25 anos seguintes a 1640. Este capítulo é originariamente dirigido aos espanhóis ou castelhanos pois ele declara no inicio: «A lição desta História pode ser igualmente útil e proveitosa aos inimigos, se, deixada a dissonância e escândalo deste nome. quiserem antes ser companheiros de nossas felicidades, que padecê-las dobradamente na dor e inveja dos émulos.Lerão aqui nossos vizinhos e confinantes (que muito a pesar meu sou forçado alguma vez a lhes chamar inimigos, havendo tantas razões, ainda da mesma natureza, para o não serem), lerão aqui com boa conjectura as promessas e decretos divinos, provada a verdade dos futuros com a experiência dos passados»'· Vieira ao mencionar «as promessas e decretos divinos» evoca naturalmente o Bandarra, S. Frei Gil e outras profecias mas sobretudo a aludida aparição de Cristo a D. Afonso Henriques, lenda persistente que só desapareceu definitivamente da nossa narrativa no século XIX com as investigações históricas de Alexandre Herculano. Mas de facto essas lendas, então tomadas a sério, muito contribuíram para a generalizada aceitação da nossa independência, aquém e além-mar, proclamada pelos quarenta fidalgos em Lisboa. Aliás esta mesma moda de lendas proféticas igualmente invadia a literatura castelhana contra Portugal e Vieira, no capítulo VIII, ao refutá-las, escreve: «De maneira que quando as profecias de Portugal profetizam que Portugal se há-de juntar a Castela, são profecias; e quando as profecias profetizam que Portugal se há-de tornar a separar de Castela e se há-de restituir à liberdade, não são profecias!".
publishDate 2021
dc.date.none.fl_str_mv 2021-02-18
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://revistas.uminho.pt/index.php/forum/article/view/3285
url https://revistas.uminho.pt/index.php/forum/article/view/3285
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://revistas.uminho.pt/index.php/forum/article/view/3285
https://revistas.uminho.pt/index.php/forum/article/view/3285/3288
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Conselho Cultural da Universidade do Minho
publisher.none.fl_str_mv Conselho Cultural da Universidade do Minho
dc.source.none.fl_str_mv Forum; N.º 22 (1997); 3-9
0871-0422
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799131541447639040