Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Henríquez Zuñiga, Christian Eduardo
Data de Publicação: 2012
Outros Autores: Pilquiman Vera, Marisela, Skewes, Juan Carlos, Sampaio, Carlos Alberto Cioce
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Brasileira de Ecoturismo
Texto Completo: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6033
Resumo: A revitalização de espaços e elementos simbólicos, conjuntamente a governança de territórios habitados é uma prioridade dos povos originários da America Latina, diante de uma historia de repressão cultural. Estes, por sua vez, tentam conservar elementos próprios de sua cultura. Contudo, esse esforço não é tarefa fácil quando há o predomínio da cultura ocidental, pretensiosamente homogênea, com traços urbanos e materialistas. Os Mapuches se encontram em uma situação de precariedade no Chile, são discursivamente descontextualizados e desterritorializados. A problemática esta dada pelas disputas e imposições sobre uso e acessos a recursos naturais, neste caso, a qualidade da água, o que altera e condiciona a cotidianidade da comunidade indígena. Neste contexto o presente trabalho objetiva dar conta de uma experiência na qual se procurou avançar na identificação e priorização das demandas da comunidade de Tralcao para respondê-las a partir de uma proposta de turismo de base comunitária (TBC). Metodologicamente, trabalhou-se com pesquisa-ação participante, a partir de oficinas e observações de campo. Realizou-se um transecto com estudantes do ensino médio que participam do Projeto Pré-Honra de Ecolíderes, universitários que compõem o Programa de Honra em Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano Sustentável, no âmbito da Universidade Austral do Chile, e membros da comunidade indígena de Tralcao. O transecto baseia-se na coleta de dados ao longo de uma caminhada de reconhecimento do território mediante observações sistemáticas sobre modos de vida e biodiversidade. O eixo articulador do turismo de base comunitária (TBC) se sustentou a partir da comunidade, convivialidade e cotidianidade mapuche, na qual se deseja conservar seus modos de vida e preservar a biodiversidade territorial, construindo de maneira solidária propostas de turismo como alternativa para resgatar, difundir e conservar o mundo mapuche. Não se deseja transformar comunidades em aldeias paradisíacas, no sentido de espetacularizá-las. O TBC pode ser utilizado como um arranjo pedagógico que melhor qualifica a educação ambiental, no sentido de formar cidadãos proativos, ao contrário de seres passivos, utilizando-se de trilhas interpretativas de paisagens naturais associadas a paisagens construídas. ABSTRACT The revitalization of the symbolic spaces and elements, along with the governability of the inhabited territories, are a priority among the original peoples of Latin America in the context of a history of cultural repression, who try to retain their identity. However, such an effort is far from easy under the hegemony of a Western culture that aims to impose homogeneity, materialism and urbanism to indigenous societies. The Mapuche live under a situation of vulnerability in Chile, discursively decontextualized and deterritorialized. The problem arises from the disputes and restrictions over Access and use of natural resources, and in this case, over the quality of water that conditions and modifies indigenous community everyday life. In this context, this paper informs about an experience through which it was aimed to create instances to identify, promote and prioritize the Tralcao community’s claims, while generating new ways of inter and transdiciplinary knowledge to confront such claims including a proposal of community based tourism (CBT) as a practical engagement in the process. This experience was worked by means of participatory research, from office work and field observations. With a group of high school and university students along with members of the local community, a transect was designed and studied. Participants of this experience were students of the Honors Program in environmental Studies of the Universidad Austral de Chile, the Pre-Honors Project of Eco leaders, and the community of Tralcao. The transect consisted in the gathering of environmental information through a walk of recognition of the community territory about the ways of life and biodiversity. Community based tourism is based upon hospitality, everyday life and sharing and it aims the conservation of local ways of life and the protection of biodiversity. It ambitions to design tourism as a strategy for rescuing, disseminating and conserving the Mapuche world. It avoids, however, the exhibition of such world as paradisiacal. The CBT may be used as a pedagogical method for providing environmental education, thus, contributing to the formation of citizens rather than passive individuals. In so doing, it recognizes the signals that are inscribed in the natural landscapes associated with the built environment. Keywords: Community based tourism; Mapuches communities; Hospitality and everyday life.
id SBECOTUR-1_1295ea7ff45070a4cf126d20f565d56d
oai_identifier_str oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/6033
network_acronym_str SBECOTUR-1
network_name_str Revista Brasileira de Ecoturismo
repository_id_str
spelling Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do ChileA revitalização de espaços e elementos simbólicos, conjuntamente a governança de territórios habitados é uma prioridade dos povos originários da America Latina, diante de uma historia de repressão cultural. Estes, por sua vez, tentam conservar elementos próprios de sua cultura. Contudo, esse esforço não é tarefa fácil quando há o predomínio da cultura ocidental, pretensiosamente homogênea, com traços urbanos e materialistas. Os Mapuches se encontram em uma situação de precariedade no Chile, são discursivamente descontextualizados e desterritorializados. A problemática esta dada pelas disputas e imposições sobre uso e acessos a recursos naturais, neste caso, a qualidade da água, o que altera e condiciona a cotidianidade da comunidade indígena. Neste contexto o presente trabalho objetiva dar conta de uma experiência na qual se procurou avançar na identificação e priorização das demandas da comunidade de Tralcao para respondê-las a partir de uma proposta de turismo de base comunitária (TBC). Metodologicamente, trabalhou-se com pesquisa-ação participante, a partir de oficinas e observações de campo. Realizou-se um transecto com estudantes do ensino médio que participam do Projeto Pré-Honra de Ecolíderes, universitários que compõem o Programa de Honra em Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano Sustentável, no âmbito da Universidade Austral do Chile, e membros da comunidade indígena de Tralcao. O transecto baseia-se na coleta de dados ao longo de uma caminhada de reconhecimento do território mediante observações sistemáticas sobre modos de vida e biodiversidade. O eixo articulador do turismo de base comunitária (TBC) se sustentou a partir da comunidade, convivialidade e cotidianidade mapuche, na qual se deseja conservar seus modos de vida e preservar a biodiversidade territorial, construindo de maneira solidária propostas de turismo como alternativa para resgatar, difundir e conservar o mundo mapuche. Não se deseja transformar comunidades em aldeias paradisíacas, no sentido de espetacularizá-las. O TBC pode ser utilizado como um arranjo pedagógico que melhor qualifica a educação ambiental, no sentido de formar cidadãos proativos, ao contrário de seres passivos, utilizando-se de trilhas interpretativas de paisagens naturais associadas a paisagens construídas. ABSTRACT The revitalization of the symbolic spaces and elements, along with the governability of the inhabited territories, are a priority among the original peoples of Latin America in the context of a history of cultural repression, who try to retain their identity. However, such an effort is far from easy under the hegemony of a Western culture that aims to impose homogeneity, materialism and urbanism to indigenous societies. The Mapuche live under a situation of vulnerability in Chile, discursively decontextualized and deterritorialized. The problem arises from the disputes and restrictions over Access and use of natural resources, and in this case, over the quality of water that conditions and modifies indigenous community everyday life. In this context, this paper informs about an experience through which it was aimed to create instances to identify, promote and prioritize the Tralcao community’s claims, while generating new ways of inter and transdiciplinary knowledge to confront such claims including a proposal of community based tourism (CBT) as a practical engagement in the process. This experience was worked by means of participatory research, from office work and field observations. With a group of high school and university students along with members of the local community, a transect was designed and studied. Participants of this experience were students of the Honors Program in environmental Studies of the Universidad Austral de Chile, the Pre-Honors Project of Eco leaders, and the community of Tralcao. The transect consisted in the gathering of environmental information through a walk of recognition of the community territory about the ways of life and biodiversity. Community based tourism is based upon hospitality, everyday life and sharing and it aims the conservation of local ways of life and the protection of biodiversity. It ambitions to design tourism as a strategy for rescuing, disseminating and conserving the Mapuche world. It avoids, however, the exhibition of such world as paradisiacal. The CBT may be used as a pedagogical method for providing environmental education, thus, contributing to the formation of citizens rather than passive individuals. In so doing, it recognizes the signals that are inscribed in the natural landscapes associated with the built environment. Keywords: Community based tourism; Mapuches communities; Hospitality and everyday life.Universidade Federal de São Paulo2012-01-30info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/603310.34024/rbecotur.2012.v5.6033Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur); v. 5 n. 1 (2012): janeiro-abril/2012Brazilian Journal of Ecotourism; Vol. 5 No. 1 (2012): janeiro-abril/2012Revista Brasileña de Ecoturismo; Vol. 5 Núm. 1 (2012): janeiro-abril/20121983-9391reponame:Revista Brasileira de Ecoturismoinstname:Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)instacron:SBECOTURporhttps://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6033/3893Henríquez Zuñiga, Christian EduardoPilquiman Vera, MariselaSkewes, Juan CarlosSampaio, Carlos Alberto Cioceinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-09-24T12:32:04Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/6033Revistahttps://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/indexPUBhttp://www.sbecotur.org.br/rbecotur/seer/index.php/ecoturismo/oai||zneiman@gmail.com1983-93911983-9391opendoar:2021-09-24T12:32:04Revista Brasileira de Ecoturismo - Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)false
dc.title.none.fl_str_mv Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile
title Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile
spellingShingle Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile
Henríquez Zuñiga, Christian Eduardo
title_short Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile
title_full Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile
title_fullStr Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile
title_full_unstemmed Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile
title_sort Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile
author Henríquez Zuñiga, Christian Eduardo
author_facet Henríquez Zuñiga, Christian Eduardo
Pilquiman Vera, Marisela
Skewes, Juan Carlos
Sampaio, Carlos Alberto Cioce
author_role author
author2 Pilquiman Vera, Marisela
Skewes, Juan Carlos
Sampaio, Carlos Alberto Cioce
author2_role author
author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Henríquez Zuñiga, Christian Eduardo
Pilquiman Vera, Marisela
Skewes, Juan Carlos
Sampaio, Carlos Alberto Cioce
description A revitalização de espaços e elementos simbólicos, conjuntamente a governança de territórios habitados é uma prioridade dos povos originários da America Latina, diante de uma historia de repressão cultural. Estes, por sua vez, tentam conservar elementos próprios de sua cultura. Contudo, esse esforço não é tarefa fácil quando há o predomínio da cultura ocidental, pretensiosamente homogênea, com traços urbanos e materialistas. Os Mapuches se encontram em uma situação de precariedade no Chile, são discursivamente descontextualizados e desterritorializados. A problemática esta dada pelas disputas e imposições sobre uso e acessos a recursos naturais, neste caso, a qualidade da água, o que altera e condiciona a cotidianidade da comunidade indígena. Neste contexto o presente trabalho objetiva dar conta de uma experiência na qual se procurou avançar na identificação e priorização das demandas da comunidade de Tralcao para respondê-las a partir de uma proposta de turismo de base comunitária (TBC). Metodologicamente, trabalhou-se com pesquisa-ação participante, a partir de oficinas e observações de campo. Realizou-se um transecto com estudantes do ensino médio que participam do Projeto Pré-Honra de Ecolíderes, universitários que compõem o Programa de Honra em Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano Sustentável, no âmbito da Universidade Austral do Chile, e membros da comunidade indígena de Tralcao. O transecto baseia-se na coleta de dados ao longo de uma caminhada de reconhecimento do território mediante observações sistemáticas sobre modos de vida e biodiversidade. O eixo articulador do turismo de base comunitária (TBC) se sustentou a partir da comunidade, convivialidade e cotidianidade mapuche, na qual se deseja conservar seus modos de vida e preservar a biodiversidade territorial, construindo de maneira solidária propostas de turismo como alternativa para resgatar, difundir e conservar o mundo mapuche. Não se deseja transformar comunidades em aldeias paradisíacas, no sentido de espetacularizá-las. O TBC pode ser utilizado como um arranjo pedagógico que melhor qualifica a educação ambiental, no sentido de formar cidadãos proativos, ao contrário de seres passivos, utilizando-se de trilhas interpretativas de paisagens naturais associadas a paisagens construídas. ABSTRACT The revitalization of the symbolic spaces and elements, along with the governability of the inhabited territories, are a priority among the original peoples of Latin America in the context of a history of cultural repression, who try to retain their identity. However, such an effort is far from easy under the hegemony of a Western culture that aims to impose homogeneity, materialism and urbanism to indigenous societies. The Mapuche live under a situation of vulnerability in Chile, discursively decontextualized and deterritorialized. The problem arises from the disputes and restrictions over Access and use of natural resources, and in this case, over the quality of water that conditions and modifies indigenous community everyday life. In this context, this paper informs about an experience through which it was aimed to create instances to identify, promote and prioritize the Tralcao community’s claims, while generating new ways of inter and transdiciplinary knowledge to confront such claims including a proposal of community based tourism (CBT) as a practical engagement in the process. This experience was worked by means of participatory research, from office work and field observations. With a group of high school and university students along with members of the local community, a transect was designed and studied. Participants of this experience were students of the Honors Program in environmental Studies of the Universidad Austral de Chile, the Pre-Honors Project of Eco leaders, and the community of Tralcao. The transect consisted in the gathering of environmental information through a walk of recognition of the community territory about the ways of life and biodiversity. Community based tourism is based upon hospitality, everyday life and sharing and it aims the conservation of local ways of life and the protection of biodiversity. It ambitions to design tourism as a strategy for rescuing, disseminating and conserving the Mapuche world. It avoids, however, the exhibition of such world as paradisiacal. The CBT may be used as a pedagogical method for providing environmental education, thus, contributing to the formation of citizens rather than passive individuals. In so doing, it recognizes the signals that are inscribed in the natural landscapes associated with the built environment. Keywords: Community based tourism; Mapuches communities; Hospitality and everyday life.
publishDate 2012
dc.date.none.fl_str_mv 2012-01-30
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6033
10.34024/rbecotur.2012.v5.6033
url https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6033
identifier_str_mv 10.34024/rbecotur.2012.v5.6033
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6033/3893
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur); v. 5 n. 1 (2012): janeiro-abril/2012
Brazilian Journal of Ecotourism; Vol. 5 No. 1 (2012): janeiro-abril/2012
Revista Brasileña de Ecoturismo; Vol. 5 Núm. 1 (2012): janeiro-abril/2012
1983-9391
reponame:Revista Brasileira de Ecoturismo
instname:Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)
instacron:SBECOTUR
instname_str Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)
instacron_str SBECOTUR
institution SBECOTUR
reponame_str Revista Brasileira de Ecoturismo
collection Revista Brasileira de Ecoturismo
repository.name.fl_str_mv Revista Brasileira de Ecoturismo - Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)
repository.mail.fl_str_mv ||zneiman@gmail.com
_version_ 1799138609302863872