Relação entre o trauma na infância e a variante Val 158 Met da COMT na saúde mental de crianças e jovens adultos.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silveira, Janaína Xavier da
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpel
Texto Completo: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/956
Resumo: Introdução: As experiências traumáticas da infância ocorrem em situações de maustratos ocasionados por estresse mental, emocional ou físico. Essas experiências estão associadas ao desenvolvimento de problemas comportamentais/emocionais e transtornos psiquiátricos, como a depressão. O impacto negativo do trauma na infância não se limita somente ao indivíduo que o experiencia, mas também se estende às gerações subsequentes, sendo de grande interesse para pesquisa em saúde mental. O impacto tanto geracional como intergeracional do trauma na infância parece interagir com os genes envolvidos no sistema dopaminérgico como o gene da Catecol-o-Metiltransferase (COMT). O polimorfismo funcional Val158Met neste gene, vem sendo amplamente estudado no contexto de psicopatologias. Objetivo: Explorar os efeitos geracionais e intergeracionais do trauma na infância e sua interação com o polimorfismo Val 158Met do gene da COMT em problemas psicocomportamentais, avaliando crianças e jovens adultos. Dois artigos científicos foram então desenvolvidos, o primeiro avaliou a interação do polimorfismo Val158Met com o trauma infantil na depressão, enquanto o segundo investigou o efeito interativo do polimorfismo Val 158Met da criança com o trauma materno infantil em problemas emocionais e comportamentais de seus filhos. Métodos: Para realização do primeiro artigo, foi utilizado um estudo transversal de base populacional com jovens adultos entre 18 a 35 anos de idade, o qual incluiu 1136 participantes da cidade de Pelotas–Brasil. O diagnóstico de depressão foi realizado por meio do Mini International Neuropsychiatric Interview 5.0 (MINI 5.0), e o trauma foi avaliado com o questionário de trauma infantil (QUESI). Já para realização do segundo artigo utilizamos uma coorte de base populacional que acompanha gestantes adolescentes e seus filhos. Foram avaliadas 310 díades mãe-filho, mães entre a 200 e 220 semanas de gestação, e seus filhos aos 4 a 5 anos e 11 meses de idade. Avaliamos os problemas comportamentais das crianças através do instrumento Child Behavior Checklist (CBCL), e o trauma materno foi avaliado com o QUESI. Para realização de ambos os artigos a genotipagem do polimorfismo por PCR em tempo real foi realizado a partir do DNA total dos indivíduos. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS 22.0. Resultados: No primeiro artigo não foi encontrado associação direta entre o polimorfismo e o diagnóstico de depressão. Entretanto, o trauma infantil modificou o efeito desse polimorfismo em homens conferindo risco para depressão em portadores do alelo-Met [OR=2,58 (IC 95%:1,05-6,29); p=0,038]. No segundo artigo também não houve associação direta entre o polimorfismo Val158Met com os problemas de comportamento nas crianças. No entanto, quando considerado o trauma materno infantil observamos uma interação entre ele e o polimorfismo Val 158Met com problemas de comportamento externalizantes (log Odds= -1,680; SE=0,723; p=0,020) e problemas totais (log Odds= -1,534; SE=0,751; p=0,041). Crianças portadores do genótipo Val/Met cujas mães foram expostas a eventos traumáticos na infância foram menos propensos a desenvolver problemas externalizantes e totais quando comparados com crianças homozigotos (Val/Val e Met/Met). Para os problemas internalizantes encontramos um valor de tendência (p=0,058). Conclusão: Esses achados reforçam as evidências sobre o impacto do trauma infantil na saúde mental ao longo da vida, demonstrando um importante papel do background genético dos diferentes genótipos do polimorfismo Val158Met no gene da COMT em resposta aos eventos traumáticos.
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O impacto tanto geracional como intergeracional do trauma na infância parece interagir com os genes envolvidos no sistema dopaminérgico como o gene da Catecol-o-Metiltransferase (COMT). O polimorfismo funcional Val158Met neste gene, vem sendo amplamente estudado no contexto de psicopatologias. Objetivo: Explorar os efeitos geracionais e intergeracionais do trauma na infância e sua interação com o polimorfismo Val 158Met do gene da COMT em problemas psicocomportamentais, avaliando crianças e jovens adultos. Dois artigos científicos foram então desenvolvidos, o primeiro avaliou a interação do polimorfismo Val158Met com o trauma infantil na depressão, enquanto o segundo investigou o efeito interativo do polimorfismo Val 158Met da criança com o trauma materno infantil em problemas emocionais e comportamentais de seus filhos. Métodos: Para realização do primeiro artigo, foi utilizado um estudo transversal de base populacional com jovens adultos entre 18 a 35 anos de idade, o qual incluiu 1136 participantes da cidade de Pelotas–Brasil. O diagnóstico de depressão foi realizado por meio do Mini International Neuropsychiatric Interview 5.0 (MINI 5.0), e o trauma foi avaliado com o questionário de trauma infantil (QUESI). Já para realização do segundo artigo utilizamos uma coorte de base populacional que acompanha gestantes adolescentes e seus filhos. Foram avaliadas 310 díades mãe-filho, mães entre a 200 e 220 semanas de gestação, e seus filhos aos 4 a 5 anos e 11 meses de idade. Avaliamos os problemas comportamentais das crianças através do instrumento Child Behavior Checklist (CBCL), e o trauma materno foi avaliado com o QUESI. Para realização de ambos os artigos a genotipagem do polimorfismo por PCR em tempo real foi realizado a partir do DNA total dos indivíduos. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS 22.0. Resultados: No primeiro artigo não foi encontrado associação direta entre o polimorfismo e o diagnóstico de depressão. Entretanto, o trauma infantil modificou o efeito desse polimorfismo em homens conferindo risco para depressão em portadores do alelo-Met [OR=2,58 (IC 95%:1,05-6,29); p=0,038]. No segundo artigo também não houve associação direta entre o polimorfismo Val158Met com os problemas de comportamento nas crianças. No entanto, quando considerado o trauma materno infantil observamos uma interação entre ele e o polimorfismo Val 158Met com problemas de comportamento externalizantes (log Odds= -1,680; SE=0,723; p=0,020) e problemas totais (log Odds= -1,534; SE=0,751; p=0,041). Crianças portadores do genótipo Val/Met cujas mães foram expostas a eventos traumáticos na infância foram menos propensos a desenvolver problemas externalizantes e totais quando comparados com crianças homozigotos (Val/Val e Met/Met). Para os problemas internalizantes encontramos um valor de tendência (p=0,058). Conclusão: Esses achados reforçam as evidências sobre o impacto do trauma infantil na saúde mental ao longo da vida, demonstrando um importante papel do background genético dos diferentes genótipos do polimorfismo Val158Met no gene da COMT em resposta aos eventos traumáticos.Introduction: Traumatic childhood experiences occur in situations of maltreatment caused by mental, emotional, or physical stress. These experiences are associated with the development of behavioral/emotional problems and psychiatric disorders such as depression. The negative impact of childhood trauma is not only limited to the individual who experiences it, but also extends to subsequent generations, and is of great interest for mental health research. Both the generational and intergenerational impact of childhood trauma appears to interact with genes involved in the dopaminergic system such as the Catechol-o-methyltransferase (COMT) gene. The Val158Met functional polymorphism in this gene, has been widely studied in the context of psychopathologies. Objective: To explore the generational and intergenerational effects of childhood trauma and its interaction with the Val158Met polymorphism of the COMT gene on psychobehavioral problems, evaluating children and young adults. Two scientific articles were then developed, the first evaluated the interaction of Val158Met polymorphism with childhood trauma in depression, while the second investigated the interactive effect of child Val158Met polymorphism with maternal childhood trauma on emotional and behavioral problems of their children. Methods: For the first article, we used a population-based cross-sectional study with young adults aged 18-35 years, which included 1136 participants from the city of Pelotas-Brazil. The diagnosis of depression was made by using the Mini International Neuropsychiatric Interview 5.0 (MINI 5.0), and trauma was assessed with the questionnaire of childhood trauma (QUESI). For the second article, we used a population-based cohort of adolescent pregnant women and their children. We evaluated 310 mother-child dyads, mothers between 20º and 22º weeks of gestation, and their children at 4 to 5 years and 11 months. We assessed children's behavioral problems using the Child Behavior Checklist (CBCL) instrument, and maternal trauma was assessed with the QUESI. For both items, real-time PCR polymorphism genotyping was performed from the total DNA of the subjects. Statistical analyses were performed in SPSS 22.0 software. Results: In the first article, no direct association was found between the polymorphism and the diagnosis of depression. However, childhood trauma changed the effect of this polymorphism in men, conferring risk for depression in carriers of the Met-allele [OR=2.58 (95% CI:1.05-6.29); p=0.038]. In the second article, there was also no direct association between the Val158Met polymorphism and behavior problems in children. However, when infant maternal trauma was considered, we observed an interaction between it and the Val158Met polymorphism with externalizing behavior problems (log Odds= -1.680; SE=0.723; p=0.020) and total problems (log Odds= -1.534; SE=0.751; p=0.041). Children carrying the Val/Met genotype whose mothers were exposed to traumatic events in childhood were less likely to develop externalizing and total problems when compared to homozygous children (Val/Val and Met/Met). For internalizing problems, we found a trend value (p=0.058). Conclusion: These findings reinforce the evidence on the impact of childhood trauma on mental health throughout life, demonstrating an important role of the genetic background of different genotypes of the Val158Met polymorphism in the COMT gene in response to traumatic events.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Catolica de PelotasCentro de Ciencias da SaudeBrasilUCPelPrograma de Pos-Graduacao em Saude ComportamentoGhisleni, Gabriele CordenonziBastos, Clarissa RibeiroBonati, Mariana de MatosRosa, Laisa Carmerini daSilveira, Janaína Xavier da2022-10-06T18:33:37Z2022-08-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSilveira, Janaína Xavier. Relação entre o trauma na infância e a variante Val 158 Met da COMT na saúde mental de crianças e jovens adultos.. 2022. 142 f. 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